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Marcas adotam collabs como estratégia para atrair novos públicos consumidores

Esse tipo de estratégia tende a ser mais utilizado no topo do funil de vendas, na fase de atração e conversão de novos consumidores
Marcas adotam collabs como estratégia para atrair novos públicos consumidores
Foto: Divulgação Cory Alimentos.

As marcas brasileiras têm apostado em colaborações estratégicas de marketing, ou collabs, para desenvolver novos produtos no mercado. Esse tipo de ação pode contribuir para a atração e conversão de novos públicos consumidores para as empresas envolvidas nesse tipo de parceria. Porém, é preciso ficar atento ao projeto para evitar erros que possam prejudicar os resultados da collab.

De acordo com um estudo realizado pela startup Orbit Data Science nas redes sociais, 66% do público aprovaram as collabs realizadas ao longo de 2024. A nostalgia foi o principal impulsionador desse engajamento positivo, com 25% do público mencionando esse motivo. A curiosidade (10,5%) também foi apontada como fator que colaborou para despertar o interesse do público por esse tipo de iniciativa.

Segundo o estudo, as collabs baseadas em franquias clássicas ou em produtos icônicos tendem a despertar memórias afetivas nos consumidores. Enquanto edições limitadas ajudam a reforçar o desejo de pertencimento e o medo de perder a oportunidade de adquirir determinado produto.

Um exemplo de parceria formada entre empresas tradicionais e marcas icônicas no mercado é a colaboração entre a Cory Alimentos e a indústria farmacêutica e cosmética mineira Bravir. Elas estão lançando produtos de cuidados com os lábios das marcas Lílith, Icekiss Azedinha e Chita.

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O diretor executivo da Cory Alimentos, Felipe Nascimento, destaca que os principais desafios enfrentados pelas empresas mais tradicionais estão ligados à dificuldade no processo de distribuição e de consolidação dessas marcas em um mercado cada vez mais dinâmico. Segundo ele, a preocupação dessas companhias é tentar manter a tradição sem perder a competitividade.

Pensando nisso, a Cory vem desenvolvendo parcerias como é o caso da collab com a Bravir ou com a Santa Helena Alimentos, para o lançamento das balas Paçoquitas. “Um dos grandes fatores de sucesso dessas parcerias é a capacidade de impulsionar o poder de venda, além de dar maior legitimidade para a marca nos pontos de venda”, avalia.

Para o diretor da Bravir, João Victor Almeida, a collab firmada entre as duas marcas surge com o propósito de unir atributos das empresas. “No nosso caso, a collab serve para atribuir o valor que outra marca possui entre as pessoas ao nosso produto”, diz.

Ele destaca algumas características em comum de ambas as marcas, como os pontos de distribuição e venda dos produtos. Inclusive, o empresário acredita que esse tipo de parceria contribui para que uma marca possa estar presente no ponto de venda da outra.

União de comunidades via collabs

Foto: Divulgação Cory Alimentos.

Para Felipe Nascimento, o consumidor moderno está mais suscetível a aceitar esse tipo de proposta no mercado, pois, em muitos casos, isso representa a união de dois grupos complementares, com valores e princípios semelhantes. Inclusive, ele ainda avalia que quando as marcas conseguem unir duas comunidades fieis a elas o sucesso dessa ação é praticamente garantido.

O diretor da Bravir destaca que questões como o sabor do produto e o formato da embalagem também precisam ser levadas em consideração no momento de desenvolver uma collab. Já o dirigente da Cory acrescenta que é necessário que as empresas consigam entregar um produto fidedigno à história e qualidade entregue por ambas as marcas.

No entanto, o empresário ressalta que é necessário desenvolver uma boa comunicação para evitar que a colaboração perca o propósito. As empresas precisam compartilhar algumas características para conquistar essas comunidades e ampliar o alcance de ambas as marcas envolvidas. Outro ponto citado é a importância de alinhar a parceria com o plano estratégico da empresa para aperfeiçoar a ação.

“Não podemos lançar qualquer tipo de collab no mercado, pois isso fará com que a marca seja percebida apenas como uma empresa que está tentando aproveitar uma trend sem, de fato, ter uma estratégia por trás”, adverte.

Inclusive, o levantamento feito pela Orbit demonstra que 34% do público analisado desaprova as colaborações de marketing realizadas ao longo do ano passado. O maior fator de rejeição está relacionado à distribuição limitada desse tipo dos produtos desenvolvidos por essas parcerias, com 26,5% do público. Outros 13,2% mencionaram os preços elevados como motivo de insatisfação.

João Victor Almeida reforça a importância de encontrar o “parceiro perfeito” para fazer com que a collab dê o mais certo possível. O dirigente também pontua que esse tipo de parceria vem crescendo e se transformando em uma nova frente de inovação no mercado. Além disso, ele relata que existem casos em que o consumidor de uma determinada marca se dispõe a consumir produtos da outra.

“Isso é algo muito positivo, esse ativo que permite ingressar na comunidade da outra marca. Esse intercâmbio de comunidades é algo muito bom para as marcas, pois possibilita o acesso a um novo ativo”, pontua.

Principais benefícios de uma collab

Nascimento explica que esse tipo de estratégia tende a ser mais utilizada no topo do funil de vendas, atraindo e convertendo novos consumidores, que no fundo, é onde há a comercialização do produto. Portanto, a venda é uma consequência enquanto o reposicionamento das marcas está entre os principais objetivos, ao menos, no caso da Cory e da Bravir.

“A venda vai acontecer naturalmente a partir do momento que o consumidor já possui um bom recall de sua marca, que está filiada a outra marca referência em seu determinado segmento”, explica.

Já Almeida destaca o caráter de “edição limitada” dos produtos desenvolvidos por meio de collabs. Ele relata que esse tipo específico possui um objetivo comercial de curto prazo, tendo como foco a apresentação da marca para um novo público e explorar diferentes ativos.

“Os objetivos de uma collab não precisam ser necessariamente comerciais, pois o que trará prosperidade é o que essa ação trará para a própria marca. Mas isso vai depender de cada caso e do formato adotado”, avalia.

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