Fralía anuncia expansão e promete triplicar produção de cacau em Minas até 2026

Especializada no segmento de semiprocessados de cacau, oferecendo pó e manteiga de cacau de alta qualidade para parceiros e indústrias do Brasil e do mundo, a Fralía Cacau do Brasil passa por um ousado processo de expansão que vai permitir que a empresa triplique a atual produção, alcançando a marca de mil toneladas de produtos acabados por mês até o fim de 2026.
As obras de expansão da unidade produtiva de São Gonçalo do Rio Abaixo (região Central) começam em setembro, ao custo de R$ 20 milhões. A área construída saltará de 3.000 m² para 10.000 m² nesta primeira fase, com potencial de ultrapassar 20.000 m². O passo seguinte será a construção de um novo laboratório de pesquisa e desenvolvimento (P&D), focado em aplicações para panificação e lácteos, um hub logístico ligado à BR-381, que deve reduzir em 30% o tempo de entrega, e o Programa Fralía Escudo, que protege clientes da volatilidade internacional do cacau.
De acordo com o CEO da Fralía, Matheus Pedrosa, a história da família com o cacau começou há mais de 20 anos, com uma fábrica de chocolates fundada pelo pai.
“Meu pai teve uma fábrica de chocolates e percebeu que, como uma empresa pequena, não poderia ficar à mercê do mercado internacional, e começou a produzir o próprio cacau. Quando o negócio foi vendido, negociamos para continuarmos a ser o fornecedor do novo proprietário. Assim surgiu a Imperial Cacau há 20 anos. Em 2017, assumi o negócio para liderar um novo ciclo de profissionalização e criamos a marca Fralía”, relembra Pedrosa.
O objetivo, a partir de então, passou a ser incentivar o cultivo de cacau em Minas. Com base em um projeto desenvolvido pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), no Norte de Minas, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), a empresa passou a apoiar cadeias produtivas locais, com destaque para o Projeto Jaíba, que fortalece a produção de cacau em Janaúba, Jaíba e Matias Cardoso, também no Norte de Minas. A meta é que, em cinco anos, 60% do cacau consumido pela Fralía seja cultivado no Estado.
O atual ciclo de expansão da Fralía prevê também o lançamento de novos produtos derivados de cacau, como líquor, e a diversificação da linha de pós de cacau. A expectativa é que, dos atuais 65 postos de trabalho, a empresa chegue a 80 no próximo ano.

“Nosso objetivo é ajudar a desenvolver a cadeia produtiva do cacau em Minas, criando uma nova centralidade fora do Norte e Nordeste e, assim, levar diversificação econômica para as cidades mineiras e tornar os produtos mais baratos, diminuindo os custos com transporte e distribuição”, destaca.
O desempenho da Fralía está ligado ao Prospera+, Programa de Diversificação Econômica de São Gonçalo do Rio Abaixo, composto por um conjunto de políticas públicas com a proposta de atrair investimentos para transformar e diversificar a economia da cidade. Estruturado com base em vocações locais e aliado à gestão estratégica do poder Executivo, o programa tem criado as condições ideais para o fortalecimento contínuo do setor produtivo.
Tarifaço não atinge Fralía
Ainda que não tenha sido alcançada pelas sobretaxas impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros, já que não exporta para aquele país e trabalha com insumos nacionais, o empresário vê alguns elos da cadeia sofrendo. Ele entende, porém, que o mercado interno vive um momento de desenvolvimento com o Plano Inova Cacau 2030, implementado pelo Ministério da Agricultura.
“Importamos cacau, mas o Inova Cacau 2030 quer colocar o Brasil no cenário internacional como exportador. Os resultados atuais indicam que seremos autossuficientes já em 2028. Os maiores produtores hoje estão no continente africano, e eles vivem um problema estrutural sério. O país que reúne clima, tecnologia, logística e volume para ser o principal fornecedor mundial é o Brasil, e Minas Gerais pode ter um papel de destaque nisso”, avalia.
Além do chamado cacau commodity, o Brasil também tem desenvolvido, a exemplo do café, cacaus especiais, voltados para um mercado gourmet que tem chamado a atenção e cresce em todo o mundo.
“Esse movimento está crescendo porque está ligado à saudabilidade. A produção de lotes especiais está ligada mais à qualidade do que ao volume. O Brasil tem tecnologia e porte para se dedicar ao mercado como um todo, não só aos gourmets. Para os semiprocessados, existe uma oportunidade no volume”, completa o CEO da Fralía.
Fralía Cacau em expansão
- Investimento: R$ 20 milhões
- Local: São Gonçalo do Rio Abaixo (região Central de Minas)
- Área construída: de 3.000 m² para 10.000 m² (com potencial de chegar a 20.000 m²)
- Produção: meta de mil toneladas/mês de produtos acabados até 2026
- Novidades:
- Novo laboratório de P&D para panificação e lácteos
- Hub logístico ligado à BR-381 (redução de 30% no tempo de entrega)
- Programa Fralía Escudo contra volatilidade internacional do cacau
- Cadeia produtiva: apoio a projetos no Norte de Minas (Jaíba, Janaúba e Matias Cardoso)
- Meta agrícola: 60% do cacau consumido pela empresa cultivado em Minas até 2030
- Empregos: de 65 para 80 postos em 2026
- Novos produtos: líquor e diversificação de pós de cacau
- Contexto nacional: Brasil pode ser autossuficiente em cacau em 2028 com o Plano Inova Cacau 2030
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