Indústria têxtil lucra e com conceitos da economia afetiva

Plataforma de convergência e pesquisa de estudos em design social e regenerativo sobre inovação para resíduos das indústrias têxteis e da moda, a Trama Afetiva abre espaço para o diálogo entre pensadores, artistas, ativistas, cientistas, empresários e marcas interessados na construção de uma indústria inclusiva, diversa e sustentável.
Segundo o diretor criativo da Trama Afetiva, Jackson Araujo, o objetivo da plataforma é gerar movimento dentro da indústria têxtil para que ela inclua novos grupos na produção, promovendo a convergência de conhecimentos, criando imersões e possibilidades de educação do público sobre o varejo.
“Temos avançado em empresas que têm a pauta ESG como prioridade. Sustentabilidade gera lucro, presença positiva nas redes e conquista de novos consumidores. Algumas empresas nos procuram para desenvolver processos internos ou entendendo que podemos colaborar com o educativo em outras organizações”, explica Araujo.
O design social e regenerativo pesquisa métodos inovadores para o aproveitamento de resíduos da indústria têxtil e da moda, principalmente o processo de upcycling (reutilização). Dedica-se, sobretudo, a criar ações estruturantes para amplificar o sentido de economia regenerativa para além da ressignificação de resíduos da indústria têxtil, colocando as pessoas no centro dos processos. Visamos, assim, promover o protagonismo de grupos minorizados como negros, transvestigêneres, gordos, PCDs e corpos privados de liberdade, por exemplo, dentro da indústria têxtil.
“Sempre me preocupei quando entrava nas fábricas com a grande quantidade de resíduos que não são retalhos. A indústria compra muito tecido na expectativa de boas vendas e, inevitavelmente, sobra muito material. É regenerativo no sentido do consumo e do descarte correto”.
O trabalho da plataforma se apropria também do conceito de “Economia Afetiva”, que integra a participação do público com a economia tradicional, buscando encontrar e entender os fundamentos emocionais dos consumidores, gerando um maior conhecimento dos públicos finais e proporcionando uma vivência de compra mais completa e satisfatória.
Esse propósito favorece a implantação de uma mentalidade social e ambientalmente responsável e equilibrada, com ações estruturadas dentro do ESG dentro da indústria têxtil.
“A economia afetiva diz respeito a uma nova lógica de produção e consumo. São as relações afetivas movimentando a economia. E não apenas o afeto no sentido do amor, mas também no sentido do verbo afetar. Uma enxurrada afetiva em prol da mudança socioambiental. Quando a empresa adota o princípio de que dentro dela existem pessoas e grupos que podem afetar outros grupos positivamente, dá oportunidade para que elas se entendam como protagonistas do processo. Isso pode transformar o produto e o processo. A empresa que valoriza a diferença e consegue escutar, aí sim, tem um processo de criação de redes de transformação”, completa o fundador da Trama Afetiva.
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