Negócios

Da porta do presídio para franquias: Loja do Preso planeja expandir em Minas Gerais

Empreendimento é especializado em artigos para detentos que estão reclusos em ambientes prisionais de Minas Gerais
Da porta do presídio para franquias: Loja do Preso planeja expandir em Minas Gerais
Loja do Preso está com interessados aguardando para se tornarem franqueados. Foto: Reprodução redes sociais Loja do Preso

Após passar por um período de reclusão de 83 dias em 2016, o empreendedor Péricles Ribeiro, encontrou um nicho de mercado com a loja PJL (Paz, Justiça e Liberdade), informalmente batizada de Loja do Preso, que fica na região central de Belo Horizonte.

Mesmo parecendo um comércio corriqueiro no centro da Capital, trata-se de uma loja especializada em artigos para detentos que estão reclusos em ambientes prisionais de Minas Gerais.

Os negócios prosperaram tanto que o empreendedor pretende expandir e criar franquias em outros estados e no interior de Minas a partir do próximo ano.

A unidade da Loja do Preso fica localizada em uma galeria na avenida Augusto de Lima, onde é possível encontrar alimentos, roupas, gêneros de necessidade básica e até eletrônicos permitidos no sistema prisional do Estado.

Foto: Reprodução Trade Maps Google

O empreendimento saiu do âmbito das ideias e virou realidade em 2018, quando o empresário passou por dificuldades para conseguir uma oportunidade no mercado de trabalho após retornar ao convívio social.

“Depois que eu cumpri a pena, não conseguia emprego, até que um amigo chaveiro me convidou para trabalhar com ele. No decorrer deste trabalho, conhecemos uma costureira e a minha esposa, Michelle Kellen, foi trabalhar com ela. Um certo dia, a costureira me perguntou o que eu queria fazer, foi quando eu disse que queria abrir a Loja do Preso”, explica ele.

Segundo Ribeiro, as pessoas geralmente tinham dificuldades para entender qual era o nicho que o empreendedor pretendia explorar. “Quero trabalhar com artigos específicos para cada unidade prisional sem que haja a necessidade de as pessoas ficarem procurando item por item em diversos lugares. O objetivo é encontrar tudo que o consumidor precisa para este público específico, em apenas um lugar. O primeiro produto que comecei a fabricar foi o uniforme uma vez que, na época, ainda era possível comercializar uniformes na porta das unidades prisionais”, relembra.

Uniformes foram os primeiros produtos da Loja do Preso em BH. Foto: Divulgação Loja do Preso

Após iniciar essa venda direta aos parentes dos presos na porta do presídio, Ribeiro começou a perceber a demanda por todo tipo de item permitido e consumido nas unidades prisionais. Assim, o negócio começou a tomar forma e foi prosperando aos poucos.

“As pessoas começaram a me pedir pilha, papel higiênico, coisas aleatórias. Aí começamos a comprar, colocar dentro do carro e vender tudo na porta do presídio”, destaca.

Foi quando, em 2018, encorajado pela esposa, o plano realmente saiu do papel e Ribeiro iniciou o empreendimento comercial. “Resolvemos abrir uma loja, mesmo ficando receosos com toda a burocracia, aluguel e as dificuldades de empreender no País. Trabalhar em casa não seria viável, pois a distância atrapalharia a chegada do cliente e a entrega das mercadorias. Foi quando abrimos a loja no Barro Preto e estamos aqui desde 2018”, conta.

Temos todos os produtos que compõem kits prisionais. Tudo é montado de acordo com o que cada presídio libera e com que o comprador demanda. Têm unidades que, pela regra, o barbeador tem que ser o de lâmina única, um shampoo precisa ter 200 ml e uma embalagem transparente. Cada unidade prisional tem sua norma específica e eles não seguem o mesmo padrão”, explica Ribeiro.

Planejamento de expansão

Foto: Reprodução Trade Maps Google

Hoje a empresa está em fase de expansão e o empreendedor Péricles Ribeiro conta que já tem interessados no modelo de franquias no Rio de Janeiro, na Baixada Santista, no Espírito Santo e no interior de Minas Gerais.

“Estamos crescendo, com planos de abrir franquias em outros estados pois a demanda e a adesão à ideia têm crescido bastante. Já temos cerca de nove pessoas aguardando essas franquias, só que vamos começar a atender esta demanda a partir do ano que vem”, projeta.

A Loja do Preso em Belo Horizonte também vai passar por expansão, ainda que continuando na mesma galeria, porém em uma área maior. “A loja atualmente ficou muito pequena. Vamos mudar, mas continuaremos no mesmo prédio. Será um espaço em frente à loja atual, só que bem maior. Saltaremos de 30 metros quadrados para 60 metros quadrados. Hoje são cinco pessoas trabalhando e, em breve, contrataremos mais uma para nos ajudar no crescimento da empresa, tudo em função da demanda que continua aumentando”, adianta.

De acordo com Ribeiro, após o período da pandemia do Covid-19, os negócios começaram a crescer com mais vigor. “O faturamento vem sendo muito bom, mesmo com alguma redução no período de pandemia. Mas agora, os negócios estão dando uma boa alavancada. É aquela estatística muito falada, que a empresa após o quinto ano de vida começa a gerar e manter os bons resultados”, comemora o empreendedor.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas