‘Tempos de Guerra em Passa Quatro’ reúne textos do ex-presidente da AML

Um retrato singular de Minas em tempos de instabilidade política chega ao público neste mês. O livro “Tempos de Guerra em Passa Quatro”, que será lançado no dia 18 de novembro, às 19h, na Academia Mineira de Letras (AML), reúne dois textos do poeta e ex-presidente da instituição, Heli Menegale, sobre os conflitos de 1930 e 1932 travados entre brasileiros no Sul do Estado.

Menegale, que viveu em Passa Quatro até 1930, acompanhou de perto os combates que marcaram o fim da República Velha e a ascensão de Getúlio Vargas. Os registros, preservados por sua filha, a pianista Berenice Menegale, foram entregues ao jornalista Manoel Marcos Guimarães, responsável pela organização e contextualização histórica da obra, publicada pela Editora Ramalhete.

Os textos de Menegale revelam o cotidiano dos combates em Passa Quatro, mesclando a observação política com o olhar sensível do escritor. O relato sobre 1930 é integralmente de sua autoria. Já o de 1932 se baseia nas anotações de Artur Tibúrcio Ribeiro, o “Coronel Tibúrcio”, líder político local e amigo do poeta.

Para o também acadêmico J. D. Vital, jornalista e escritor, a publicação “dá conhecimento de fatos históricos turbulentos e esquecidos, a partir de uma visão interiorana, quase roceira”. Em texto que integra a quarta capa, ele ressalta que a obra “não interessa apenas à comunidade sul-mineira, mas também a um público mais amplo, pela força de sua narrativa e contexto histórico”.

Nascido em Juiz de Fora, Heli Menegale iniciou sua trajetória literária e jornalística em Passa Quatro. Após a Revolução de 1930, mudou-se para Belo Horizonte, onde se dedicou ao ensino de História e de Língua Portuguesa. Tornou-se um dos professores mais respeitados da Capital e, em 1936, assumiu a cadeira 32 da Academia Mineira de Letras, presidindo a instituição por dois mandatos e conduzindo a aquisição de sua primeira sede própria.

O livro traz ainda um depoimento de Berenice Menegale, diretora da Fundação de Educação Artística, que revisita a memória do pai e o ambiente intelectual que o formou.

Com mais de 50 anos de carreira, Manoel Marcos Guimarães trabalhou em redações como O Estado de S. Paulo e Estado de Minas, além de passagens por assessorias da UFMG e do TJMG. Foi presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas e vice da Fenaj. Atualmente, é editor da revista MagisCultura, da Amagis.

O projeto gráfico de “Tempos de Guerra em Passa Quatro” é assinado por Rachel Magalhães.