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Lançamento: livro debate direitos humanos nas empresas

Somente no ano passado o governo federal determinou a elaboração de uma política nacional para tratar do tema
Lançamento: livro debate direitos humanos nas empresas

Organizado pelo professor de direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Gladston Mamede, o livro “Empresas e Direitos Humanos” discute os direitos humanos dentro das empresas e na relação delas com seus diferentes públicos. A obra é um esforço de intelectuais de múltiplas instituições brasileiras e estrangeiras que, dentro das suas respectivas áreas, se dispuseram a debater o assunto.

“Temos um grupo de professores de direito muito crítico e provocativo. Ainda nos importam aquelas questões fora da curva e o tema dos direitos humanos sempre aparece. É curioso porque esse tema dos direitos humanos nas empresas está presente nas preocupações da ONU desde a virada do século, mas demorou para chegar no Brasil. Apesar de básicos, os direitos humanos são tratados no Brasil como se fosse uma coisa que só diz respeito aos governos. É preciso levá-los para o nosso dia a dia. Direitos humanos têm que ocupar todos os espectros da nossa existência”, afirma Mamede.

Segundo o professor, o debate sobre direitos humanos no Brasil caminhou no campo político, mas na esfera privada continua atrasado. Ao contrário do que aconteceu no Ocidente de maneira geral, especialmente na Europa, aqui o debate sobre direitos políticos precedeu a discussão sobre os direitos civis.

A obra pode ser baixada gratuitamente no formato PDF no site da editora.

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“Somente no ano passado o governo determinou a elaboração de uma Política Nacional de Direitos Humanos e Empresas. É absurdo porque direitos humanos é o mínimo. As relações humanas são relações de poder e a lógica da Declaração da ONU e da nossa Constituição é cadenciar essas relações. De toda forma, estou feliz porque já tivemos 13 mil downloads do livro em dois meses. Isso mostra que tem muita gente interessada no assunto. O avanço desse debate valoriza o ser humano, ou seja, todos nós”, destaca o organizador do livro.

A complexidade do assunto fez com que o livro caminhasse por assuntos tão diferentes como equidade de gênero e preservação do meio ambiente. Entre os autores, está o advogado Tiago Fantini, que escreveu o capítulo “O capitalismo consciente e a segurança psicológica (nas empresas sem medo e que aprendem) como estratégia da longevidade corporativa”.

“Muitas empresas não estão preparadas para ver as oportunidades que a sustentabilidade abre. Uma jornada empresarial é de acertos e erros. O capitalismo consciente prevê que todos ganhem. O ser humano é a base da construção de qualquer sucesso. O empreendimento só vai ser bem-sucedido se existir um grupo de pessoas capaz de levá-lo a isso e, por isso, a segurança psicológica é fundamental. O mesmo acontece em relação ao meio ambiente. Precisamos ser colaborativos, trabalhando a preservação e a conservação. Entender como ser lucrativo de forma sustentável, de maneira a não explorar o ser humano e o meio ambiente. O discurso sobre direitos humanos, ainda hoje, é visto por muitos erroneamente como uma fala ideológica. Existe um senso de urgência que a gente tem que trabalhar. Temos que levar em consideração o tempo coletivo que já está esgotado”, avalia Fantini.

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