Negócios

Frio impulsiona comércio de roupas e acessórios em Minas Gerais

Queda da temperatura favorece lojistas que já chegaram a vender cerca de 50% mais frente a 2024
Frio impulsiona comércio de roupas e acessórios em Minas Gerais
Queda na temperatura, festas juninas e julinas, além das férias, ajudaram a elevar os negócios da Xandy Kids (foto), em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce | Foto: Divulgação Xandy Kids

O frio que tem atingido não só Belo Horizonte, mas boa parte de Minas Gerais nos últimos dias já traz resultados positivos para o setor varejista. O comércio de roupas, calçados e acessórios é um dos que mais comemoram a situação. 

As baixas temperaturas registradas no último final de semana são resultados de uma massa polar vinda do Sul do País, que atua em todo o Estado, e deve permanecer nos próximos dias, conforme previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Na Grande BH a previsão é que as madrugadas registrem 10ºC e máximas de 23ºC, conforme o instituto. 

Segundo o diretor da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio MG) e presidente do Sindicato do Comércio Lojista de Belo Horizonte (Sindilojas), Salvador Ohana, as baixas temperaturas ajudam a aumentar a confiança dos comerciantes e movimentam as vendas positivamente, sobretudo, do setor de vestuário. 

Ele cita uma pesquisa realizada recentemente pela Fecomércio-MG que mostrou que 78% das empresas que participaram do levantamento acreditavam que iriam ser positivamente impactadas pela temporada de frio. “A previsão está se concretizando. Para a gente que é do segmento de roupas, realmente o inverno fez a diferença para quem trabalha com o vestuário. Estamos com as vendas entre 8% a 10% maior”, diz.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


Segundo Ohana, em 2024 não fez frio e as lojas que estocaram tiveram que liquidar seus estoques. “Este ano, ao contrário, muita gente está com falta de produto de inverno”, conta. Se o frio continuar, a expectativa é que as vendas continuam aquecidas até o início de agosto.

No Vale do Rio Doce, a cidade de Governador Valadares, assim como a capital mineira, tem apresentado temperaturas mínimas recordes. Conhecida pelo calor e pela ausência de frio, o inverno mais rigoroso também tem movimentado o setor de vestuário da cidade.

Em junho, a cidade do Leste mineiro marcou a menor mínima registrada no ano, 11,9ºC pela manhã. Número considerado bem abaixo da média da cidade, que gira em torno dos 30ºC. 

A empresária Karine Saltarelli é uma das que comemora a situação. A frente da Xandy Kids há 25 anos, uma loja de roupa infantil, ela conta que já chegou a fazer reposição de inverno, algo que nunca havia feito até então. “É uma cidade muito quente, então, se você faz uma compra e a gente não tem frio, não precisa reposição”, explica. 

As compras para a loja foram feitas em outubro do ano passado e os produtos começaram a chegar em janeiro. Porém em junho, com a chegada do frio, “que não víamos há muito tempo”, Karine Saltareli repôs os estoques.

Na loja dela, as vendas aumentaram cerca de 50% desde que o frio atingiu a cidade.  “Para minha loja, este frio está ótimo. As crianças não podem ficar desprotegidas e com este frio, é mais difícil secar roupa. Então, as mães acabam comprando em mais volume, diz.

A empresária conta ainda que os feriados e as férias de julho também impulsionam as vendas. “Quem vai viajar nesta época, procura roupas mais quentinhas e acessórios de proteção. Além das festas juninas, julinas e exposições que fazem vender muito bem também”, observa. 

Outra empresária que também comemora o frio é Beatriz Silveira, proprietária da B. Rio Modas, de roupa feminina e masculina, há 37 anos na cidade. “Já fiz duas reposições de agasalhos este ano e estamos com uma alta de vendas de 44% em relação ao ano passado”, diz. A expectativa é que com a continuidade do frio, as vendas continuem aquecidas.

Por outro lado, segmentos como sorveterias amargam a sazonalidade. De acordo com a empresária Michele Moreira, da Bia Sorvetes e Açaí, as vendas de picolé chegam a cair 30%. “Sorvete e açaí, nem tanto. A gente percebe que as pessoas pedem mais o petit gateau que vem com um bolinho quente. Mas é nossa realidade. Nesta época do ano o movimento realmente cai”, afirma.

Salvador Ohana disse acreditar que as sazonalidades são épocas que os comerciantes já contam e administram bem. “Elas são compensadas por outros períodos do ano. No caso das sorveterias, ano passado não tivemos frio e elas venderam bem o ano inteiro”, ressalta.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas