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Mercado Livre quer entrar no mercado farmacêutico

Empresa quer apenas intermediar vendas, sendo parceiro de redes grandes e pequenas
Mercado Livre quer entrar no mercado farmacêutico
Foto: Adobe Stock

São Paulo – O Mercado Livre e as três maiores redes farmacêuticas do País – RD Saúde (Raia e Drogasil), DPSP (Drogarias Pacheco e São Paulo) e Pague Menos – estão em rota de colisão. O maior marketplace da América Latina quer vender medicamentos pela internet, mas, no Brasil, apenas varejistas farmacêuticas têm essa autorização.

A empresa argentina recebeu aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para comprar a Cuidamos Farma, localizada em São Paulo. A Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), que reúne as 29 maiores redes, teria alegado que o Mercado Livre já atua no setor, inclusive com telemedicina e prescrição digital por meio da Memed, antiga dona da Cuidamos.
“Tudo isso é suposição e mentira”, rebateu o vice-presidente sênior do grupo, Fernando Yunes. A Abrafarma não se pronunciou.

Yunes afirmou que o Mercado Livre pretende apenas intermediar vendas, sendo parceiro de redes grandes e pequenas. “Queremos democratizar o acesso ao comércio e aos serviços financeiros. No Brasil, o setor farmacêutico é o único em que ainda não atuamos”, disse.

Segundo ele, a regulação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – a RDC 44/2009 – precisa ser atualizada. “Ela permite compra por fax, mas não por marketplace.” A aquisição da Cuidamos visa atender a exigência de que apenas farmácias licenciadas podem vender medicamentos on-line.

A diretora jurídica de e-commerce, Adriana Cardinale, informou que o grupo está testando o modelo 1P (venda própria) e defende modernização da norma para atuar como marketplace.

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) lembra que o Projeto de Lei 2.158/2023, que autoriza o varejo alimentar a vender medicamentos, já foi aprovado na Comissão de Assuntos Sociais do Senado e aguarda nova análise na Câmara.

O mercado em disputa movimenta cerca de R$ 20 bilhões – 10% do faturamento anual do setor. “Podemos gerar preços mais competitivos e ampliar o alcance das farmácias, como já fizemos com Carrefour e Pão de Açúcar”, afirmou Yunes.

Reportagem distribuída pela Folhapress

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