“Futuro do trabalho será mais humano”

No contexto de um mundo cada vez mais tecnológico e com processos robotizados, é comum imaginar o futuro do trabalho dominado pelas máquinas. Mas, a verdade é que ele é muito mais humano do que a maioria das pessoas imagina. A conclusão pareceu unânime entre os participantes do Unimed Talks, que trouxe o tema “Futuro do Trabalho”, no dia 5 de junho, no Centro de Inovação da Unimed-BH.
As palavras de boas-vindas do diretor-presidente da Unimed-BH, Samuel Flam, deu o tom do que seria essa discussão sobre essa humanidade no trabalho nas próximas décadas. Ele lembrou que, historicamente, as atividades laborais foram marcadas por uma das características mais humanas da sociedade: a cooperação.
“A cooperação marcou todas as formas de trabalho, desde o humano caçador-coletor até os cargos atuais. Sempre mantemos nossas mentes conectadas e atuando em rede e espero que essa seja a forma como estejamos organizados também no futuro”, disse.
A ideia de que o futuro do trabalho é muito mais humano do que digital também foi a defesa de Luiz Arruda, diretor da WGSN Mindset, empresa de pesquisa comportamental. Ele destacou que a tecnologia precisa ser vista como ponte e não fim, pois é justamente ela que ajudará os profissionais a desenvolverem as características que são exclusivas dos seres humanos.
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“Estamos falando de um futuro do trabalho em que as principais características serão empatia, colaboração, criatividade. São competências humanas e que dificilmente seriam aprendidas por robôs”, disse.
Arruda lembrou que é justamente essa riqueza do ser humano que vai ajudar as empresas a inovarem. Nesse sentido, ele frisou a importância dos gestores garantirem a diversidade em sua equipe.
“Garantir diversidade no time é um compromisso social da empresa, mas também é uma estratégia de negócio. É justamente essa diferença que vai garantir a inovação”, destacou.
A diretora de pessoas na ThoughtWorks, Grazi Mendes, foi ainda mais a fundo no tema da humanidade no futuro do trabalho. Ela lembrou que a tecnologia por si só, não tem o poder de ser boa ou má, mas, por outro lado, ela pode amplificar o que há de negativo no ser humano. Como exemplo ela citou um sistema de recrutamento com inteligência artificial da Amazon que só contratava homens.
Outro exemplo que surgiu com a provocação do público foram os aplicativos de transporte, que têm gerado a precarização do trabalho, levando as pessoas a trabalharem 12 horas por dia por uma baixa remuneração.
“Tudo o que a gente não conseguiu resolver na nossa condição de humano pode ser refletido e até amplificado na tecnologia. Então essa é uma questão para pensarmos: as decisões que as máquinas vão tomar vão aumentar as desigualdades sociais? Se sim, esse não é o futuro que queremos. Não dá para criar a tecnologia e depois dizer que não é responsável pelo impacto dela. As empresas do futuro precisam estar preparadas para medir esse impacto e fazer reparações se for necessário”, alertou Grazi Mendes.
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