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Indústria de brinquedos recebe R$ 8 bi em investimentos para ‘enfrentar’ China

Setor implementa medidas para que 70% dos brinquedos comercializados no País sejam produzidos localmente
Indústria de brinquedos recebe R$ 8 bi em investimentos para ‘enfrentar’ China
No último ano, as importações, em maioria oriunda da China, somaram 75,8% do total de brinquedos no mercado brasileiro. Houve uma ligeira queda no último ano, já que em 2023 este número representava 77,34% | Crédito: Diário do Comércio / Alisson J. Silva

Em meio a um cenário de forte concorrência externa, a indústria de brinquedos projeta encerrar o ano batendo a marca de R$ 10 bilhões em vendas – um avanço de 5% em comparação com o ano passado. Com o desempenho positivo, os esforços agora se concentram na reestruturação industrial do mercado nacional, que vem recebendo aportes de R$ 8 bilhões em modernização entre 2023 e 2027.

Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Synésio Costa, apesar dos desafios, o setor está cumprindo as metas estabelecidas e os novos investimentos viabilizarão tecnologias para estimular a competitividade. A intenção é que, com isso, o País possa aumentar a participação de brinquedos nacionais em um mercado ainda dominado por importados.

No último ano, as importações, em maioria oriundas da China, somaram 75,8% do total de brinquedos no mercado brasileiro. Apesar de ainda expressivos, houve uma ligeira queda no último ano, já que em 2023 este número representava 77,34%.

A partir dos novos investimentos, a expectativa é que, em alguns anos, 70% dos brinquedos comercializados no País sejam produzidos localmente e apenas 30% importados. “A concorrência segue desleal e o setor está passando pelo maior ‘ataque’ chinês da história. Apesar disso, nossa relação com o poder público é positiva e eles compreenderam nossas necessidades”, ressalta Costa.

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Comércio em Belo Horizonte
Espera-se que em alguns anos, 70% dos brinquedos vendidos no País sejam produzidos localmente | Crédito: Diário do Comércio / Alisson J. Silva

Entretanto, embora a relação com o atual governo seja positiva, possíveis acordos bilaterais entre Brasil e China são motivo de preocupação para a entidade. Além de ser o maior parceiro comercial do País, desde o último ano, a China segue trabalhando junto ao governo federal para buscar soluções a fim de evitar barreiras consideradas desnecessárias, simplificando o comércio entre os dois países de forma que agilize a circulação, a liberação e o despacho aduaneiro de produtos.

Apesar da preocupação, a expectativa é que o setor mantenha as atuais variáveis e siga com o crescimento contínuo apresentado na última década. Ao analisar os últimos cinco anos, segundo a Abrinq, a indústria do brinquedo avançou de R$ 7,2 bilhões em 2019 para R$ 8,6 bilhões em 2021 até chegar a R$ 9,4 bilhões em 2023.

Para 2024, apesar da queda de 6% no preço médio dos brinquedos, Synésio Costa destaca que a intenção é manter um faturamento semelhante ao ano passado. “Apesar da queda, encaramos como algo positivo: vamos vender mais e com a redução do preço, o consumidor será bastante beneficiado”, afirma.

Ao analisar o mercado em Minas Gerais, Synésio Costa avalia que o Estado atualmente é responsável por 9% do consumo total de brinquedos no País, além de contar com importantes fábricas. “O consumo de brinquedos nacionais por parte dos mineiros é bem positivo e esperamos ampliar cada vez mais o espaço para a indústria e a diversidade dos produtos ofertados”, avalia.

35% das vendas estão concentradas na semana da criança

É no segundo semestre que o setor de brinquedos mensura o real desempenho das vendas anuais: o período, que conta com datas importantes como a Semana da Criança (35%) e o Natal (30%), concentra 65% do total de vendas. Ao todo, 400 fábricas em diferentes regiões do Brasil comercializam produtos para cerca de 18 mil estabelecimentos.

Durante a bem-sucedida 40ª feira Abrin – a 5ª maior feira de brinquedos do mundo e maior na América Latina – realizada em março na cidade de São Paulo, o setor já demonstrava fôlego para se destacar ao longo do ano. No evento, foram anunciados 1.300 lançamentos para este semestre.

Além disso, o evento se concretizou como um importante canal de networking ao viabilizar rodadas negociações entre empresas compradoras e expositores, gerando ao todo R$ 20,1 milhões em novos negócios. “Temos motivo para nos orgulharmos das nossas lutas contínuas para a manutenção do mercado nacional”, analisa Synésio Costa.

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