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Gigantes da tecnologia eliminam programas de diversidade; entenda os motivos

Decisões de Google, Meta e Amazon acendem debate sobre inclusão no mercado de trabalho brasileiro; é preciso repensar a forma como essas áreas são conduzidas nas organizações
Gigantes da tecnologia eliminam programas de diversidade; entenda os motivos
Nos últimos tempos, tema ganhou ainda mais força com debates sobre a presença de profissionais trans no mercado de trabalho | Crédito: Reprodução AdobeStock

O Google anunciou o fim de seus programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos. A decisão foi comunicada internamente na última quarta-feira (5), conforme noticiado pelo “The Wall Street Journal”.

A medida segue o movimento de outras gigantes da tecnologia, que já haviam adotado postura semelhante.

Na segunda-feira (10), a Deloitte anunciou o encerramento de seus programas de diversidade, equidade e inclusão. Além disso, orientou funcionários que atuam em contratos governamentais nos Estados Unidos a remover pronomes de gênero de suas assinaturas de e-mail.

Outra empresa que adotou a linha foi a Meta, que anunciou o fim de seus principais programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) com efeito imediato. A decisão impacta iniciativas voltadas à contratação de profissionais diversos, treinamentos especializados e suporte a empresas de propriedade de minorias. Além disso, o departamento responsável por essas ações será descontinuado.

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Em dezembro de 2024, a Amazon comunicou aos funcionários, por meio de um memorando, que “programas e materiais datados” seriam descontinuados no ano seguinte. Apesar das mudanças, grupos internos formados por funcionários de minorias e comunidades historicamente marginalizadas continuarão operando, incluindo organizações voltadas para pessoas negras, mulheres e veteranos de guerra, entre outros.

Mas e no Brasil, um país marcado por sua diversidade cultural e social? Aqui, questões como inclusão de mulheres, equidade racial, diversidade de gênero e orientação sexual têm sido pautadas há anos, ainda que com avanços lentos e desiguais. Nos últimos tempos, o tema ganhou ainda mais força com debates sobre a presença de profissionais trans no mercado de trabalho e os desafios enfrentados por grupos historicamente marginalizados.

Para o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos em Minas Gerais (ABRH-MG), David Braga, o cenário atual é preocupante. Ele acredita que decisões como a do Google refletem um retrocesso com raízes em movimentos políticos internacionais.

“Abandonar o tema da diversidade é um retrocesso para a sociedade. No entanto, é preciso repensar a forma como essas áreas são conduzidas dentro das organizações. Muitas vezes, quem assume a liderança desses departamentos são pessoas que trazem uma postura mais ativista, o que pode gerar conflitos em vez de engajamento”, afirma.

Segundo ele, a abordagem precisa ser menos acusatória e mais educativa. “Ao invés de conscientizar e construir diálogos, vemos apontamentos de erros, como ‘você demitiu porque ele é mulher’ ou ‘você não contratou porque ele é gay’. Isso não agrega; pelo contrário, segrega.”

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