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Mercado da Índia é promissor para o Brasil, com demanda por alimentos, energia e infraestrutura

Assunto foi abordado na série FDC Global Connections
Mercado da Índia é promissor para o Brasil, com demanda por alimentos, energia e infraestrutura
Crédito: Reprodução Pixabay

O crescimento econômico contínuo da Índia e o aumento rápido da renda per capita do país vai impulsionar a demanda por alimentos, energia e infraestrutura. Neste contexto, o mercado indiano pode ser promissor para o Brasil, que se destaca na produção mundial de alimentos e possui uma pauta exportadora diversificada capaz de atender a diversas demandas. 

Conforme o economista, diplomata, cientista social e professor associado da Fundação Dom Cabral (FDC), Marcos Troyjo, há uma excelente oportunidade do Brasil em ampliar as negociações com a Índia e os países se tornarem grandes parceiros comerciais. Vale ressaltar que a índia também é desenvolvedora de tecnologias e inovações interessantes para o Brasil.

Marco Troyjo
Durante a série FDC Global Connections, professor da FDC destaca que o Brasil pode ampliar as negociações com a Índia, que vem apresentando crescimento robusto | Crédito: Reprodução Programa FDC

O assunto foi abordado na série FDC Global Connections, iniciativa da área de Relações Internacionais e Estratégia Global da FDC. Com o tema “As Complexidades da Globalização Contemporânea”, o economista, Marcos Troyjo, falou sobre a oportunidade promissora do Brasil ampliar as negociações com a Índia, que tende a ser, em pouco tempo, a terceira maior economia do mundo. 

Esta edição da FDC Global Connections foi um evento prévio ao curso “Líderes de Negócios: Explorando Oportunidades na Índia”, idealizado pela Câmara de Comércio Índia Brasil em parceria com a Fundação Dom Cabral. O curso, que será realizado entre os dias 5 e 9 de agosto, no Campus da FDC em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), tem carga horária de 40 horas.

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Desglobalização

Durante o evento, Marcos Troyjo explicou que a globalização funciona como um organismo, que muda e evolui ao longo do tempo. Há 30 anos, o mundo vivia uma globalização profunda, mas, agora, estamos vivemos o risco da desglobalização.

“É curioso, ao falarmos de Brasil e Índia neste período cronologicamente de globalização profunda – que vai da queda do muro de Berlim, em 1989, até o colapso do banco americano Lehman Brothers, em 2008, estes países aproveitaram pouco este período se comparado com outros atores dos chamados mercados emergentes. A acessão da economia do Brasil e da Índia não foi tão impressionante como a China, a Coreia do Sul, Cingapura e Chile, por exemplo”.

Ainda conforme Troyjo, de 2008 para cá, o mundo ficou diferente e ganhou traços de fragmentação mais pronunciados. Então, se tem um fenômeno curioso, que segundo Troyjo, quebra a inércia de pouca evolução do Brasil e, principalmente, da Índia. 

“O conjunto de reformas extraordinárias que vem sendo levado a cabo durante a gestão do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, há quase uma década, fez com que o crescimento da economia da Índia atingissem taxas estonteantes., com a Índia dobrando a renda per capita em 10 anos. Assim, a Índia é, hoje, a quinta maior economia do mundo. A projeção é que na próxima década, ela seja a terceira ou quarta maior do mundo”.  

Índia pode ser protagonista na nova fase da globalização

O crescimento da Índia aliado a outros fatores estão favorecendo a criação de novas rotas. Há, por exemplo, uma série de dificuldades, como os conflitos geopolíticos na Europa, conflito entre Israel e Hamas com reverberação em outros países como no Irã e Líbano. Tem ainda a guerra fria ou paz quente entre Estados Unidos e China.

“Assim, muitos dizem que a globalização está em recessão. Acho que existe uma nova globalização em curso. Me parece que a Índia, sem dúvida alguma, será uma das protagonistas dessa nova fase da globalização”, explicou Troyjo.

Ainda conforme Troyjo, em países com grande contingente populacional em que se tem um crescimento econômico anual com taxas elevadas, a partir de uma base de renda per capita baixa, como no caso da Índia, há uma evolução rápida da renda  e o primeiro impacto é no aumento da demanda por alimentos, energia e infraestrutura.

“Com a economia da Índia crescendo cerca de 7% no ano, a tendência é que a renda per capita dobre em 10 anos. É um crescimento vertiginoso, em um curto período de tempo e sobre uma base de renda per capita muito baixa. Então, essa renda incremental faz com que as pessoas comam mais e comam melhor. Além disso, elas consomem mais energia e infraestrutura demandando, assim, mais minério de ferro e uma série de outras commodities utilizadas para construção de estruturas físicas”.

Crescimento da Índia pode ser promissor para o Brasil, mas é preciso conhecimento mútuo

O crescimento robusto da Índia, segundo Troyjo, pode ser muito promissor para o Brasil. “Para o Brasil isso é uma espetacular oportunidade de diversificar as exportações. Seja do ponto de vista da geografia do destino, seja do ponto de vista da diversidade da pauta exportadora. Há uma série de bens alimentícios que chegaram à uma categoria de competitividade internacional impressionante que pode ter, na Índia, um mercado seguro. Acredito que essa seja uma área de expansão dos negócios entre Brasil e Índia”.  . 

Para que isso aconteça, há ainda uma série de entraves que precisam ser superados. “Assim como as pessoas são diferentes e é preciso conhecer mais, os mercados são conjuntos de pessoas e de comportamentos que levam em consideração a qualidade de informação sobre os potenciais parceiros. Brasil e Índia se conhecem pouquíssimo. Então, para que se tornem grandes parceiros, em primeiro lugar, há o desafio do conhecimento mútuo”.

Existe ainda o desafio das barreiras ao comércio, já que a Índia é muito protecionista na produção de alimentos e bens agrícolas.

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