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‘Crise do metanol’: bares de BH têm queda de até 40% na busca por drinks, mas faturamento segue estável 

Aumento no número de casos suspeitos de intoxicação por metanol tem gerado temor entre os consumidores de destilados
‘Crise do metanol’: bares de BH têm queda de até 40% na busca por drinks, mas faturamento segue estável 
Foto: reprodução Freepik

Com o número crescente de suspeitas de intoxicação por metanol no Brasil e o alerta do governo federal sugerindo a suspensão temporária do consumo, frequentadores de bares e restaurantes estão receosos em consumir destilados – o que tem provocado mudanças nas dinâmicas dos bares e restaurantes de Belo Horizonte. Em entrevistas ao Diário do Comércio, comerciantes relatam quedas de 20% a 40% na venda de drinks elaborados nas casas. 

“Tivemos uma queda de 40% na procura por drinks feitos na casa, mas os clientes acabaram substituindo por drinks prontos e enlatados”, explicou o sócio do bar Quinteiro, na região Centro-Sul da capital, André Calixto.

No restaurante AllMar, na Pampulha, a queda foi de cerca de 20% no consumo de drinks na última semana. “Temos adotado a estratégia de explicar nas mídias sociais que todas as nossas bebidas são de ótima procedência e de fornecedores muito fortes e representantes oficiais das marcas. Todas as nossas bebidas têm notas fiscais”, afirmou o proprietário Vitor Cestaro.

Já o empresário Vitor Velloso, dono do restaurante Pacato e dos bares Pirex, Chika e da hamburgueria Nimbos, observou alterações pontuais no consumo. “Percebemos uma troca de destilados por fermentados como cerveja e vinho. No Chika, que tem foco em coquetéis, tivemos alguns cancelamentos de reserva, mas eles foram rapidamente preenchidos por outros clientes. Não sentimos necessidade de adotar medidas para compensar faturamento, mas sim de reforçar a informação sobre a procedência das bebidas”, disse.

A percepção sobre os impactos tem variado conforme o perfil do público e a localização dos estabelecimentos. Sócio dos bares Avra e Whisper, em Lourdes, o empresário Fabiano Aguiar afirmou que não houve impacto na demanda até o momento. “Não sentimos queda de público ou faturamento até agora, até porque o brasileiro, especialmente o mineiro, não abre mão de seu happy hour. Temos adotado transparência nos nossos padrões de compra de insumos e boas práticas em segurança alimentar, o que fideliza o público da região”, explicou.

Para o empresário Felipe Aguiar, sócio da Almanaque Choperia, com unidades na Savassi, Anchieta e Vila da Serra, o cenário também é de estabilidade. “Não tivemos queda no movimento em virtude da crise do metanol, graças à confiança do nosso público, que nos conhece há 15 anos. É natural que algumas pessoas optem por bebidas de outras matérias-primas, como vinhos e chopes, mas o público não deixou de frequentar nossos espaços”, afirmou.

Abrasel não vê impacto

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) avalia que não há impacto no desempenho do setor, mas uma mudança de comportamento. Segundo o líder de conteúdo, inteligência e imprensa da entidade, José Eduardo Camargo, em Belo Horizonte o cenário é de estabilidade, com festas e bares lotados no fim de semana.

Camargo destacou que o principal efeito tem sido a mudança de comportamento de parte dos consumidores. “Algumas pessoas têm trocado os destilados por outras bebidas, mas de forma pontual. O consumidor está mais consciente e busca locais de confiança, que têm fornecedores certificados e critério na compra das bebidas”, completou.

A Abrasel tem promovido, desde a última semana, ações de capacitação para os empreendedores, com foco na segurança das compras e no combate à informalidade. “Estamos realizando treinamentos duas vezes por dia para orientar os estabelecimentos a verificarem rótulos, lacres da Receita Federal e notas fiscais. Também é importante desconfiar de preços muito baixos e sempre adquirir produtos de fornecedores conhecidos”, orientou o representante da entidade.

Enquanto o setor reforça medidas de transparência e segurança, os bares da capital tentam manter a confiança do público. “O momento é de esclarecer o cliente e garantir que ele saiba de onde vem o que está consumindo”, resumiu Vitor Cestaro, do AllMar.

Contaminação por Metanol

O Ministério da Saúde confirmou, nesse domingo (5), 225 registros de intoxicação por metanol após ingestão de bebida alcoólica no Brasil. O número contabiliza os casos investigados e confirmados, que vêm sendo reportados pelos estados e consolidados pelo Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Nacional (CIEVS).

Em todo o País, são 16 casos confirmados. Os outros 209 ainda estão sob investigação em 13 estados – Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pernambuco, Paraná, Rondônia, São Paulo, Piauí, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraíba e Ceará. Bahia e Espírito Santo tiveram os casos registrados descartados.

A primeira morte confirmada foi a de um homem de 54 anos, no dia 15 de setembro. Depois, neste sábado (4), a Secretaria de Saúde de São Paulo divulgou a segunda vítima, um homem de 46 anos. Ambos eram da capital paulista. Há outras 13 mortes em investigação: sete em SP, três em Pernambuco, uma no Mato Grosso do Sul, uma na Paraíba e uma no Ceará.

(Com informações do Estadão)

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