Minas Gerais está atrás de outros estados na agenda ESG

Minas Gerais ainda está a alguns passos de outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, na adoção de práticas de sustentabilidade ambiental, social e de governança (ESG). É o que afirmou o gerente regional da Câmara Americana de Comércio em Minas Gerais (Amcham MG), Douglas Arantes, durante a edição mineira do Fórum ESG.
Mesmo com a desvantagem regional, ele enxerga oportunidades de replicar com mais sucesso ações amadurecidas em outros estados. “O que está sendo feito lá fora pode ser replicado aqui, olhando inclusive melhorias que esses mercados deixaram de fazer. E frente às oportunidades, tornar mais competitivo o mercado local”, disse Arantes.
O gerente regional da Amcham explica que o intuito de eventos como o Fórum ESG em Minas Gerais é exatamente democratizar o acesso a esse conteúdo para o mercado mineiro. Ele vê o Estado ainda muito tímido nas iniciativas sobre o tema e carente de debate sobre as oportunidades na área.
“Tenho conversado com alguns executivos, temos feito um trabalho de retenção de talentos aqui no nosso Estado. E não só isso, mas também atrair profissionais que estão trabalhando essas pautas em outros estados”, afirma o gerente regional da Amcham. Ele completa que os polos de inovação em Minas Gerais podem potencializar as pautas ESG para dentro do mercado mineiro.
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“Falar de justiça climática, sobre toda a pauta social, em um País como o nosso, é mais do que ser politicamente correto. É você ter um dever com a sociedade”, declara a Gerente de Comunicação, Sustentabilidade e Diversidade na L’Oréal, Eduarda Vieira, uma das participantes da edição Minas Gerais do Fórum ESG.
Ela explica que a disseminação das práticas de sustentabilidade ambiental, social e de governança não podem estar limitadas ao perímetro da empresa, mas em todo o ecossistema em que o negócio está inserido. “Isso passa, obviamente, por construir uma cadeia de valor com os nossos fornecedores, mas também educar o nosso público final para conseguir construir uma sociedade mais justa”, conclui.
É nessa direção, mas em um ramo completamente diferente, como pensa Leonardo Gandara, Gerente Jurídico na Equinox. “A atividade de mineração expõe essas questões ESG na prática, vamos dizer assim. Por si só, vê exatamente relações, saindo um pouco do meio ambiente, mas com comunidades, empregados, a questão de governança”, disse.
Ele cita como exemplo de desenvolvimento das práticas ESG, a operação com as barragens de rejeito, que em Minas Gerais estão sendo eliminadas com a proibição pela Lei Mar de Lama Nunca Mais, após as tragédias de Mariana e Brumadinho, que vitimaram centenas de pessoas e causaram impactos socioambientais sem precedentes.
“Faz mais sentido o empilhamento a seco do ponto de vista ESG porque vou ter questões sociais envolvidas. Precisa de licença social para operar, precisa convencer as pessoas que aquele modelo de disposição dos rejeitos é seguro”, explica Gandara.
Potencial no mercado ESG
A pesquisa “Panorama ESG 2024” da Amcham Brasil, com 687 empresas de todo o País, sendo 62 de Minas Gerais, mostra que o mundo corporativo brasileiro avançou na adoção de práticas ESG no último ano. A maioria (57%) dos líderes empresariais brasileiros participantes da pesquisa são altos executivos de empresas que, juntas, empregam mais de meio milhão de pessoas e faturam R$ 756 bilhões.
O estudo mostra que 71% das empresas implementam ou já iniciaram algumas das ações que compõem o ESG, um aumento expressivo de 24 pontos percentuais na curva de adoção de práticas do tema em relação ao período anterior (47%).
No levantamento, 26% das empresas se autodeclaram como ‘Inovadores’ e maduros no tema; 45% estão em estágios de ‘Adotantes Iniciais’; 14% das empresas estão na fase de ‘Maioria Inicial’; 9% se encontram na ‘Maioria Tardia’; e 4% ainda estão ‘Atrasados’ na adoção de práticas ESG.
Para Barreto Júnior, Vice-Presidente Corporativo e de Sustentabilidade Empresarial no Cartão ELO, há enorme potencial de Minas Gerais e do Brasil em ESG no mercado, principalmente com a descarbonização. “O Brasil está sentado no maior patrimônio em ativos ambientais do planeta”, afirma. As florestas e a matriz energética limpa dão ao País uma capacidade sem igual em gerar créditos de carbono equivalente às emissões.
Com esse potencial de mercado e know-how, empresas como o Cartão ELO buscam se tornar um “orquestrador de arranjo” dos créditos de carbono e evitar possíveis fraudes, o chamado greenwashing, com a rastreabilidade.
“Crio projetos que consigo classificar dentro desse arranjo e dizer o seguinte: gerou o certificado, faz o projeto, o investidor, e do outro lado posso ‘tokenizar’ isso, que é uma tecnologia que a ELO já usa nos seus meios de pagamento. Garanto de ponta a ponta que esse carbono realmente existe e, quando for utilizado para compensação, não será reutilizado”, finaliza Júnior.
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