Diamantina, cidade-patrimônio, inaugura centro administrativo

Depois de seis anos, o Centro Administrativo de Diamantina (Vale do Jequitinhonha) será entregue à população da cidade patrimônio da Unesco no dia 28 de junho. O espaço é fruto da desapropriação da antiga fábrica de tecidos Companhia Industrial de Tecidos, no bairro Rio Grande.
Abandonada desde meados do século passado, a antiga fábrica foi declarada de utilidade pública em julho de 2017. A aquisição do imóvel por meio de desapropriação foi realizada no ano seguinte, por R$ 2 milhões. A área do terreno é de 73,2 mil metros quadrados e a área construída soma 8,7 mil m2.
De acordo com o prefeito de Diamantina, Juscelino Brasiliano Roque, o objetivo é facilitar a vida da população, reunindo serviços públicos municipais e estaduais em um só lugar, além de economizar com o aluguel de prédios no centro histórico.
“A fábrica tem uma história extraordinária e toda família de Diamantina tem alguém que trabalhou na estamparia. Era a mesma empresa da famosa fábrica de Biribiri, hoje totalmente recuperada. A restauração e transformação em Centro Administrativo requalifica também o bairro do Rio Grande, que era bastante esquecido pelo município. Foram feitas obras para garantir a mobilidade, acessibilidade e qualidade de vida dos moradores, com abertura de avenidas e passeios públicos. Em parceria com o governo estadual, também trouxemos os órgãos do Estado. Diamantina tem 10 distritos e reunindo os serviços em um só lugar, vamos facilitar a vida dos cidadãos, principalmente daqueles que vivem mais distantes do Centro, que vão poder resolver tudo em uma só viagem”, explica Roque.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Além dos R$ 2 milhões gastos na compra do imóvel – pagos em prestações até 2019 -, a prefeitura investiu R$ 11 milhões com recursos próprios. Segundo dados da municipalidade, a transferência das atividades, que vem acontecendo desde 2018, já economizou até agora R$ 3,6 milhões. Apenas o aluguel da sede da prefeitura era de R$ 55 mil por mês.
“Devolver os prédios alugados é uma questão de economia, além disso damos melhores condições de trabalho aos nossos servidores e moralidade na gestão pública. Vários contratos eram desvantajosos para a cidade. Com isso, vamos dar novos usos aos prédios que são da prefeitura, liberando o patrimônio histórico de Diamantina para os turistas e a população. Queremos que as pessoas possam andar e se apropriar da história, da musicalidade, dos sabores e saberes que só existem em Diamantina”, pontua.
Patrimônio histórico de Diamantina recebe verbas do PAC Seleções
Moradores e turistas comemoraram essa semana o anúncio de um pacote de restauração que inclui o antigo Hotel Roberto, Casa da Intendência, antigo Diamantina Tênis Clube e o Sobrado da Secretaria de Cultura. Os prédios contemplados fazem parte do Novo PAC Seleções, que selecionou mais de 100 projetos de engenharia e arquitetura em todo o País para recuperação de bens tombados em março deste ano pelo governo federal. No total serão investidos pouco mais de R$ 17,6 milhões.
Ao mesmo tempo, a Prefeitura Municipal publicou o Decreto 350/2024, declarando de utilidade pública, para fins de desapropriação, o imóvel conhecido como “Grande Hotel”, localizado na rua da Quitanda, no Centro Histórico. O objetivo é obter recursos junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Nacional (Iphan) para sua completa restauração. A edificação, de pouco mais de 660 m², está abandonada há décadas e, atualmente, apresenta um sério risco para os moradores vizinhos e transeuntes pelo mal estado de conservação de sua fachada.
Outra ação é a construção de coretos com banheiros públicos e portais com nome e informações em cada um dos distritos de Diamantina.

E no dia 13 de setembro, para promover Diamantina e seu patrimônio, será realizada no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, uma vesperata, dentro da programação da Semana do Ministério Público.
Aeroporto deve abrir Diamantina para turistas estrangeiros
O título de Patrimônio Cultural da Humanidade, concedido pela Unesco em 1999, fez da cidade um destino internacional. Para tornar a cidade mais acessível a esses visitantes, porém, a população aguarda a reabertura do aeroporto municipal para voos comerciais. Hoje, o aeródromo atende apenas à aviação executiva.
No dia 1º de junho, na entrega do Aeroporto Municipal Elber Pereira, em Ipanema (Vale do Rio Doce), foi prometido que os próximos aeroportos a receberem investimentos serão os de São João del-Rei (Campo das Vertentes), Passos (Sul de Minas) e Diamantina.
“Temos um ótimo aeroporto, com uma pista de 1.800 metros que hoje só recebe voos executivos. Temos conversado com a Secult (Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais) e vejo como uma opção extraordinária. Temos condições, inclusive, de receber voos noturnos. Queremos preservar nossa história e cultura e o turismo é uma ferramenta para isso”, destaca o prefeito de Diamantina.
Ouça a rádio de Minas