Mercado de autores “solo” ganhou força na pandemia

O mercado de autores independentes cresceu, exponencialmente, durante a pandemia. Os dados do Clube dos Autores, plataforma de autopublicação, revela um crescimento de 30% no número de escritores em 2020. Ao longo do isolamento social, foram publicadas mais de mil obras, mensalmente, número muito acima do ano de 2019, cuja média era de 30 livros. A plataforma já conta com mais de 72 mil títulos.

Marcus Ferreira, diretor-presidente do Grupo Asas e diretor-geral da Bienal Mineira do Livro, que será realizada de 13 a 22 de maio, no BH Shopping, explica que, embora os livros mais vendidos e famosos ainda estejam vinculados a grandes editoras, o mercado de autores independentes cresce paulatinamente.

As editoras preferem investir em livros que são garantia de vendas. Além de ser necessário pagar e esperar aprovação para a obra ser publicada e, muitas vezes, quem está começando não consegue arcar com a despesa. O mercado de venda de livros registrou uma queda de 6%, segundo dados da pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, do Sindicato Nacional dos Escritores de Livros (Snel), Câmara Brasileira do Livro (CBL) e Nielsen Book. O número de tiragens anual também diminuiu 20,5%.

A facilidade e o baixo custo são fatores estimuladores para a produção independente, uma vez que o leitor consegue adquirir uma obra por menos de R$ 20. O autor não tem gasto com as publicações on-line e ainda fica com 100% do lucro. Outros motivos também levam os escritores a optarem por publicar por conta própria, como livros em homenagem a família que não requer uma tiragem muito grande, ou até mesmo, para não perder a liberdade na hora de escrever.

As iniciativas similares à Bienal Mineira do Livro ganham espaço como oportunidades para divulgação e venda dos livros físicos, sendo de extrema importância para quem é independente. Marcus Ferreira observa que os escritores ficam entusiasmados com a ocasião pela chance de elevar as vendas.

A mineira Luciana Aquino, escritora de três livros, ressalta a importância da bienal para quem está começando, como uma janela para mostrar ao mundo os talentos autorais com as histórias e livros. “É através dessas iniciativas que temos contato tête-à-tête com o leitor. O espaço permite a venda e também discussões em palestras e um bate-papo descontraído sobre temas diversos.”

A autora já foi homenageada em 2012, como a Representante dos Valores Mineiros e, conta que a inspiração está em ajudar as pessoas, fazer com que enxerguem o quão lindo é o mundo da literatura.

A escritora iniciante, Dalila Santos, também assume que a escolha de ser independente não foi sua primeira opção. Ela enfatiza que não é tão fácil conseguir financiamento ou parcerias com as editoras. O que a motiva a continuar escrevendo é a possibilidade de ajudar as pessoas pela escrita.

“Tudo me inspira a escrever. As pessoas, a beleza da vida, meus sentimentos, amores… Quando eu escrevo, estou expressando minha visão do mundo, saindo e entrando em mim”, destaca.

O Brasil já apresenta autores independentes famosos, como Cristiane Lisbôa, que viaja pelo País, ajudando outros escritores a divulgarem seu talento. Ela publicou seu livro Papel Manteiga Para Embrulhar Segredos, sendo autora de mais cinco livros.

FDC promove palestras na Bienal

Os impactos da transformação digital e o panorama e perspectivas sobre a diversidade e inclusão no mundo empresarial são alguns dos temas que a Fundação Dom Cabral (FDC) abordará em seu eixo sobre negócios, durante a Bienal Mineira do Livro, de 13 a 22 de maio, no BH Shopping.

A programação é focada em temas como: Os impactos da transformação digital e inovação; Panorama e perspectivas acerca da diversidade e inclusão no mundo dos negócios; O motor do ESG com Heiko Spitzeck, Dalton Sardenberg e Carlos Penteado Braga; Mudanças e tendências de comportamento do consumidor e Liderança Humanizada: Qual tipo de líder fará diferença nesses momentos de incertezas, entre outros temas e convidados.

A Fundação, considerada uma das melhores escolas de negócios do mundo – de acordo com o Ranking de Educação Executiva do jornal britânico Financial Times, convidou especialistas para debates de atualização e enriquecimento da prática empresarial entre gestores da cadeia econômica do livro: editoras, livrarias, distribuidoras e fornecedores.

O diretor de Marketing e Comunicação da FDC, Daniel Aguado, afirma que estimular o aprendizado das questões, envolvendo gestão, possibilita promover a construção de negócios sustentáveis e longevos, sendo uma essencial oportunidade para contribuir com o ecossistema editorial de Minas Gerais e do Brasil.

O diretor-presidente do Grupo Asas, Marcus Ferreira, explica que é uma das principais iniciativas literárias nacionais com autores representativos em um espaço de 15.000 m2 no BH Shopping. “A retomada presencial da Bienal Mineira do Livro tem um conteúdo cultural e educativo abrangente, incluindo atrações para leitores de diversas faixas etárias. Queremos contribuir para o desenvolvimento da capacidade crítica, do conhecimento de fundo e do repertório cultural de cada leitor, incentivando o hábito de ler”, afirma.