Série Especial: Líder Aviação é exemplo de longevidade de negócios mineiros

O que justifica a longevidade de uma empresa? Qualidade do serviço ou produto oferecido, certamente, é o princípio, mas não tudo. De um jeito ou de outro, em algum momento, os concorrentes também oferecerão padrões muito próximos, quando não superiores. Ter um bom preço também é um ponto a ser levado em consideração, porém, especialmente para os serviços mais especializados e produtos de maior valor agregado, faz pouca diferença.
Em diversos setores, com diferentes atuações, sejam eles pequenos, médios ou grandes, muitas empresas acabam por se destacar pela essência, que, com o passar do tempo, pode vir a se transformar em excelência. Por isso, Minas Gerais, celeiro de importantes, inovadores e inusitados negócios, se destaca nacional ou internacionalmente. Minas exporta mais do que minérios ou cafés. Minas exporta mineiridades.
E Mineiridades é o nome da nova série de reportagens do DIÁRIO DO COMÉRCIO, que vai contar histórias e apresentar negócios originalmente mineiros que, além de terem dado certo, geram emprego, renda e movimentam a economia do Estado. Mais do que isso: inspiram o empreendedorismo e carregam consigo o nome das nossas Minas Gerais Brasil e mundo afora.
Para iniciar o projeto, vamos falar sobre um grande destaque da aviação executiva. Empresa que levou a sério essa história de projetar o nome do Estado e hoje figura entre as mais importantes marcas do setor no mundo. A Líder Aviação.
O que leva uma empresa de táxi aéreo, fundada no interior do Brasil, a se tornar a maior da América Latina, ganhar prêmios internacionais, atender os mais importantes eventos internacionais – como o Rock in Rio e Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 – aqui realizados e completar 64 anos com fôlego e apetite para muito mais?
Na história da Líder Aviação, fundada quando Belo Horizonte, mal passava dos 60 anos e ainda era uma capital com ares provincianos, uma palavra parece ser a chave da estratégia vencedora: inovação.
Para a Chief Operating Officer da Líder Aviação, Junia Hermont, a empresa que ousou sair do Aeroporto do Carlos Prates e montar sua base no novo e moderno Aeroporto da Pampulha, hoje é apontada como uma das mais importantes empresas de aviação executiva do mundo porque nunca parou de inovar e perseguir com obstinação as melhores práticas mundiais. Assim, a Líder ajudou a consolidar o Brasil como o segundo maior mercado de aviação executiva do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
“Estamos fechando o ano de 2022 em ritmo acelerado! Somos uma empresa de 64 anos, mas temos inovação e energia de sobra. É um orgulho pensar que fazemos parte de um grupo tão restrito no Brasil: as empresas longevas. Em aviação, mais ainda. Inovamos ao longo dos anos. Fomos a primeira empresa a operar na Pampulha, depois a trazer um jato executivo para o Brasil, vender jatos, fazer manutenção. Pioneiros na operação para o setor de óleo e gás. Trouxemos os primeiros simuladores de helicópteros. Desenvolvemos sistemas informativos homologados pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Criamos o primeiro aplicativo para reserva de voo. Tudo isso feito pensando no cliente, para prestar um serviço muito específico e uma solução completa para ele”, enumera Junia Hermont.
Entre os principais motivos de celebração em 2022, está a expansão da unidade de negócios de operação de helicópteros, que presta serviços de transporte aéreo para o segmento de óleo e gás. Somente em 2022, a Líder teve um aumento de 50% no número de contratos. A área recebeu investimentos de US$ 10 milhões neste ano e terá sua frota de aeronaves ampliada em cerca de 30% para atender, entre outras, a nova base e o novo hangar em operação no estado do Rio de Janeiro.
Para que tudo isso seja possível, na visão da executiva, três pilares são fundamentais: segurança, qualidade e gente. A companhia conta com mais de 1.300 colaboradores e uma frota de mais de 50 aeronaves, atuando em cinco unidades de negócio: fretamento de aeronaves; serviços aeroportuários; vendas e aquisições de aeronaves; serviços de manutenção; operações de helicópteros para a indústria de óleo e gás. Com presença em 19 bases operacionais nos principais aeroportos brasileiros, conta com uma equipe bilíngue atuando 24 horas por dia e treinada constantemente para prestar todos os serviços com segurança, agilidade e qualidade. A Líder também oferece serviços de corretagem de seguro aeronáutico, treinamentos em simulador de voo e reparos em pás de helicópteros.
“Investimos muito em mão de obra, tanto técnica como também de gestão. Criamos há mais de 15 anos um programa de formação técnica. Contratamos uma escola para isso. Formamos mais de 450 técnicos até agora. Nosso programa de trainee está aberto agora. Também investimos em diversidade, pilotos e mecânicas mulheres. E em todas as posições na empresa. Eu fui a primeira diretora mulher, há 24 anos”, pontua.

A retomada do mercado mundial, com um aumento de 150% nas transações de compra e venda tanto de aeronaves novas como de seminovas em relação ao período pré-pandemia marcou o ano de 2022. A volta do Labace (Annual Latin American Business Aviation Conference & Exihbition), realizada em agosto, no Aeroporto de Congonhas (SP), principal evento no Brasil que une representantes de aeronaves e seus clientes e parceiros, também foi comemorada. De julho de 2021 a junho de 2022, a Líder registrou 20 aeronaves vendidas – fator que contribuiu para o aumento de 26% no faturamento da companhia, na comparação entre janeiro a abril de 2022 com o mesmo período do ano anterior. E, desde outubro, a companhia passou a vender o novo modelo do HondaJet, o Elite II, lançado em outubro nos EUA. A Líder é, também, representante exclusiva no Brasil da Honda Aircraft, fabricante do HondaJet.
Outro destaque do ano foi a unidade de manutenção executiva. A expectativa de crescimento em 2022, em relação ao período pré-pandemia (2019), é uma demanda 23% maior em manutenção programada e 12% mais alta em manutenção não programada.
Enquanto cresce em volume de negócios, a empresa se preocupa também em elevar seus padrões ESG. Um dos principais desafios é mitigar a emissões de gases de efeito estufa (GEE), já que o combustível utilizado por toda a aviação é de origem fóssil.
“Temos programas voltados para o social e isso na pandemia foi muito forte. O nosso negócio não parou. Nos reforçamos para ter uma equipe bem informada e paramentada com EPIs, além de ações voltadas para as famílias e fornecedores com cuidado, informação e principalmente acompanhamento. Do lado do meio ambiente, ganhamos o prêmio SustentAR, concedido pela Anac pelas nossas melhores práticas. Não é um trabalho fácil no nosso setor, mas temos estudos para mitigação das emissões de carbono. Demonstramos isso para os nossos clientes. É um desafio global e para as empresas. Investimos antes de ser uma exigência no mercado”.
A premiação avalia os resultados dos operadores aéreos com as melhores classificações no Projeto SustentAR, que procura incentivar desde a conduta, até as iniciativas proativas ligadas à sustentabilidade na aviação.
Ao passo que faz da inovação a sua principal estratégia para continuar crescendo – inclusive para fora do Brasil -, a Líder Aviação, não tira os olhos da sua origem e do caminho percorrido até aqui. Por isso, apesar dos constantes assédios, continua sediada em Belo Horizonte, de onde não pretende sair.
“Minas Gerais é a nossa casa e queremos manter a sede aqui. É um Estado grande e que gera demanda. Nossas principais atividades econômicas estão afastadas dos centros urbanos e, muitas vezes, pelas grandes distâncias, a aviação executiva é a única forma de chegar em tempo hábil. Sobre ter bases no exterior, sempre vemos oportunidades fora do Brasil, mas ainda não fomos. Temos parceiros internacionais muito fortes, como a empresa de simuladores de helicópteros e o serviço aeroportuário atendimento a aeronaves estrangeiras no Brasil. Então ainda temos muito o que fazer por aqui, mas operar em outros países é uma opção que mantemos no radar”, encerra a COO da Líder Aviação.
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