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Indústria pede maior apoio do governo a setor

Indústria pede maior apoio do governo a setor
Temer enalteceu, durante sua fala no congresso, medidas como a reforma trabalhista e a melhoria de alguns indicadores econômicos no Brasil/Marcos Issa/Argosfoto

Mesmo após ter vivido a pior crise da sua história nos últimos anos e, assim como demais setores produtivos, enfrentar fatores adversos como custo Brasil e burocracia exagerada, a indústria siderúrgica nacional é competitiva e faz frente a grandes produtores de aço a nível mundial. Com esse panorama, o primeiro dia do Congresso Aço Brasil, discutiu, entre outros assuntos, a necessidade de um maior protecionismo à indústria brasileira e o excesso de capacidade produtiva de aço no mundo.

O presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil (Aço Brasil) e presidente da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas), Sergio Leite, empossado na solenidade de abertura do evento, que acontece em São Paulo, aproveitou a presença do presidente da República, Michel Temer (MDB), para cobrar apoio do governo federal às relações comerciais não somente do setor, mas da indústria em geral.

“Fazemos aqui o apelo de que não seja permitido um ataque à indústria brasileira. Países desenvolvidos do mundo inteiro que alcançaram um bom nível de desenvolvimento tiveram a indústria como mola propulsora. Precisamos revitalizar nosso parque produtivo para que sigamos na mesma direção”, reivindicou o executivo.

Escute um trecho do que disse Sérgio Leite:

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Em seu discurso, Temer focou em enaltecer medidas como a reforma trabalhista e a melhoria de alguns indicadores econômicos como o Produto Interno Bruto (PIB), a inflação e a taxa básica de juros (Selic). Sobre um maior protecionismo à indústria, disse que está sempre atento às oportunidades, atuando em todas as esferas e citou o pacto celebrado com os Estados Unidos em relação à sobretaxa da importação do aço.

“Sei das dificuldades e da preocupação com o protecionismo e, todos os momentos que falo dos organismos internacionais, critico o protecionismo lá de fora, o protecionismo contra a nossa indústria. Esse tema tem sido tratado com muita frequência e com meu apoio”, afirmou.

Nesse sentido, o ex-presidente do Conselho Diretor do Aço Brasil, Alexandre de Campos Lyra, citou os potenciais da indústria siderúrgica brasileira, enaltecendo a competitividade e as relações comerciais com outros países, especialmente os Estados Unidos. Ele lembrou que, enquanto o mundo vive uma onda de protecionismo de suas

economias, no Brasil se vê um movimento de apoio à abertura de mercado, sob alegação de que isso seria essencial para o aumento da competitividade das empresas.

“A indústria do aço não é contrária ao livre comércio. As empresas siderúrgicas do portão para dentro possuem bons índices de produtividade e, prova disso, é que nosso principal mercado é justamente os Estados Unidos. Mas somos a favor desde que haja também a solução dos problemas estruturais, como infraestrutura, energia, burocracia excessiva, custos com logística, etc. As empresas brasileiras precisam ter condições isonômicas de competição com seus concorrentes”, argumentou.

Medidas em xeque – O presidente do Insper, Marcos Lisboa, destacou que, na última década, o governo brasileiro acatou as demandas que foram exigidas pelo setor privado, como maior protecionismo e com subsídios, movimento que não deu certo. A exemplo, citou a demanda e as intervenções no setor elétrico. “Se tentou um atalho e deu errado. Ainda estamos pagando a conta dessa medida”, lembrou.

Segundo ele, há outros exemplos de políticas de protecionismo, com subsídios, que deram errado. “Discussões em torno desses assuntos são sempre carregadas de muitas paixões, mas o foco, neste momento, deveria ser na agenda em comum, que busca a redução de custos de burocracia”, completou.

Assim, Lisboa ressaltou que medidas protecionistas são bem-vindas quando criam ganhos de produtividade. Disse também que é necessária a criação de uma agenda construtiva para melhorar produtividade do Brasil, de forma que “não se repita na frente os equívocos de tantos anos”.

Já o presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Roriz, ponderou que abertura de mercado não necessariamente significa crescimento econômico, assim como não há relação automática entre política industrial e crescimento da economia também. “O que é fundamental para o desempenho na economia é o aumento de competitividade. E, nesse ponto, pergunto: o Brasil é um país competitivo?”.

Por isso, conforme ele, o que o setor industrial busca é isonomia com os demais países, para que, durante o processo de construção da competitividade, as indústrias tenham algum tipo de proteção. Somente assim elas poderão se desenvolver, crescer e, com isso, gerar emprego e aumentar renda. “Precisamos de um país competitivo para atrair investimentos”, reiterou.

* A repórter viajou a convite do Instituto Aço Brasil.

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