Grupo francês propõe fechar capital do Carrefour Brasil; ações disparam

O grupo francês Carrefour apresentou uma proposta para comprar as ações do Carrefour Brasil detidas por acionistas minoritários e deslistar os papéis da bolsa paulista, o que levou as ações da companhia brasileira a dispararem.
O Carrefour afirmou que a sua controlada no Brasil é um ativo essencial para o grupo e a proposta reflete sua confiança na trajetória de crescimento da unidade e sua firme convicção sobre seu potencial de criação de valor.
A unidade brasileira, que opera as marcas Carrefour, Atacadão e Sam’s Club, responde por cerca de 20% das vendas brutas globais do varejista francês.
A potencial transação será implementada por meio de incorporação das ações do Carrefour Brasil em uma sociedade brasileira detida pelo controlador francês para sua conversão em subsidiária integral.
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Considerando uma das opções aos acionistas apresentadas na proposta em contrapartida das suas participações no varejista brasileiro, o grupo francês pagaria cerca de R$5,3 bilhões para ser o único dono do Carrefour Brasil.
“Esta operação é um marco importante na consolidação da nossa liderança no Brasil, onde temos expandido com um modelo de negócios extremamente competitivo e por meio de uma série de aquisições direcionadas”, afirmou o presidente-executivo do Grupo Carrefour, Alexandre Bompard, em comunicado.
“A compra de todas as ações do Carrefour Brasil completa esta estratégia de construção de uma posição de mercado incontestável e permitirá que nossa gestão local se concentre em impulsionar a excelência operacional e comercial”, acrescentou.
Atualmente, o varejista francês detém 67,4% das ações do Carrefour Brasil. Outros 7,3% pertencem à Península e 25,3% estão em circulação no mercado.
O Carrefour também reafirmou seu compromisso com o Brasil e disse que continuará investindo em seu crescimento e desenvolvimento. Nos últimos anos, o Carrefour Brasil acelerou seu desenvolvimento por meio de crescimento orgânico constante e aquisições crescentes (Makro em 2020, Grupo BIG em 2022).
As ações do varejista brasileiro aceleraram os ganhos na tarde desta terça-feira após a Bloomberg noticiar os planos do controlador, chegando a tocar R$7,65 (+18,6%) após a confirmação da proposta. Nos ajustes de fechamento do pregão, o papel marcava alta de 10,54%, a R$7,13.
O Carrefour Brasil tinha um valor de mercado de R$13,6 bilhões até a véspera, quando a ação fechou negociada a R$6,45 — alta de quase 19% neste ano, mas distante do recorde intradia apurado em 2022, de R$23,02, e do preço de seu IPO em meados de 2017, de R$15.
Reportagem publicada também nesta terça-feira no blog Pipeline, do Valor Econômico, afirmava que a Península já está sondando bancos para vender a participação que detém no grupo brasileiro. O family office da família Diniz também detém uma participação relevante no grupo francês.
O grupo francês disse no comunicado que a transação tem apoio integral da Península e que a family office está certa de que a operação gerará valor a todos os stakeholders.
Segundo o varejista, a Península decidiu optar pela alternativa em ações e, portanto, converterá todas seus papéis brasileiros em ações do Grupo Carrefour.
“A Península indica que essa decisão destaca sua confiança na gestão e na perspectiva do Grupo, assim como seu compromisso como maior acionista do Grupo Carrefour.”
Relação de troca
De acordo com o Carrefour, um comitê independente foi formado há algumas semanas para analisar a oferta proposta aos acionistas minoritários. Após análise, o comitê recomendou que o conselho de administração do Carrefour Brasil endossasse a proposta, o que ocorreu por unanimidade.
Os acionistas minoritários terão três alternativas como contrapartida por suas ações. Uma delas é receber R$7,70 em dinheiro por ação do Carrefour Brasil, outra é receber 1 ação do Grupo Carrefour para cada 11 ações da unidade brasileira, e uma última paga R$3,85 em dinheiro por ação do Carrefour Brasil mais 1 ação do Carrefour para cada 22 ações da controlada brasileira.
Conforme comunicados de ambas as companhias divulgados nesta terça-feira, a proposta oferece um prêmio de 32,4% em relação ao preço médio ponderado por volume (VWAP) das ações do Carrefour Brasil no mês anterior a 10 de fevereiro de 2025.
A expectativa do grupo Carrefour é de que a transação tenha um acréscimo no lucro por ação no primeiro ano.
A conclusão do negócio depende da aprovação dos acionistas minoritários do Carrefour Brasil em Assembleia Geral Extraordinária a ser realizada no segundo trimestre de 2025.
Se aprovada, a transação deverá ser finalizada ainda no primeiro semestre deste ano, segundo o grupo francês.
Analistas do Santander afirmaram em relatório que a oferta do Carrefour vem em momento oportuno, dada a reestruturação em andamento da empresa e seu “valuation” descontado.
Reportagem distribuída pela Reuters
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