Informalidade é marca registrada do setor
O estudo Radar – Economia Criativa em Minas Gerais, divulgado ontem pelo Observatório P7 Criativo, trouxe, além dos números do setor no Estado e no Brasil, uma série de desafios. O primeiro deles é contabilizar a economia informal gerada pelo setor. Os quase 500 mil empregos formais estão longe de representar o montante de trabalhadores envolvidos diretamente nos segmentos e atividades listadas dentro da pesquisa.
Para o analista de Inteligência da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Davi Varella, o lançamento de cadernos complementares específicos sobre os quatro grupos – Mídia, Cultura, Tecnologia e Inovação e Criações Funcionais – devem preencher as lacunas deixadas pelo primeiro Radar.
“Assim vamos conseguir entender melhor como funcionam e quais os polos de cada setor em Minas e, ainda trazer para alguns subgrupos noções de mercado. Também precisamos levantar dados primários, aqui ainda trabalhamos com secundários. O setor tem muitas especificidades que só conseguimos pegar com pesquisas primárias. E, por fim, estimar o grau de informalidade na economia criativa. Temos razões para crer que a informalidade tem papel importante na composição total do setor”, avalia Varella.
Até agora os estudos mais profundos sobre economia criativa no Brasil eram produzidos pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e, claro, tinham um viés que privilegia a economia fluminense. A criação do Observatório e o lançamento da primeira edição do Radar dá uma nova possibilidade para a construção de políticas públicas para o setor em Minas Gerais e serve de apoio à iniciativa privada.
“É importante que as pessoas saibam e tenham elementos para discutir a economia a partir do estudo. Precisamos ter uma massa crítica para que a discussão aconteça concretamente”, destaca o analista de Inteligência da Fiemg.
O diretor de Cultura, Turismo e Economia Criativa da Fundação João Pinheiro (FJP), Bernardo Novais da Mata Machado, concorda que o desafio é transformar o conhecimento criado pela pesquisa e outros estudos da FJP em políticas públicas e basear iniciativas do setor privado. O aperfeiçoamento dos mecanismos de fomento e financiamento e o acesso ao crédito são algumas das demandas mais importantes.
“Chamo a atenção para a nova Lei de Incentivo à Cultura, aprovada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que tenta atuar na questão da desigualdade regional. A proposta é fortalecer o Fundo Estadual de Cultura em relação ao incentivo fiscal e o fundo poder lançar editais específicos por segmento e região. Deveríamos, também, dar mais atenção às potencialidades locais, como gastronomia e patrimônio cultural. E, finalmente, o mundo criativo precisa, fundamentalmente, de liberdade de expressão e um estado laico para se desenvolver”, avalia Mata Machado. (DM)
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