Governança corporativa e geopolítica global são temas de debate em BH

Com o intuito de debater as boas práticas de governança frente às transformações geopolíticas e climáticas em direção ao desenvolvimento sustentável, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – Capítulo Minas Gerais (IBGC-MG) promoveu na noite do último dia 1º o evento “Conexão Governança”, na sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), no bairro Funcionários (região Centro-Sul), em Belo Horizonte.
Dividido em três painéis, o encontro também comemorou os 30 anos do Instituto com o lançamento do livro “Jornada de Propósito – o IBGC e os 30 anos de governança no Brasil”. A obra narra a história da instituição e a própria evolução do conceito e das práticas de boa governança em um País ainda marcado pela instabilidade político-econômica no final do século passado e que busca a inserção na moderna economia global nas três últimas décadas.
De acordo com o diretor regional do IBGC-MG, Luís Gustavo Miranda, o evento coloca Belo Horizonte na rota das principais discussões sobre governança e o futuro do Brasil em um cenário de insegurança global.
“Estou muito satisfeito com o número de pessoas presentes em um evento como este em Belo Horizonte, que apresentou um nível elevadíssimo entre os debatedores e os temas propostos. Elevamos o sarrafo para eventos de grande porte e que tragam especialistas de referência internacional”, destaca.
No painel “30 anos de governança no IBGC: fortalecendo a governança e a resiliência diante de desafios globais”, a conselheira de administração do IBGC, Cecília Andreucci, trouxe o tema “uma melhor governança para um País melhor” e convidou a gerente de governança e relações com acionistas do Banco Mercantil, Larissa Araújo, para contar sobre o seu trabalho na instituição financeira criada em Minas Gerais há 80 anos.
Governança e comunicação
“Existe uma relação entre governança corporativa, comunicação e inovação. No Mercantil, o fator inovação, que são as ideias que surgem na área de negócios e vão agregar valor de alguma forma, são muito bem vistas. Essas ideias não podem ficar ali, precisam ser avaliadas pelas instâncias corretas e quando elas são bem fundamentadas e surgem como propostas, a pessoa certa tem que tomar a decisão”, observa.
“Além da agilidade e qualidade na tomada de decisão, um fator importantíssimo é a comunicação. Essa decisão tem que ser comunicada pela liderança de modo que a execução também seja ágil”, acrescenta Larissa Araújo.
O segundo painel, “Mudanças climáticas: riscos e oportunidades para as empresas” contou com a participação da diretora de sustentabilidade corporativa da Vale, Heloísa Bortolo; do senior advisor para o Brasil na BlackRock, Carlos Takahashi, e do vice-presidente de regulatory affairs na Stellantis South America, João Irineu Medeiros.
“A sustentabilidade amadureceu. As instituições financeiras seguem dando uma grande importância ao tema. Um ponto importante é verificar como isso está sendo tratado dentro das instituições financeiras. Percebemos, por pesquisa, que existem políticas já implementadas como o código de ética já documentado em boa parte das empresas. Quando a empresa faz esse tipo de implantação significa que ela está assumindo um compromisso formal com relação àquilo. Esse é o primeiro passo em qualquer organização”, pontua Takahashi.
“Hot Topics de Governança: tensões geopolíticas , incerteza econômica e gestão de riscos em um mundo volátil” foi o tema do terceiro painel com o professor da Fundação Dom Cabral (FDC), Carlos Primo Braga; a economista-chefe e head do departamento de research do Banco Inter, Rafaela Vitória; e o presidente do Instituto de Executivos de Finanças (Ibef), Júlio Damião.
“Estamos vivendo um momento de grandes incertezas, seja no Brasil, seja no contexto da economia mundial. Os indicadores de incerteza macroeconômica, indicadores de incerteza geopolítica, todos eles estão em picos que poucas vezes nós vimos na história recente. Posso dizer o que está acontecendo nesse momento em termos das medidas protecionistas nos Estados Unidos, tem implicações dramáticas para todo mundo, inclusive para Minas Gerais”, alerta Braga.
Pacto
O Conexão Governança – Minas Gerais também foi marcado pela assinatura do termo de adesão ao Pacto Estadual pela Governança Corporativa pelas entidades: Fiemg, Associação Comercial e Empresarial de Minas (Acminas), e Federação do Comércio, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio Minas), além do Ibef-MG.
“Esse termo de compromisso é um comprometimento dessas entidades pelo desenvolvimento e difusão das boas práticas de governança corporativa não só internamente nas próprias entidades, mas também entre os associados, para todos aqueles que se relacionam com eles”, comemora o diretor regional do IBGC-Minas.
“Difundir o tema da governança corporativa sempre foi uma preocupação para nós da Fiemg e as entidades são exemplos a serem seguidos. O setor empresarial deve se mirar nas entidades e pensando nisso, parte dos termos do acordo já temos seguido, cumprindo a nossa parte de preparação, divulgação através do IEL (Instituto Euvaldo Lodi). As empresas mineiras têm muito valor, mas, muitas vezes, esbarram justamente na baixa de governança”, avalia o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe.
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