Aquisição da BS reforça estratégia de expansão da Lenarge
A Lenarge, uma das maiores empresas de transporte do Brasil, com sede em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), adquiriu a Brito Serviços (BS), empresa especializada na prestação de serviços estratégicos e operacionais para o setor de mineração, com foco na extração, beneficiamento e logística das atividades que envolvem o setor, com sede em Itabirito, na região Central. O negócio visa diversificar as operações e intensificar a oferta dos serviços de intralogística da Lenarge.
Assim, o grupo integra os cerca de 500 colaboradores da BS, além de mais 200 equipamentos. A marca BS continua operando e vai cumprir os contratos firmados com os antigos clientes. Os valores da aquisição não foram divulgados.
De acordo com o diretor comercial da Lenarge, Gustavo Moraes, o negócio acelera as operações do grupo no nicho de intralogística, oferecendo aos clientes uma solução mais robusta, atendendo de ponta a ponta da cadeia produtiva.
“Há dois anos começamos a desenvolver o nosso setor de intralogística e o mercado respondeu muito bem. Essa é uma dor de setores como mineração e fracionados, por exemplo. Eles gastam muito tempo e dinheiro em uma atividade que não faz parte do core business. Integrando as soluções, não só resolvemos o problema como diminuímos o número de fornecedores e facilitamos o dia a dia da gestão dos nossos clientes, inclusive no que diz respeito à tributação”, explica Moraes.
Essa aquisição foi a segunda realizada pela Lenarge em 2025. Em abril, o grupo adquiriu a Zero Carbon Logistics, referência em logística sustentável e pioneira na implementação de veículos 100% elétricos e movidos a Gás Natural Liquefeito (GNL), com sede em Belo Horizonte. Com isso, a empresa fortaleceu sua presença em soluções de transporte sustentável e ampliou para todo o Brasil serviços de armazenagem e transporte MRO (transporte de materiais necessários para a manutenção, reparo e operação de uma empresa) para os segmentos de mineração, siderurgia, agronegócio e indústria pesada.
“No setor de logística precisamos estar sempre nos reinventando. A aquisição da Zero Carbon deu muito certo. Havia não só uma demanda do mercado como uma afinidade de propósitos entre as empresas. De lá pra cá, dobramos o faturamento da Zero Carbon. A perspectiva é dobrar novamente no próximo ano. Para 2026, a expectativa é continuar indo ao mercado em busca de boas oportunidades. Somos uma empresa integradora e as aquisições são uma forma de acelerar o negócio e queremos estar sempre entre os líderes”, destaca.
A aquisição da BS foi avaliada também sob o aspecto da responsabilidade socioambiental. A participação na Conferência do Clima (COP 30), realizada em Belém (PA) no mês passado, reforçou a determinação da Lenarge na busca por uma logística descarbonizada.
“A Lenarge é sempre muito alinhada com a agenda ESG, preocupada não só dentro das nossas operações, mas nas aquisições que temos feito. Uma das características e dos objetivos principais da aquisição da Zero Carbon foi toda a pegada de sustentabilidade que a empresa tem. O mesmo vale para a BS, que tem uma participação muito forte nas comunidades onde está presente. Entendemos que são duas aquisições que trazem de forma intensa a pauta da sustentabilidade. Não podemos deixar de lado a questão de governança, que vem sendo tratada de forma muito estruturada dentro da Lenarge, já que deixamos de ser uma única empresa e passamos a ser um grupo com três grandes ativos. Precisamos ter um nível de governança muito forte para poder seguir firme no nosso propósito de ser, de fato, uma consolidadora”, analisa.
Para o CEO da Zero Carbon, Felipe Marçal, o setor de logística no Brasil ainda precisa demonstrar ao mercado o valor de contratar serviços que tenham a sustentabilidade como pilar. No caso da indústria, por exemplo, a logística faz parte do escopo 3, que se refere às emissões indiretas que ocorrem na cadeia de valor de uma empresa, mas que não estão sob seu controle direto. Essas emissões incluem atividades como a compra de produtos e serviços de fornecedores, o uso de produtos pelos clientes e o transporte.
“O Brasil sempre se posicionou passivamente diante do mercado global. A nossa meta é fazer algo completamente diferente. Queremos puxar a transição energética do mundo, sendo protagonistas. Compramos o primeiro carro elétrico em 2016 e essa jornada não é fácil. Na hora de contratar, as empresas ainda não valorizavam essa iniciativa. A empresa que contrata tem benefício no escopo 3 e fica muito mais barato fazer a mitigação do que pagar a compensação no final do processo. Na Europa, já existe um imposto que inviabiliza o negócio de quem não atende às metas de descarbonização. É preciso entender que, quanto mais eficiente é a operação, menor a emissão de CO₂”, completa Marçal.

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