Negócios

Café com Investimentos estreia com protagonismo de Minas na mira

Iniciativa idealizada pelo especialista Marcos Mandacaru já nasce com perspectivas de crescimento para além das fronteiras brasileiras
Café com Investimentos estreia com protagonismo de Minas na mira
Painel sobre as relações bilaterais Brasil-China e Brasil-Índia marcou o início da programação | Crédito: Mara Bianchetti

Mercado internacional, inovação e tecnologia e Agenda ESG. Esses foram os temas centrais da primeira edição do Café com Investimentos. Com a proposta de abordar assuntos relevantes para a economia mineira e as empresas do Estado, o evento surge como mais uma importante ferramenta para tomadores de decisão e investidores.

E a iniciativa já nasce com perspectivas de crescimento para além das fronteiras brasileiras. “Nos vemos em Londres no primeiro semestre do ano que vem”, anunciou o especialista em atração de investimentos e idealizador do Café, Marcos Mandacaru, aos presentes logo na abertura do evento.

“Largamos com a ambição de, no próximo ano, internacionalizar o projeto. Nosso principal objetivo é trazer para Belo Horizonte discussões de alto nível, eventos de relevância para nossa cidade e discutir temas estratégicos para as empresas e os territórios. Temos a melhor universidade federal do Brasil, um ecossistema robusto de startups, de inovação e tecnologia, sedes de grandes empresas e uma cidade com condições de prosperar. Mas precisamos torná-la mais conhecida do ponto de vista dos negócios”, ressaltou.

Especialista em atração de investimentos e idealizador do Café, Marcos Mandacaru | Crédito: Mara Bianchetti

Relações bilaterais pautam primeiro encontro

Um painel sobre as relações bilaterais Brasil-China e Brasil-Índia, bem como seus impactos econômicos e oportunidades para Minas Gerais, marcou o início da programação.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


O membro do Comitê Consultivo do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), Reinaldo Ma, e o presidente da Câmara de Comércio Índia-Brasil, Leonardo Ananda, falaram sobre a pujança da relação do Brasil com ambos os países. Mas a relevância de Minas Gerais nesses negócios foi o grande destaque do debate, mediado pelo advogado Daniel Manucci, sócio do escritório Manucci Advogados.

Reinaldo Ma contou, por exemplo, que, em 2021, o Brasil se tornou o principal destino dos investimentos chineses no mundo. Segundo ele, naquele ano, o País recebeu 13,6% dos recursos. E, entre os setores, destaque para eletricidade e tecnologia da informação.

Internamente, o Estado aparece em segundo lugar entre as unidades federativas que recebem as inversões, com 10% de participação. A posição, porém, é dividida com o Rio de Janeiro. No topo da lista, São Paulo com 59%.

E as perspectivas do membro do Comitê Consultivo do Conselho Empresarial Brasil-China são promissoras. O especialista acredita, inclusive, que os aportes podem ser ainda maiores e que é possível alavancar a participação de Minas Gerais. “Virão muitos investimentos para o Brasil. Temos muito a capitalizar com esse reacender das relações políticas com a China e teremos um fluxo ainda maior de recursos”.

Índia atrai atenção

Já Leonardo Ananda enalteceu o robusto crescimento da Índia nos últimos anos. Segundo ele, desde 1947, o país recebeu US$ 950 bilhões em investimentos diretos. Deste total, US$ 530 bilhões, aliás, apenas em 2022. Os recursos vieram de 161 países e 62 setores diferentes. “O Brasil precisa enxergar o mercado indiano. Um mercado gigante com oportunidades imensas”, ressaltou.

Ele também disse que a expectativa é que as trocas comerciais Brasil-Índia somem divisas de mais de US$ 20 bilhões em 2023. E que, embora seja um valor bem inferior aos da China, estão no caminho para o mesmo patamar.

“Muita coisa está sendo construída. Estamos apenas começando. Vamos chegar aos patamares da China nos próximos dez anos, mas, até lá, muita coisa tem que acontecer. Muito investimento, muita exportação e importação e a presença de empresas brasileiras e mineiras naquele país. Avançamos desta maneira ou vamos deixar outros países aproveitarem esse mágico momento que a Índia está vivenciando”, alertou.

Cases Nanonib e Huawei

Em seguida, foram apresentados os cases das empresas Nanonib e Huawei, ambas com forte atuação em Belo Horizonte.

O professor titular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e um dos sócios-fundadores da Nanonib, Luiz Carlos Alves Oliveira, apresentou a tecnologia que promete revolucionar a cadeia do nióbio não apenas em Minas Gerais, mas no mundo. Trata-se de um antisséptico que inativa diversos vírus. Também estão em estudos produtos voltados para os cuidados com a pele.

“São 16 anos de pesquisas e agora conseguimos transformá-las em produtos. Temos todas as licenças operacionais e estamos prontos para produzir em escala industrial, com capacidade para atender o País inteiro. Hoje, 80% do nióbio do mundo sai de Araxá (Triângulo) e quase 100% é utilizado para produzir material siderúrgico. Queríamos fazer algo diferente e com moléculas especiais chegamos a outras áreas. Cosmético, saúde, agronegócio, energia e pigmentos especiais são algumas delas”, apresentou.

E em uma parceria com a também mineira Yeva Cosmétiques, localizada em Itaúna, no Centro-Oeste do Estado, a Nanonib vai levar o produto para o mercado. A startup vai produzir o insumo e a Yeva Cosmétiques fabricará o antisséptico em spray.

Além disso, para o mercado do agronegócio, a startup desenvolveu uma tecnologia à base de nióbio que poderá ser a solução sustentável e totalmente nacional para a produção de fungicidas, bioestimulantes e fertilizantes.

Nuvem pública: caminho sem volta

Já o diretor de parcerias da Huawei Cloud, Marcelo Morais, falou sobre a trajetória de 25 anos da empresa no Brasil e especificamente em Minas Gerais. E citou que cerca de 70% da tecnologia de telecomunicações do País são da Huawei.

“A Cloud está investindo em Belo Horizonte, e a capital mineira será a terceira cidade brasileira que a empresa irá atuar. Já estamos em São Paulo e Brasília. Acreditamos no potencial. E a nuvem pública é um caminho sem volta. Vai dominar o mercado”, apostou.

A Huawei é uma multinacional com sede na China, que atua, contudo, fortemente na área de celulares e tecnologia da informação (TI), sendo a maior fornecedora de equipamentos para redes e telecomunicações do mundo.

Café com Investimentos e Agenda ESG

Toda edição do Café com Investimentos apresentará um tema da Agenda ESG. Para encerrar a primeira edição, realizada em parceria com o DIÁRIO DO COMÉRCIO e o Hotel Ouro Minas, foram esplanadas as experiências e inspirações do Instituto Mano Down.

Sediada em Belo Horizonte, a organização sem fins lucrativos promove a autonomia e inclusão de pessoas com síndrome de down e outras deficiências. A máxima do instituto é, portanto, conscientizar a substituição da palavra “exclusão” por “oportunidade”.

“Se estamos aqui reunidos para falarmos dos bilhões nas relações entre os países, nas transformações e investimentos realizados por essas empresas, convido a todos a se perguntarem onde estão as pessoas com deficiência no meio de tantos números. Hoje, elas são 1 bilhão no mundo. São 100 mil no Brasil. E estão inviabilizadas”, apontou o psicólogo do instituto, Gabriel Leandro.

“Cadê as pessoas diversas desse País? Vim pedir uma oportunidade, pois esse assunto ainda é tangenciado pelo governo, pelo Estado e pelas pessoas em geral. Seu colaborar, na ponta, precisa ser sensibilizado. E não basta apenas contratar”, reforçou.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas