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Coluna do Diário do Comércio ‘sai do papel’ e vira movimento feminino de impacto

Na ótica do empoderamento e do apoio entre empresárias, rede quer que mulheres sejam protagonistas de uma sociedade transformadora
Coluna do Diário do Comércio ‘sai do papel’ e vira movimento feminino de impacto
Primeiro encontro foi realizado na sede do Diário do Comércio | Crédito: Dione AS/Diário do Comércio

A sororidade é um conceito que está intimamente ligado ao verbo unir, especialmente quando se trata de mulheres empreendedoras e empresárias. Ao invés de competir umas com as outras, as mulheres devem estar lado a lado, formando uma rede de apoio e de impacto social. É uma rede para ampliar a voz, mas também de escuta. E com essa proposta, surgiu em Belo Horizonte, nesta semana, uma iniciativa para encorajar mulheres à frente dos seus negócios: o movimento feminino “Empreender é Ressignificar”.

“Começamos o nosso encontro aqui na sede do DIÁRIO DO COMÉRCIO com mais de 15 mulheres empreendedoras e empresárias. Foi uma convocação especial a essas mulheres tão cheias de potência para este momento importante que estamos construindo”, celebrou a fundadora da Rede Marianas Mulheres e presidente da Cufa Minas Gerais, Marciele Delduque. Ela, inclusive, há duas semanas, fez a sua estreia no time de colunistas do DIÁRIO.

“Neste mês de maio, o DIÁRIO DO COMÉRCIO ganhou de presente a coluna da Marciele Delduque, e ela traz a ideia de que empreender é ressignificar. Foi quando surgiu a ideia deste café, que é uma troca de experiências entre mulheres, e começarmos o movimento de mulheres potentes e suas histórias”, explica a presidente do DIÁRIO DO COMÉRCIO, Adriana Costa Muls. “Eu acho que é um momento extremamente importante, porque ele nos ensina e nos mostra uma questão muito essencial que perdemos que é a visão do senso do coletivo. Ou seja, todas juntas por todas”, acrescenta.

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Presidente e diretora editorial do Diário do Comércio, Adriana Costa Muls compartilha sobre a sua jornada de ser mulher no ambiente corporativo | Crédito: Giulia Simmons (Diário do Comércio)

O fortalecimento de mulheres empreendedoras é fundamental para a economia, pois elas são responsáveis por uma parcela significativa dos novos negócios no Brasil. Além disso, muitas mulheres empreendedoras e empresárias têm como objetivo gerar impacto social positivo em suas comunidades, promovendo projetos, histórias, mas também inspirando sonhos.

No lugar da dor, a maquiagem soube ressignificar

A empresária, palestrante e proprietária da Schettini Noivas, Luciana Schettini, é prova de que o sonho pode curar dores. Ela conta que desde pequena percebeu que a arte de cuidar da beleza das pessoas era uma forma de enfrentar um estigma. “Quando era muito nova, sofria abusos dentro da minha casa. Porém, como as pessoas sabiam que eu gostava de maquiagem, de desfilar, de teatro, elas batiam no meu portão para serem maquiadas e eu ia com a minha sacolinha de maquiagem”, conta.

Ela lembra que a cada vez que ela pincelava o rosto de alguém se sentia realizada e transformada. “A maquiagem fazia esquecer tudo o que eu sofria. A maquiagem da minha primeira noiva foi quando eu tinha 14 anos. Desde então, o meu objetivo foi ganhar o mundo e sair palestrando, mas não sair com uma sacolinha de maquiagens, mas com uma maleta e inspirar meninas com os seus sonhos para serem grandes mulheres e empreendedoras. Hoje sou uma maquiadora internacional, pois eu não escolhi ser maquiadora. A maquiagem é quem me escolheu”, diz.

Assim como a história de Luciana Schettini, muitas outras mulheres que enfrentaram desafios buscam nos grandes centros, na zona rural ou nas periferias uma jornada no caminho do empreender. Como a desigualdade salarial, a falta de oportunidades e o preconceito racial e de gênero, a união se torna acesso ao crescimento.

“Me sinto muito honrada de estar aqui. Com o convite da Marciele Delduque convidei outra mulheres para estarem aqui também, pois sozinha a gente não vai a lugar algum, infelizmente. São várias barreiras que a gente precisa enfrentar. O fato de ser mulher é difícil, o fato de ser mulher e preta é mais complicado. Mas o fato de ser mulher, preta e da periferia é desafiador ainda mais. Quando juntamos mulheres potentes, saímos mais fortes. Juntas podemos tratar dores que estão escondidas em nós”, ressalta a consultora especialista em Gestão de Negócios de Favela e mentora na Fundação Dom Cabral (FDC), Juliana Morais.

Empreendedorismo feminino é impulsionar a transformação

Para a palestrante e vice-presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Alessandra Alkimin, a troca de ideias e experiências dentro do Movimento “Empreender é Ressignificar” pode ser muito valiosa, permitindo que as mulheres se inspirem e aprendam umas com as outras.

“Quero estar onde há a informação, onde há a troca de afeto, onde exista ternura e construção. Estar aqui ao lado de mulheres é ir além e longe para causar impacto. Precisamos ter essa troca. O que a gente quer com isso? O que a gente quer oferecer uma a outra? É o afeto, a força amiga, a troca que nos impulsiona. Eu quero estar aonde exista a provocação da transformação”, pontua a empresária.

Encontro marcou o início do movimento “Empreender é Ressignificar” | Crédito: Giulia Simmons (Diário do Comércio)

Quando as mulheres empreendedoras se unem, elas são capazes também de estimular a construção de uma reeducação que trabalhe a desconstrução de estereótipos.

“O que eu tento dizer para as mulheres pretas e brancas é o seguinte: Nós precisamos nos unir e sermos uma sociedade antirracista. A minha proposta é que venham vocês a conhecer a nossa história, os nossos sonhos para criarmos uma rede de união com propósito para o letramento racial. A criança, por exemplo, ela não tem racismo. Ela aprende a ser uma pessoa racista. Ou seja, ela já cresce com o preconceito, e isso é algo que precisa ser transformado”, avalia a diretora de vendas do Agora Express e representante do Núcleo Igualdade Racial e Fim da Violência contra as Mulheres, Dalva Domingos.

Durante o primeiro encontro, Marciele Delduque enfatizou a importância das mulheres serem multiplicadoras de um espaço cada vez mais preenchido pela sororidade.

“Eu, uma mulher de Mariana/MG, de um lugar de um desastre, fiz desse estigma uma oportunidade de se reinventar. Hoje, uma empresária que sou me fez chegar aqui ao DIÁRIO DO COMÉRCIO e conseguir ser multiplicadora dessa força e que possamos, juntas, chegar a outras mulheres. Compartilhar entre amigas mulheres, de forma despretensiosa, um elo de rede de potencialidades. Esse espaço se torna um ambiente de escuta e de empoderamento”, afirma. “Esse é um marco para a minha história e para esse movimento nosso que começa agora”, concluiu.

Participaram também do encontro: Aline Profeta (Estúdio Afro Aline Profeta), Cristina Aparecida Pimenta, Dora Pedrosa, Elizabeth Cota, Francine Póvoa (Legacy for Business), Giovana Sacramento, Junia Gabão (Coletivo E), Marina Crespi, Michelle Chalub (Sebrae Minas), Michelle Muls (VÃO Coletivo) e Nataly Dutra (Nataly Sgoviah Conceito).

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