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Minas produz sensores capazes de prever chuvas como as do RS

Das 7 mil sob responsabilidade do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), cerca de 4 mil são da Ativa Soluções
Atualizado em 13 de junho de 2024 • 10:39
Minas produz sensores capazes de prever chuvas como as do RS
A Ativa Soluções, de Santa Rita do Sapucaí, é responsável por boa parte das estações de monitoramento instaladas no Brasil | Crédito: Divulgação Ativa Soluções

As chuvas milenares e as trágicas consequências enfrentadas pelo Rio Grande do Sul – com mais de 170 mortos até agora -,  levantaram o debate sobre o monitoramento de áreas de risco e prevenção de tragédias naturais. A utilização de sensores capazes de recolher dados climáticos e prever altos volumes de chuva, secas, cheias de rios e movimentação de solos, entre outras métricas, subsidiando políticas públicas de prevenção e mitigação dos efeitos de eventos climáticos extremos é possível com tecnologia nacional.

Em Santa Rita do Sapucaí (Sul de Minas), no Vale da Eletrônica, a Ativa Soluções produz, há 20 anos, equipamentos capazes de gerar e enviar para a nuvem todos esses dados em tempo real. A empresa atua nas verticais de saneamento, óleo e gás, meio ambiente, energia, telecomunicações, infraestrutura e agronegócio.

De acordo com o fundador da Ativa Soluções, Edson José Rennó Ribeiro, os equipamentos podem ser adquiridos por governos (nos três níveis), empresas e produtores rurais, para monitorar áreas de risco de diferentes portes e características. O projeto leva cerca de 45 dias entre o primeiro contato e a instalação.

“A estação é composta por diferentes tipos de sensores, de acordo com a necessidade do usuário. Desenvolvemos cada projeto de forma customizada, orientando o cliente tecnicamente. Temos como máxima que ‘o que não é monitorado, não é gerenciado’. Isso se torna ainda mais crítico em um país como o Brasil, de proporções continentais e clima tropical, com chuvas abundantes e muitas pessoas morando e empresas instaladas em áreas de risco”, explica Ribeiro.

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Hoje, a empresa é responsável por boa parte das estações de monitoramento instaladas no Brasil. Apenas para o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), cerca de 4 mil são da Ativa Soluções. Outros quase 3 mil equipamentos foram instalados por meios de demais instituições que atuam no monitoramento contra desastres naturais.

Atualmente, o Cemaden tem 25 mil áreas de risco mapeadas. O Brasil, porém, somando os equipamentos gerenciados pelos principais órgãos da área – Cemaden, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Agência Nacional de Águas (ANA) e Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) –, tem apenas 11 mil estações instaladas. Apenas para efeito de comparação, a cidade de Tóquio, no Japão, tem 20 mil conjuntos de sensores em funcionamento.

“Temos muito orgulho da nossa missão de funcionar nas horas mais críticas e salvar vidas de maneira preventiva. Não basta o dado de uma grande mancha, como uma cidade, por exemplo. É preciso recolher dados do microclima para ter um conjunto de informações robustas e uma análise completa”, pontua.

Tragédias impulsionam procura por sensores de chuva

Tragédias como as chuvas no Rio Grande do Sul e o rompimento de barragens de rejeito de minério, em Minas Gerais, em 2015 e 2019, costumam levar a uma corrida em busca de informação e compra de sensores. Recentemente, a Ativa entregou um projeto para a prefeitura de Curitiba (PR) e está em negociação com a prefeitura de Campinas (SP).

Utilizando protocolos e padrões de comunicação internacionais, a empresa está pronta para exportar, mas não tem nesse caminho o seu principal foco. Atender as necessidades do Brasil continua no centro da estratégia da Ativa Soluções.

“Utilizamos sinais de celular e comunicação por satélite para garantir o envio dos dados em tempo real. De nada adianta ter os dados se eles demorarem ou não forem reunidos e analisados. No Brasil essa integralização é feita pelo Cemaden. Temos um mercado gigantesco para atender – tanto público como privado – dentro do Brasil. Infelizmente as tragédias como essas chuvas do Rio Grande do Sul aumentam o número de consultas não só sobre vendas, mas também sobre a manutenção dos sensores. Isso gera oportunidade de negócios não só para nós, mas também para outras empresas do setor, instaladores, técnicos em manutenção, entre outros profissionais”, destaca o fundador da Ativa Soluções.

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