IA ajuda municípios a prever e conter surtos de doenças tropicais
O uso de inteligência artificial e ciência de dados tem se tornado um aliado estratégico no controle de doenças transmitidas por vetores no Brasil. Aplicações baseadas em análises preditivas permitem que gestores públicos identifiquem áreas de risco e ajam preventivamente contra o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya.
Desenvolvido pela mineira Aero Engenharia, o programa Techdengue combina dados geoespaciais, ambientais e climáticos para apoiar o monitoramento e o controle do vetor. A ferramenta cruza informações coletadas em campo com modelos de análise preditiva, gerando mapas de risco que orientam as equipes municipais nas ações de prevenção e combate.
Com base nas informações geradas, as prefeituras podem priorizar o trabalho de campo e aplicar larvicidas orgânicos e biodegradáveis nas áreas com maior probabilidade de proliferação. O sistema permite acompanhar indicadores de infestação em tempo real e avaliar a efetividade das ações executadas.
“O Techdengue transforma dados em informações aplicáveis à gestão pública. As análises preditivas ajudam a identificar locais com maior chance de criadouros e orientam as equipes na definição de rotas e estratégias de campo”, afirma o CEO da Aero Engenharia, Cláudio Ribeiro.
Cidades que adotaram o Techdengue registraram redução significativa nos focos do mosquito e nos casos de dengue. Entre os exemplos mineiros citados pela empresa estão:
• Matozinhos: queda de 99% nos focos do Aedes aegypti;
• Oliveira: redução de 96% nos casos;
• Igarapé: diminuição de 95%, acima da média estadual;
• Brumadinho: redução de 89%.
Os resultados decorrem do uso contínuo dos dados e do monitoramento ao longo do ano, o que permite antecipar ações antes dos períodos de maior incidência, como nos meses quentes e chuvosos. “O trabalho preventivo precisa ser constante. O acompanhamento das informações permite agir antes que os casos aumentem, mantendo o controle do vetor e reduzindo o impacto na população”, reforça Ribeiro.
Atualmente, o Techdengue cobre mais de 150 mil hectares e atende 600 municípios brasileiros. Em campo, drones aplicam larvicidas com eficácia superior a 95%, utilizando dispensers inteligentes capazes de identificar depósitos ocultos, como caixas d’água e lajes. Os dados são processados por uma plataforma de Business Intelligence, que gera relatórios técnicos e mapas interativos para orientar as ações locais.
O uso da tecnologia tem mostrado impacto direto na eficiência da gestão pública e redução de custos. Segundo levantamento da Aero Engenharia, a prevenção tecnológica custa até 28 vezes menos que o tratamento de surtos de dengue, considerando despesas com internações, medicamentos e ações emergenciais.
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