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Metanol gera crise de confiança na ‘Capital dos Bares’: estabelecimentos de BH se manifestam

Clubes, bares e boates de Belo Horizonte reforçam procedência das bebidas ou suspendem vendas após alerta nacional
Metanol gera crise de confiança na ‘Capital dos Bares’: estabelecimentos de BH se manifestam
Foto: Reprodução Adobe Stock

Casos recentes de intoxicação por metanol em São Paulo e Pernambuco, investigados pelo Ministério da Saúde, têm levado clubes, bares, boates e produtores de bebidas em Belo Horizonte a se manifestarem rapidamente sobre a procedência de seus destilados. O setor de bebidas em Minas avalia que as medidas, inclusive a suspensão da venda em alguns casos, podem estar sendo precipitadas.

No entanto, o que até então era apenas uma ameaça já chegou a Minas Gerais. A Polícia Federal realizou, na manhã desta sexta-feira (3), uma operação em uma fábrica de Poços de Caldas, no Sul do Estado, por suspeita de venda de bebida adulterada.

Até o momento, foram notificados 59 casos de intoxicação por metanol no País, destes 53 em São Paulo, cinco em Pernambuco e um no Distrito Federal, um óbito foi confirmado e sete estão em investigação. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, chegou a recomendar que a população evite o consumo de bebidas alcoólicas destiladas.

Insegurança na ‘Capital dos Bares’

Em meio à crise de confiança com os fornecedores, clubes de Belo Horizonte decidiram suspender a venda de destilados em suas dependências.

O Minas Tênis Clube foi o primeiro a anunciar a medida, buscando “maior prevenção e cuidado com todos os minastenistas”. O Pampulha Iate Clube (PIC Pampulha) também adotou decisão semelhante, afirmando, em comunicado, que a suspensão é “para garantir a segurança, a prevenção e os cuidados com os associados”.

Outra instituição que optou por se precaver foi o Mackenzie Esporte Clube, que informou, por meio de comunicado, que não venderá bebidas alcoólicas destiladas por tempo indeterminado em seus bares.

Bares e boates reforçam procedência das bebidas

Além dos clubes, boates e bares de Belo Horizonte também se pronunciaram sobre o caso. O Frisson Bar, localizado no entorno da Praça Raul Soares, reforçou que só adquire bebidas de fabricantes e distribuidores oficiais, com nota fiscal, lacre original e selo de autenticidade.

O Major Lock Pub, no Centro da cidade, também se posicionou, afirmando que todos os produtos comercializados são adquiridos de fornecedores homologados e reconhecidos pela indústria. Já o bar O Gueto, localizado no Barro Preto, declarou que mantém um compromisso firme com a segurança e a qualidade, comprando exclusivamente de distribuidores oficiais.

O Mira BH, também no Centro de BH, destacou que não há registros de intoxicação na capital mineira: “No Mira, você encontra apenas bebidas de fabricantes e distribuidores oficiais, sempre com nota fiscal e rastreabilidade. Até agora, não há nenhum caso confirmado em BH. Então, cuidado com as fake news: pânico só interessa a quem vende medo”, informou em nota.

O Café Bonjour BH, na região Central, chegou a suspender a venda de destilados. “Garantimos que todas as nossas bebidas são adquiridas de fornecedores de alto padrão e certificados. Priorizamos a qualidade, e não o preço. Mesmo assim, a fim de manter a segurança de todos que frequentam a casa, pausamos a venda de bebidas alcoólicas à base de destilados até encontrarmos mais informações sobre lotes, marcas e afins”, disse em comunicado.

Sindicato avalia impactos econômicos de suspensão de vendas

O presidente do Sindicato da Indústria de Bebidas do Estado de Minas Gerais (SindBebidas), Mário Marques, avalia que a suspensão é resultado de uma interpretação equivocada. “Acredito que alguns estabelecimentos entenderam a situação de forma equivocada. Já existem publicações que indicam que não há possibilidade de se produzir, em destilados, a quantidade de metanol que prejudica a saúde. A única forma de contaminação, portanto, é por meio da adulteração de bebidas”, afirmou.

Segundo Marques, o risco está ligado a bebidas falsificadas e não a produtos regulamentados. “Produtos engarrafados por indústrias bem conceituadas e que possuem um CNPJ idôneo têm risco zero de isso acontecer. Esses estabelecimentos acabam suspendendo a comercialização de destilados por falta de informação ou por excesso de zelo. Acredito que não há necessidade disso, caso o estabelecimento compre bebidas em locais confiáveis. Mas respeitamos a decisão de cada um”, pontuou.

O dirigente alerta para os possíveis impactos econômicos dessas medidas. “Esse é um momento de atenção que pode gerar um prejuízo incalculável ao setor. Bares e indústrias podem fechar por causa da desinformação. Muitos estabelecimentos são criteriosos na compra de bebidas, mas a nossa preocupação principal são os bares que não tinham essa cultura de adquirir bebidas lacradas e de fabricantes idôneos, já que o custo é mais alto”, destacou.

Setor produtivo também se movimenta

No setor produtivo, a Don Luchesi Distillery, fabricante do O’Gin, destacou a importância de o consumidor desconfiar de preços muito abaixo do mercado e verificar a integridade da embalagem antes da compra.

Já a Xeque Mate Bebidas publicou um comunicado ressaltando que todos os lotes passam por análises internas e auditorias externas para garantir a ausência de metanol e a pureza dos ingredientes.

A Xá de Cana também reforçou que seu processo de envase é lacrado e hermeticamente selado como medida de proteção e garantia de procedência.

Para orientar consumidores e estabelecimentos, o SindBebidas recomenda sempre exigir nota fiscal, evitar preços muito abaixo do mercado, comprar somente em locais de confiança e observar a integridade da embalagem. A entidade também orienta descartar garrafas de forma correta, preferencialmente inutilizando-as, para evitar a reutilização por falsificadores.

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