De pai para filho: relação familiar é segredo de sucesso da Rede Mater Dei

De geração para geração, a relação entre pais e filhos, além de essencial para a formação humana, se mostra decisiva na construção de um legado dos negócios. Exemplo disso é a história do Hospital Mater Dei, uma das principais redes de saúde do País, com origem em Minas Gerais, que segue expandindo pelo Brasil após um processo de sucessão familiar planejado há mais de 30 anos.  

O hospital foi fundado em 1980 por José Salvador Silva, o “Doutor Salvador”. Mais de três décadas depois, em 2011, seu filho, Henrique Salvador, se tornou o presidente responsável pela condução do hospital na segunda geração familiar. E, desde o ano passado, ele deu lugar ao filho José Henrique Salvador, que é o atual CEO da rede.

A história dos três vai muito além da coincidência dos nomes – clara homenagem à figura paterna. “Meu pai é a maior referência de vida que eu tenho: como homem, profissional, médico e empreendedor“, diz Henrique Salvador, ao relembrar a relação com o pai ao longo dos anos.

O patriarca e fundador do hospital, aliás, ainda atua no conselho administrativo da empresa, aos 93 anos de idade. “Meus pais sempre foram uma grande referência e agradeço muito pela base e pelos princípios de honestidade, lealdade, compromisso que me passaram”, comenta.

José Henrique compartilha o mesmo sentimento ao falar do pai, e revela que, desde muito cedo, ele sempre proporcionou ensinamentos em um ambiente de desenvolvimento, sonho e participação dentro de casa.

Henrique Salvador foi uma inspiração para o filho em trabalhos de inclusão social no Hospital Mater Dei e na forma como sempre encarou o trabalho. “As palavras sensibilizam, mas o exemplo que arrasta. Meu pai me ensinou a lutar pelo que é certo e evitar ir pelo caminho errado”, diz o atual CEO. 

Ele destaca que o amor pela família, a forma com que sempre colocou em primeiro lugar os sonhos dos filhos em relação aos seus próprios sonhos, faz do seu pai um exemplo de caráter e determinação. “Aprendi com o meu pai que vale a pena sonhar e que vale a pena sonhar grande”, diz José Henrique.

Processos de sucessão permitem transição tranquila no comando da rede

Henrique Salvador lembra que o projeto sucessório do Hospital Mater Dei foi elaborado em meados dos anos 90, após desafios enfrentados pela gestão na época. “Nos aproximamos da Fundação Dom Cabral (FDC) e fizemos um plano de sucessão, que inclui algumas exigências para que o próximo membro da família tenha condições de galgar planos de liderança”, pontua.

Entre as condições estabelecidas ao sucessor, estão a dedicação em tempo integral à empresa, a realização de uma faculdade alinhada com o negócio, além de um período de trabalho no hospital em cargo de gerência média. Também é necessário um MBA em uma das principais escolas de negócio do mundo, além de um trabalho externo em um negócio de igual ou maior porte por três anos. 

Ao comparar os dois processos de sucessão, Henrique Salvador ressalta que a terceira geração assumiu a gestão da rede de forma mais estruturada que a segunda. Dos quatro filhos, segundo ele, apenas um pode ocupar cargo diretivo na empresa para dar chance que diretores do mercado possam participar. 

“A sucessão não é o evento, é um processo. No nosso caso, é um processo que foi desenvolvido e planejado há 30 anos”, ressalta.

O processo, para o atual CEO, é um atestado de capacitação profissional para que o hospital não seja afetado com as transições. “Em 2026 completo 20 anos de empresa, sendo 11 dedicados à preparação para ser diretor da Rede Mater Dei”, destaca. 

Apesar da dedicação aos processos, ambas as gerações ponderam que a maior prioridade é não deixar de lado o DNA da marca, centrada no paciente e na família. Esse objetivo, segundo eles, é facilitado pela administração em formato familiar, pois cada reunião envolve pautas genuínas de amor pela prosperidade do negócio. 

“A gente gosta daquilo que a gente conhece. O José Henrique me acompanha desde a infância em tudo. Fomos desenvolvendo um vínculo muito grande entre nós”, comenta Henrique Salvador. 

Legado continua com elementos de tradição e modernidade

Para o futuro, o atual CEO garante que pretende carregar o legado da família, aliando tradição e modernidade. Um dos destaques citados por ele é a aquisição em 2021 da empresa de tecnologia “A3 Data”, que segundo ele, tem ajudado na inovação e transformação digital da Rede Mater Dei. 

Para os pacientes, o “Meu Mater Dei” busca construir jornadas digitais pautadas na digitalização e automatização de instrumentos. Além disso, para aperfeiçoar o desenvolvimento de pessoas, foi implementado nos hospitais uma remodelagem de curso de liderança para os gestores com investimento em novos formatos de desenvolvimento de carreiras.

“Temos sempre que ter um olhar voltado para automatizar e, ao mesmo tempo simplificar. Este é um aprendizado trazido pelas gerações anteriores e que busco deixar de legado para o futuro”, conclui.