Motiva vende 20 aeroportos, incluindo o BH Airport e o da Pampulha, por R$ 11,5 bilhões
A Motiva, antiga CCR, vendeu os seus 20 aeroportos para o grupo mexicano Aeropuerto de Cancún, subsidiária do Grupo Aeroportuario del Sureste (Asur), por R$ 11,5 bilhões. Entre os ativos envolvidos na transação estão o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte (BH Airport), em Confins, na Região Metropolitana, e o Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, conhecido como Aeroporto da Pampulha, na capital mineira.
A negociação envolve 100% das ações detidas pela Motiva na CPC Holding, veículo que consolida as cotas da companhia em seus 20 terminais — 17 no Brasil e três no exterior, em Curaçao, Equador e México. Do valor total, R$ 5 bilhões correspondem ao equity, ou seja, às participações acionárias da companhia nos aeroportos, enquanto os outros R$ 6,5 bilhões se referem às dívidas líquidas.
O processo competitivo internacional atraiu o interesse de mais de 20 grupos europeus, latino-americanos e asiáticos, superando as expectativas da Motiva. A previsão é que o processo seja concluído em 2026, após a aprovação pelo poder concedente e pelos órgãos de defesa da concorrência.
A conclusão da operação ainda depende da verificação de condições precedentes, incluindo a aprovação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e de credores, além de autorizações regulatórias nas demais jurisdições onde a Motiva Aeroportos atua.
Até a finalização das negociações, a empresa seguirá operando os aeroportos envolvidos, mantendo o quadro atual de colaboradores e garantindo o cumprimento integral dos contratos vigentes e dos investimentos previstos. Vale lembrar que a Motiva havia anunciado, em setembro deste ano, o aporte de R$ 80 milhões em obras de infraestrutura operacional no Aeroporto da Pampulha.
Simplificação do portfólio da Motiva

A venda da plataforma de aeroportos marca mais um avanço na estratégia de simplificação do portfólio da Motiva, com destravamento de valor, anunciada pela companhia no plano estratégico “Ambição 2035”. Segundo a empresa, o projeto prioriza crescimento rentável, seletivo e sinérgico, além de eficiência operacional para gerar valor sustentável.
A empresa é uma das maiores no segmento de infraestrutura de mobilidade do Brasil, com 37 ativos distribuídos por 13 estados brasileiros. Além dos aeroportos, ele também possui 12 concessionárias de rodovias e cinco de trilhos, sendo responsável pela gestão e manutenção de 4.475 quilômetros de estradas.
O CEO da Motiva, Miguel Setas, afirma que o avanço do processo de reciclagem de capital e de simplificação do portfólio amplia a capacidade de investimento nos segmentos estratégicos da companhia, especialmente rodovias e trilhos.
“Essa transação, de alta relevância para a execução do nosso Plano Estratégico Ambição 2035, vai destravar valor em nosso portfólio e simplificar o modelo de negócios, fortalecendo nossa posição para liderar o futuro da mobilidade no Brasil”, afirma. Os recursos serão utilizados para reduzir o endividamento da holding.
Além disso, a conclusão do negócio fará com que a alavancagem consolidada — que considera as controladas juntamente com a Motiva — caia de 3,5 vezes para menos de três, ampliando a capacidade financeira para fazer frente ao pipeline de R$ 160 bilhões em oportunidades mapeadas para os próximos anos nas concessões rodoviárias, ferroviárias e metroviárias do País. A operação também permitirá otimizar a estrutura de capital e melhorar o perfil de risco do portfólio.
O vice-presidente financeiro e de Relações com Investidores e presidente da Motiva Aeroportos, Waldo Perez, destaca que a venda reforça o compromisso da empresa com disciplina de capital e seletividade na alocação de recursos.
“Ao melhorar o perfil do endividamento e praticamente zerar a dívida líquida na holding, fortalecemos nossa capacidade de entregar resultados superiores e de nos prepararmos para capturar as melhores oportunidades no robusto pipeline de concessões no Brasil”, afirma.
Maior transação aeroportuária do mundo

O grupo mexicano anunciou a aquisição dos 17 ativos aeroportuários no Brasil nessa terça-feira (18), ao ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. A empresa tem ampla experiência no setor e já opera nove aeroportos no México e outros sete em países da América Latina.
Para o ministro, a entrada do grupo no mercado brasileiro ampliará as relações comerciais entre Brasil e México e fortalecerá o turismo de negócios e lazer entre os dois países. Ainda segundo ele, o investimento de R$ 5 bilhões por uma operadora internacional demonstra confiança no crescimento do setor de aviação no País.
Costa Filho também destacou que os investimentos dialogam com a agenda do Ministério de buscar ampliar novas concessões no Brasil. Ele ressaltou que o País vive o maior volume de investimentos da história em infraestrutura aeroportuária. “Estamos falando da maior transação aeroportuária em curso no mundo”, declarou.
O ministro ainda ressaltou a possibilidade de ampliar os voos entre os dois países e de incrementar o turismo. Pela posição geográfica estratégica de ambos — ao norte e ao sul da América Latina — Brasil e México podem se consolidar como hubs aeroportuários, conectando Estados Unidos e países sul-americanos.
De janeiro a setembro deste ano, foram registrados 1.375 voos entre Brasil e México, alta de 17% em relação ao mesmo período do ano passado, e 253 mil passageiros transportados, crescimento de 15,4% frente a 2024.
A operação busca oferecer maior dinamismo e diversidade ao setor aeroportuário brasileiro, que passará a contar com mais um operador estrangeiro. Na visão do ministro, a aquisição também reflete a atratividade do setor de transporte aéreo no País, valorizando ativos brasileiros e criando novas oportunidades de negócio para outros aeroportos.
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