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Mercado da construção civil é dominado por homens no País; entenda

Do total de 1,1 milhão de profissionais no setor, apenas 200 mil são mulheres
Mercado da construção civil é dominado por homens no País; entenda
Crédito: Alisson J. Silva

Ainda considerado um setor predominantemente ocupado por homens, a construção civil é uma área em constante evolução e que enfrenta desafios para a inclusão de profissionais mulheres. Segundo dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), as mulheres representam 20% dos profissionais registrados nos 27 Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (Creas). Do total de 1,1 milhão de profissionais, apenas 200 mil são mulheres, incluindo engenheiras, agrônomas, meteorologistas, geógrafas e geólogas, entre outras profissões do sistema.

A coordenadora de desenvolvimento da Mobuss Construção, Fernanda Gums, diz que que ainda são destacados como desafios a equidade salarial e o aumento de oportunidades de liderança e emprego. “Apesar de muitos avanços no setor, as mulheres ainda enfrentam desafios significativos que muitas vezes não são discutidos, como a indisponibilidade de equipamento de proteção individual no número/tamanho feminino, preconceitos, assédio moral, resistência de líderes para contratar ou até mesmo promover as mulheres à liderança por conta da maternidade”, destaca.

A engenheira e analista de qualidade na Morar Construtora, Amanda Ferri destaca que a área é predominantemente masculina e, consequentemente, isso traz inúmeros desafios, principalmente para as mulheres que estão em cargos de liderança e que precisam frequentar o ambiente. “Desafios como não ser ouvida, não ser facilmente inserida no ambiente e a falta de credibilidade são, infelizmente, comuns para nós, mulheres”, destaca.

Predominância masculina

Segundo o Resumo Técnico do Censo da Educação Superior, feito pelo Ministério da Educação, a engenharia civil é o segundo curso com maior participação masculina (70,6% homens, enquanto 29,4% são mulheres), ficando atrás somente de sistemas de informação (83% de homens e 17% de mulheres).

A diretora da Mútua Goiás, engenheira e professora da PUC Goiás, Tatiana Jucá, conta que, em 1995, quando ingressou na faculdade de engenharia, os desafios já eram grandes. “Naquela época, tínhamos uma média de 60 alunos por turma, totalizando duas turmas, ou seja, uma turma imensa, e na minha sala tinham apenas seis estudantes mulheres. Atualmente, sou professora de graduação e de pós-graduação e percebo que hoje em dia ingressam na engenharia 50% homens e 50% mulheres, mas esse número muda no decorrer do curso, muitas mulheres desistem no meio do processo”, observa.

Uma pesquisa mostra que, entre janeiro e abril de 2024, foram criadas mais de 140 mil novas vagas no setor da construção. Deste total, 126 mil foram ocupadas por homens e apenas 14 mil por mulheres, ou seja, apenas cerca de 10% das vagas foram preenchidas por profissionais femininas.

De acordo com a coordenadora de marketing da Mobuss Construção, Ana Carolina Signorelli, atualmente é importante trazer discussões com o objetivo de inspirar cada vez mais mulheres a ingressarem na construção. “Acreditamos que isso começa com o compartilhamento de histórias de quem já tem uma carreira estabelecida na área. Nossa principal mensagem é de que, apesar de ser uma área majoritariamente masculina, a presença feminina é de extrema importância e necessária para a evolução do setor”, ressalta.

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