Inteligência Artificial e ESG são tendências para 2024

O estudo “Panorama 2024”, realizado pela Amcham Brasil, em parceria com a Humanizadas, revelou que a Inteligência Artificial (IA) e Agenda ESG serão as duas principais forças que vão influenciar as empresas brasileiras no ano que vem.
A pesquisa perguntou “quais tendências vão impactar mais sua empresa em 2024?”. Entre mais de 20 opções, a Inteligência Artificial foi a mais citada por 60% dos executivos, seguida pelo avanço da Agenda ESG, mencionada por 51% deles.
Em relação às estratégias que eles executaram em 2023, a preocupação com a inteligência artificial saltou do sexto para o primeiro lugar enquanto o ESG se manteve em segundo.
Outras quatro tendências também apareceram com destaque para parcela expressiva dos respondentes: digitalização de produtos e serviços (41%), Big Data (40%), manutenção do trabalho híbrido e remoto (34%) e uso ou investimentos em energias renováveis (31%).
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De acordo com o diretor executivo de Inovação e Novos Negócios da Amcham, Marcelo Rodrigues, a entrada da inteligência artificial no rol de tendências é parte de um caminho percorrido pelas organizações. Apesar da tecnologia não ser recente, a popularização da ferramenta tem descortinado desafios e oportunidades para empresas de todos os portes e setores.
“No ano passado, identificamos uma tendência no ambiente de inovação brasileiro, muitas startups data driven (baseadas em dados) que podiam ser direcionadas pela IA. Embora seja uma tecnologia antiga, ela foi popularizada por novos serviços que propiciam ganho de produtividade, e isso é uma evolução. Imaginamos que essa linha de tendência siga e chegue aos modelos de negócios e novos produtos. Não é que todas as empresas vão virar empresa de IA, mas vão usá-la. Ao mesmo tempo, o ESG está sintonizado com pautas importantes para a sociedade trazendo oportunidades de negócios com a descarbonização e as mudanças de comportamento do consumidor, por exemplo”, explica Rodrigues.
O uso de tecnologias de inteligências generativas já acontece, em algum nível, em 68% das empresas entrevistadas. A pesquisa revela que a adesão já é expressiva, mas ainda muito pulverizada em diversas formas de aplicação, com destaque para:
- Automação de processos repetitivos (38%)
- Melhoria de eficiência operacional (28%)
- Análises de dados e insights preditivos (28%)
- Suporte ao cliente (22%)
- Apoio à tomada de decisão (20%)
- Marketing e vendas (20%).
A agenda ESG e temas vinculados à sustentabilidade também sobressaem entre as tendências que vão pautar a disrupção nos negócios.
Entre as 10 principais tendências para 2024, sete estão relacionadas à transformação digital e três vinculadas à agenda verde. Em ordem de relevância, estão: IA (1º), ESG (2º), Produtos e Serviços digitais (3º), Big Data (4º), Trabalho Híbrido (5º), Energia Renovável (6º), Cibersegurança (7º), Internet das Coisas (8º), Computação em nuvem (9º) e Economia circular (10º).
“A preocupação social tem impacto sobre a IA. Existe uma inquietação com a substituição das pessoas pelas máquinas. Os executivos não vão ser substituídos pela Inteligência Artificial, mas por executivos que saibam usá-la. Tem uma questão educacional e de regulação. É uma oportunidade para o Brasil conseguir conectar a educação para formar pessoas para trabalhar na construção de negócios com propósito”, pontua.
ESG e Inteligência Artificial impactam prontidão para inovação
O estudo também mediu o Índice de Prontidão para Inovação – uma métrica que avalia a capacidade das empresas brasileiras em se adaptar e prosperar em um ambiente de negócios cada vez mais transformador. O índice abrange desde a disposição das empresas para implementar novas ferramentas e metodologias até sua capacidade de investir em ideias e projetos inovadores a longo prazo.
As empresas brasileiras apresentam um índice de prontidão para inovar na zona de aprimoramento (62%), o que pode afetar a capacidade de transformação do negócio caso grandes mudanças ocorram nos respectivos mercados.
A área de Transformação Digital (75%) está mais apta à mudança, liderando a inovação. De outro lado, a prontidão para inovar em termos de modelo de negócio (54%), produtos/serviços (59%) e cultura (60%), apresentam menores desempenhos e, portanto, potenciais limitações para o crescimento dos negócios.
“Existe muita coisa para ser trabalhada na cultura organizacional e no modelo de negócios. As empresas precisam aderir a modelos de inovação aberta. Em 2019, lançamos o Amcham Lab, que era um programa para grandes empresas. Com o tempo, começamos a trabalhar com empresas de médio portes e a perceber nelas uma vontade de se preparar para o futuro. E as imersões que realizamos têm permitido as pequenas se conectarem com esses assuntos. As empresas podem dar saltos tecnológicos e de resultados se tiverem líderes capazes de preparar as organizações. A colaboração com outros players pode acelerar e baratear a criação de novos modelos, mas ela vai demandar um jeito diferente de fazer a gestão das empresas”, destaca o executivo.
Mas, ao mesmo tempo em que a Inteligência artificial e o ESG ocupam o planejamento estratégico 2024 das empresas, elas ainda não apresentam um ambiente confortável para a execução das estratégias.
Apenas 22% das empresas investem expressivamente em transformação digital e 52% fazem investimentos pontuais. Só 38% têm uma cultura de inovação consolidada em grande parte, sendo apenas 6% totalmente, e 31% têm equipes de gestão atualizadas.
“Temos dificuldades graves na questão do financiamento e na formação de mão de obra qualificada. Se não existe o recurso, a empresa precisa conversar com pessoas diferentes para lançar novos modelos de negócios. Temos como vantagem a nossa grande capacidade de adaptação. Temos líderes que estão entendendo o que está acontecendo e precisamos conseguir executar. O Brasil gosta de inovação e podemos atrair pessoas para morar aqui. Temos recursos raros em outros lugares como energia renovável, um olhar para a economia circular, projetos de descarbonização e capacidade para sermos grandes no mercado internacional de carbono. Surge uma nova economia muito alinhada a dados e ao ESG que pode fazer do Brasil um mercado muito mais produtivo e competitivo”, completa o diretor executivo de Inovação e Novos Negócios da Amcham.
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