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Igualdade feminina avança, mas desafios no mercado de trabalho persistem

No primeiro trimestre de 2025, rendimento médio mensal real delas foi 25,3% inferior ao dos homens no Brasil e 33,6% menor em Minas
Igualdade feminina avança, mas desafios no mercado de trabalho persistem
Na indústria, embora a presença feminina venha crescendo desde 2021, o número de homens com vínculo formal ainda foi 120% superior ao de mulheres | Foto: Reprodução Adobe Stock

Na terça-feira, 26 de agosto, foi celebrado o Dia Internacional da Igualdade Feminina. A data marcou a reflexão sobre os avanços da equidade de gênero e, ao mesmo tempo, expôs os desafios que ainda persistem no mercado de trabalho formal no Brasil e em Minas Gerais.

É o que apontou o estudo “Inserção das Mulheres no Mercado de Trabalho: avanço em funções tradicionalmente masculinas”, elaborado pela Gerência de Economia e Finanças Empresariais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

De acordo com o levantamento, as mulheres representavam 44,7% dos vínculos celetistas em 2023 no Brasil. Em Minas, a proporção foi semelhante: 44,8%. Apesar disso, ainda há forte concentração feminina no setor de serviços, único entre os grandes segmentos econômicos em que elas superam os homens em número de vínculos formais.

“O mercado de trabalho formal brasileiro registrou uma participação crescente das mulheres, mas os dados mostram que ainda enfrentamos barreiras estruturais importantes, especialmente nas áreas tradicionalmente ocupadas por homens”, avaliou a coordenadora de Estudos Econômicos da Fiemg, Juliana Gagliardi.

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Mesmo com maior nível de escolaridade, as mulheres continuaram recebendo menos: no primeiro trimestre de 2025, o rendimento médio mensal real delas foi 25,3% inferior ao dos homens no Brasil e 33,6% menor em Minas. Na indústria, embora a presença feminina venha crescendo desde 2021, o número de homens com vínculo formal ainda foi 120% superior ao de mulheres. Em Minas, a diferença foi ainda mais acentuada: 124,1%.

“Apesar da redução progressiva na desigualdade nos últimos anos, o ritmo permanece lento. É preciso incentivar políticas públicas e corporativas que promovam a equidade de oportunidades, sobretudo nas áreas industriais, tecnológicas e logísticas”, defendeu Juliana Gagliardi.

O estudo também analisou a presença feminina em profissões Stem (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), que seguem como espaços majoritariamente masculinos. Em 2023, por exemplo, na área de informática, havia 265% mais homens do que mulheres atuando como profissionais de informática no Brasil. Em Minas, a diferença foi ainda maior: 273%.

No setor de transporte, os dados revelaram disparidades gritantes. Ainda que a quantidade de motoristas mulheres tenha crescido entre 2017 e 2023, os homens representaram mais de 349% dos vínculos no País. A maior discrepância apareceu entre motoristas de veículos de carga, com uma diferença de 8.713% de homens a mais que mulheres no Brasil e 7.315% em Minas.

“A presença feminina cresceu de forma gradual mesmo nas ocupações mais masculinizadas, como na construção civil, na indústria de transformação e no transporte. Isso indica uma mudança cultural importante em curso, mas que precisa ser reforçada com ações concretas”, concluiu.

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