Equidade de gênero avança, mas ainda encontra obstáculos no setor de mineração

Historicamente marcado pela presença masculina, o setor de mineração no Brasil segue implementando medidas para avançar em equidade, diversidade e inclusão. As ações fazem parte de programas de sustentabilidade dentro das organizações e vêm apresentando resultados promissores, conforme o Relatório de Indicadores 2024, apresentado nesta semana pela Women in Mining Brasil (WIM Brasil).
O documento retrata o panorama atual da representatividade feminina no País, assim como de outros grupos minorizados, destacando os avanços, entre eles, a paridade salarial. Em 2022, 64% das empresas monitoravam diferenças de salários entre os gêneros, enquanto em 2024, esse número subiu para 86% – representando um avanço de 22 pontos percentuais em dois anos.
De acordo com a diretora do WIM Brasil, Karen Gatti, o monitoramento é uma ação que busca assegurar que as ações inclusivas transcendam agendas corporativas e se tornem valores centrais dentro das empresas. “O setor mineral precisa de mudanças estruturais para garantir ambientes mais inclusivos, diversos e seguros para todos”, ressalta.
No último ano, o relatório também apresentou avanços na participação feminina na força de trabalho da mineração. De 2023 para 2024, a participação da mulher no setor avançou 1%, o que representa um incremento de 30,7 mil mulheres no mercado.
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Os avanços também persistem em termos de retenção de talentos femininos com uma redução de 5 pontos percentuais no turnover de mulheres. “Essa conquista é importante, pois indica que as empresas estão se esforçando para criar ambientes mais acolhedores e propícios ao desenvolvimento profissional das mulheres”, destaca Karen Gatti.
Também se observa uma maior adesão a treinamentos e capacitações voltados para diversidade, equidade e inclusão. Segundo o levantamento, 88% das empresas capacitam colaboradores a respeito da não discriminação e conformidade a atual legislação, 86% promovem a capacitação acerca da conscientização de vieses inconscientes e 78% realizam treinamentos sobre gerenciamento de equipes diversas e inclusivas.
Além disso, 7 em cada 10 empresas também promovem debates sobre outros temas voltados para o desenvolvimento de competências técnicas da mulher e para uma atuação mais inclusiva nas rotinas de trabalho. As capacitações são feitas na maioria das vezes (83%) por gerentes, seguido por diretores e supervisores (79%).
Desafios ainda persistem

Apesar das conquistas, o relatório WIM Brasil aponta que avanços na inclusão feminina ainda é um desafio que precisa ser enfrentado pelo setor de mineração. Em 2024, por exemplo, houve queda nas promoções de mulheres, tanto em cargos gerenciais quanto operacionais: neste ano 23% dos cargos de gestão são ocupados por lideranças femininas, enquanto em 2023 o número somava 30%.
Em cargos não gerenciais, a representatividade da força feminina dentro das organizações somava 24% em 2023 e neste ano oscilou para 23%. E no que diz respeito à presença de mulheres em Conselhos Administrativos, a participação permanece em 11%.
Conforme a diretora de patrocínios da WIM Brasil, Nathália Gomide, o objetivo a partir de agora é fomentar mudanças deste cenário no Brasil, transformando as informações obtidas em ações concretas. “Uma das ações implementadas pela WIM Brasil é o Café com o Presidente, onde nos reunimos com líderes das organizações de mineração para uma conversa franca e aberta sobre a pauta de diversidade e inclusão”, afirma.
A partir dessas conversas, segundo ela, notou-se que a alta liderança já está começando a enxergar a importância dessa causa, porém, os debates ainda precisam alcançar cargos de diretorias e supervisões. “Se queremos atrair e reter novos talentos e novas gerações, precisamos implementar essas ações para transformar políticas, processos e estruturas dentro das empresas”, conclui.
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