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Arenas esportivas de Minas se transformam em plataformas de relação entre marcas e público

Caso de sucesso, Mineirão mudou a cor de um setor do estádio pela primeira vez em 60 anos no acordo com o Sicoob
Arenas esportivas de Minas se transformam em plataformas de relação entre marcas e público
Foto: Agencia i7 Mineirão

As arenas esportivas de Minas Gerais estão deixando de ser apenas espaços para receber eventos e público. Os locais ganharam status de plataformas multimídia para se conectar, interagir e criar experiências. O recente acordo entre o Mineirão e o Sicoob para dar o nome da cooperativa a um setor do estádio (sector rights) comprova como as empresas têm enxergado as arenas como meios de captar novos clientes.

Há um interesse especial nos eventos esportivos, já que o esporte desperta emoções e paixões genuínas. Quando uma marca se conecta ao lado sentimental do torcedor, vai além do simples relacionamento: transforma storytelling em storyselling, ou seja, histórias que engajam e emocionam passam a gerar ação concreta. Assim, a chance de conversão cresce de forma expressiva.

Conexão com o Mineirão: estratégia do Sicoob

O setor Leste do Mineirão agora se chama Setor Sicoob e tem a cor turquesa- FOTO: Divulgação/Mineirão

Ao nomear um setor de 15 mil lugares no Gigante da Pampulha, o Sicoob entendeu que a estratégia de se unir ao torcedor em sua paixão pode render bons frutos.

“A parceria com o Mineirão integra a estratégia institucional do Sicoob de fortalecer sua presença em ambientes de grande circulação e relevância cultural para o público mineiro. O setor Sicoob no estádio reforça atributos como proximidade, cooperação e pertencimento, ampliando a visibilidade da marca e nosso relacionamento com a comunidade. Quanto a metas e objetivos específicos, seguimos nossas diretrizes internas e não detalhamos indicadores estratégicos”, explica o presidente do Conselho de Administração do Sicoob Central Cecremge, Luiz Gonzaga.

“De forma geral, esperamos que iniciativas como essa contribuam para ampliar o reconhecimento da marca, gerar engajamento com o público e reforçar o posicionamento do Sicoob como um sistema financeiro cooperativo presente no dia a dia das pessoas”, completa.

Ações em outras praças

O Sicoob acredita que o modelo de sector rights pode ser aplicado em outras arenas esportivas e “mantém uma estratégia contínua de fortalecer sua atuação no esporte, por reconhecer seu papel cultural e sua capacidade de aproximar marcas e comunidades”.

“Nesse sentido, avaliamos continuamente oportunidades que estejam alinhadas ao propósito cooperativista. Temos o interesse permanente de fortalecer nossa presença no esporte como um todo, por entendermos sua relevância social e seu poder de conexão com as comunidades”, afirma o presidente do Conselho de Administração do Sicoob Central Crediminas, João Noronha. Ele acredita que ações fora do esporte também podem surgir no ano que vem.

“O Sicoob mantém um portfólio ativo de patrocínios e parcerias que contempla diferentes áreas, sempre considerando a aderência, o impacto para os nossos cooperados e a relevância para as comunidades em que atuamos. Modelos como naming rights ou sector rights podem ser avaliados dentro desse contexto. Novas possibilidades alinhadas às nossas diretrizes estratégicas podem surgir conforme a evolução dos projetos institucionais. Há grandes chances de mais novidades em 2026”, completa.

Negociação longa e trabalho contínuo

Apesar do sucesso e da recente parceria anunciada, o negócio entre Mineirão e Sicoob demorou um ano para ser concluído. Isso indica que ainda pode haver alguma desconfiança quanto ao potencial de ações como o sector rights.

A gerente comercial do Mineirão, Úrsula Nogueira, porém, afirma que as marcas que utilizam plataformas como o estádio conseguem mais do que visibilidade: elas também promovem experiências ao público.

“O Mineirão é, hoje, a maior vitrine do futebol em Minas Gerais e nós trabalhamos todos os dias com um único foco: gerar valor para nossos parceiros e para o público que vive a experiência única de estar nesse palco”, observa.

“Quando uma marca escolhe estar no Mineirão, ela não está apenas comprando um espaço. Está se posicionando onde todos os públicos se encontram: do torcedor fiel ao patrocinador estratégico, passando pelo visitante, o turista, a família, a imprensa, os atletas, os empresários e os formadores de opinião. É uma escolha por visibilidade, conexão e relevância”, afirma Úrsula.

Aniversário de 60 anos especial para o Gigante

O negócio com o Sicoob foi a “cereja do bolo” do Mineirão no ano em que o estádio completa 60 anos de existência. Gerido pelo consórcio Minas Arena desde 2012, o Gigante da Pampulha celebra sua força como plataforma para diversas marcas.

“A parceria com o Sicoob para o sector rights é um marco importante, mas está longe de ser um ponto isolado. Temos trabalhado continuamente para oferecer possibilidades inteligentes e personalizadas para marcas que entendem o valor dessa exposição”, relata a gerente comercial do estádio, Úrsula Nogueira.

“Sicoob, APVS, Ancho, Tropeiro Real, Mentos, Frutos de Goiás, Tradição Mineira, Rejuvenece, Fecomércio, KTO, CDL e Lojas Rede são alguns exemplos. Além delas, tantas outras marcas que nos acompanham são provas concretas da confiança construída com muito trabalho por uma equipe comercial que sabe ouvir, propor e entregar mais do que o cliente espera”, completa.

Planos futuros

Acima de tudo, o sucesso do Mineirão não indica acomodação, segundo Úrsula Nogueira. O estádio está atento a novos modelos de negócios para ampliar seu portfólio.

“Temos novos projetos em desenvolvimento. A busca por parceiros estratégicos é permanente. O Mineirão está aberto a conversas com empresas que tenham visão de longo prazo e queiram crescer junto a um dos maiores símbolos de Minas e do futebol brasileiro. O naming rights do estádio já está sendo trabalhado e acredito que em breve teremos novidades”, diz.

Esplanada da Arena MRV.
O estádio do Atlético também possui espaços com nomes de marcas | Foto: Daniela Veiga / Atlético

Arena MRV

Outro caso mineiro de venda de sector rights é a Arena MRV, estádio do Atlético, que possui setores nomeados por marcas como Brahma (Ambev), ArcelorMittal e Banco Inter.

Essas marcas dão nome a partes da arquibancada e camarotes corporativos. A reportagem procurou a SAF do Atlético e a ArcelorMittal para comentar suas estratégias de sector rights, mas não houve retorno até a publicação desta matéria.

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