Altas temperaturas beneficiam indústria mineira de refrigerantes

A indústria de refrigerantes em Minas Gerais apresenta boas expectativas quanto à produção neste ano, com crescimento de até 20% sobre 2023. Entre os principais fatores que influenciam o otimismo, estão as recentes ondas de calor e as altas temperaturas, efeitos da mudança climática no planeta, que tendem a aumentar a demanda por este tipo de bebida.
A Mate Couro, com fábrica em Belo Horizonte, por exemplo, espera encerrar o ano com crescimento entre 5% e 10% no volume de produção frente ao ano anterior. De acordo com o gerente de vendas e contador da empresa, Lazio Divino Pinto, desde agosto de 2023, a marca tem batido todas as metas em relação ao exercício anterior.
“Nossas vendas estão superiores à 2023 em todos os meses, com exceção de março, quando tivemos uma pequena queda. Essa onda de calor está sendo muito boa para o nosso setor”, resume.
Outra fabricante mineira que vem apresentando bons resultados desde a segunda metade do ano passado é o Guaraná Mineiro. Segundo o diretor comercial da empresa, Paulo Alcino, a mudança de temperatura, que começou em meados de setembro de 2023, influenciou no aumento do consumo de refrigerantes. Assim, as metas incluem fechar o ano com alta de 20% no volume de produção e de vendas e ganhar mais participação de mercado.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Além disso, Alcino espera que o cenário continue gerando crescimento no consumo, porém, ele admite que os efeitos em 2024 não deverão ficar tão acima do que foi observado em 2023. O diretor comercial analisa que assim como as altas temperaturas deverão elevar a demanda, os indicadores econômicos atuais tendem a equilibrar os resultados.
“Estamos observando o aumento da temperatura, o que naturalmente gera aumento na demanda. Mas, por outro lado, também temos visto um crescente nível de endividamento das famílias e isso, naturalmente, faz com que setores do consumo que não sejam de primeira necessidade, como é o caso dos refrigerantes, acabem ficando em segundo plano”, diz.

Já Divino Pinto destaca as dificuldades ligadas à alta carga tributária, que têm prejudicado os resultados da empresa e do setor. “A carga tributária é muito alta e isso nos penaliza muito. Se o governo não mexer muito nas coisas, como no combustível – que já está muito alto -, esperamos um fechamento de ano positivo”, completa.
Vale lembrar que a proposta de regulamentação da reforma tributária apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao Congresso Nacional, em abril, prevê uma tributação especial para os refrigerantes. A ideia é criar um imposto seletivo para seis tipos de produtos considerados nocivos à saúde e ao meio ambiente, como é o caso das bebidas açucaradas.
Além disso, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), sancionou, em setembro do ano passado, a Lei 24.471, que eleva em dois pontos percentuais (p.p.) a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) sobre bens considerados supérfluos. Entre eles está o refrigerante.
Mesmo assim, Alcino ressalta que o segmento tem experimentado um crescimento muito acima do que havia sido registrado nos últimos dois anos. Portanto, apesar das dificuldades, o ano de 2024 deve manter a tendência de alta apresentada pela indústria de refrigerantes em Minas.
Estabilidade nos preços das matérias-primas
Quanto ao mercado de matérias-primas, o gerente comercial do Guaraná Mineiro relata que a empresa não tem encontrado grandes dificuldades em nenhum aspecto da cadeia de fornecedores. Já no início de 2024, passou por um curto momento de dificuldade em relação à aquisição de suco, principalmente, de laranja. “Por conta dos efeitos nos últimos dois anos de quebra de safra nos Estados Unidos e também no Brasil”, explica.
O gerente de vendas e contador da marca Mate Couro lembra que, no ano passado, os produtos de matéria-prima para produção de refrigerantes apresentaram variações positivas entre 2% e 6%, porém, dentro das perspectivas do mercado, assim como o dólar. Ele também relata problemas ligados à falta de alguns produtos, dessa vez, no final de 2023, mas que foram rapidamente recolocados.

Ouça a rádio de Minas