GTM Alimentos verticaliza produção de pescados em Minas Gerais

A união entre as empresas GTM Distribuidora, MKT Beneficiadora, ambas com sede em Sarzedo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), e Estância da Tilápia, sediada em Felixlândia, na região Central do Estado, dá origem a uma nova holding especializada na produção de pescados, a GTM Alimentos.
O grupo verticaliza a cadeia produtiva, integrando produção, beneficiamento e comercialização. O objetivo, segundo o diretor de operações da Estância da Tilápia, Pedro Rivelli, é ganhar tração diminuindo o tempo entre as operações com vistas a crescer no mercado nacional e também ganhar novos mercados fora do Brasil.
A Estância da Tilápia faz a engorda de tilápia em tanque rede na represa de Três Marias, às margens do rio São Francisco. A região conta com uma excelente qualidade de água e temperatura, condições naturais ideais para a produção de tilápia. A GTM atua desde 2018 com foco na distribuição de pescados por meio das marcas Bem Fresco e Q-Pescado, com grande presença em Minas Gerais e Espírito Santo, enquanto a MKT é uma empresa com ênfase no beneficiamento de pescados.
As três empresas que juntas têm cerca de 90 colaboradores diretos vão continuar operando em suas bases e a expectativa é de contratações a partir de um plano estratégico que começa a ser traçado agora e que já tem como principal diretriz o aumento da produção do frigorífico que ainda tem capacidade ociosa.
“A Estância da Tilápia mantém o mesmo modelo de produção e segue atendendo os clientes de outros frigoríficos. A partir de agora, passamos a atender com prioridade o frigorífico do grupo, que é o MKT, que dará a linha do nosso planejamento. O espaço é alugado e estamos estudando a possibilidade de ter um próprio também em Sarzedo. O foco maior é em aumentar a produção no frigorífico. Nós temos capacidade de produção e com apenas alguns ajustes teremos produção própria para atender a GTM Distribuidora”, explica Rivelli.
As conversas para a formação da holding levaram cerca de três anos desde os primeiros contatos e levaram em conta um cenário nacional ainda pouco explorado e um mercado global em crescimento.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os brasileiros consomem pouco peixe em relação à média mundial e às recomendações. O consumo per capita de pescados no Brasil é de aproximadamente 10,5 quilos (kg) anuais, enquanto a média mundial é de 20,5 kg, e a Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda no mínimo 12 kg por pessoa ao ano.
Ao mesmo tempo, dados da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) revelam que Minas Gerais ocupa a terceira posição nacional na produção de tilápia, com cerca de 52 mil toneladas anuais, e se destaca como um dos estados com maior potencial de crescimento no setor de pescados.
A tilápia é hoje o peixe mais cultivado no Brasil e em Minas Gerais, com produção de 58,2 mil toneladas em 2023, um crescimento de 13% em relação a 2022, segundo a Peixe BR. O Estado ocupa a 3ª posição nacional na produção, reforçando seu potencial de crescimento diante do interesse crescente do consumidor por proteínas de origem sustentável. A capacidade de produção da Estância Tilápia ultrapassa as 200 toneladas do pescado por mês.
“Em um movimento estratégico para impulsionar a cadeia de valor dos pescados no mercado regional, vamos investir também em comunicação não só por nós, mas unindo a cadeia produtiva do Estado através de uma associação para mostrar o valor do pescado nacional. É difícil compreender porque o Brasil com um litoral gigante e com tantos rios que oferecem uma diversidade incrível coma tão pouco peixe. Não se trata de substituir a carne pelo peixe, mas de incluí-lo na dieta e usufruir das suas inúmeras qualidades”, pontua.
Uma forma eficiente de fazer essa comunicação é através do turismo. A rota turística do pescado em Três Marias, está associada à pesca esportiva e à gastronomia local, aproveitando o vasto Lago de Três Marias e o Rio São Francisco. Passeios de barco exploram a beleza natural, as praias de água doce e os cânions formados pelas águas, enquanto a culinária regional oferece pratos com peixes de rio e frutos exóticos.
“O turista desfruta dos nossos atrativos e leva informação para outros lugares. Isso é muito bom. Temos o maior lago produtor de tilápia do Brasil e quando a gente olha para aquela região, não temos ideia do impacto da cadeia produtiva da tilápia para as pessoas, 30% da população já trabalha com peixe hoje em dia”, afirma o gestor.
Produção de pescados mira exportação
Ainda de acordo com o empresário, a holding já está estruturada para ampliar sua atuação em âmbito nacional e iniciar operações de exportação. O frigorífico será adaptado aos padrões internacionais de qualidade e segurança, abrindo portas para mercados externos e novos canais de venda.
Além do mercado estadunidense – chacoalhado pelas instáveis diretrizes de comércio internacional – a GTM Alimentos mira a distribuição de seus pescados para países da Europa e da África, sem esquecer os vizinhos da América do Sul.
Para atender essa diversidade de mercados, a holding também já trabalha na diversificação da linha de produtos, tanto nas espécies de pescados, como variedade de cortes e tamanho de embalagens.
Hoje a exportação é pelo Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) e a operação no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte (BH Airport), em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), daria competitividade ao setor com a substancial diminuição do tempo de embarque. O produto fresco tem validade de 15 dias e só tem 24 horas entre a pesca e o embarque.
“Temos o privilégio de estarmos em uma posição geográfica muito boa, inclusive para exportação. Queremos abrir uma conversa com o Estado e a administração do aeroporto para traçarmos esse plano. A abertura dessa operação é importante, inclusive para a troca de produtos entre países como no caso da merluza, que vem da Argentina, e do salmão, que vem do Chile, por exemplo”, diz.
“Entendemos que o tarifaço tem um impacto de curto prazo sobre nós porque no segmento de pescados frescos, praticamente não temos concorrentes nos Estados Unidos. No segmento de congelados é difícil competir com a China, mas nos frescos temos uma vantagem muito grande”, acrescenta o diretor de operações da Estância da Tilápia.
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