MRV decide reduzir operações até 2025

O grupo mineiro MRV&CO – que engloba as empresas MRV, Urba, Luggo, AHS e Sensia – vai reduzir as operações da MRV Incorporação para recuperar a rentabilidade e o caixa. O plano da empresa, entre 2023 e 2025, é sair gradualmente de cerca de 40 cidades e manter a atuação em São Paulo e nas principais regiões metropolitanas do País. O projeto de alcançar a venda de 70 mil unidades ao ano, lançado há quatro anos, também foi revisado e a meta é ficar na média registrada em anos anteriores, que era em torno de 40 mil.
A mudança de planos se deve aos resultados negativos registrados nos últimos anos. Conforme a prévia operacional da companhia, em 2022, houve uma queda de 14% nas unidades vendidas, somando 33.326 imóveis comercializados em 2022, contra 38.758 no ano anterior. Na mesma base de comparação, foi registrada queda de 2,8% quando considerado o Valor Geral de Vendas (VGV) dessas comercializações.
Durante o “Investor Day 2023”, realizado, ontem, pelo grupo, o CEO MRV&CO, Rafael Menin, explicou que uma série de fatores contribuiu para os resultados negativos. Um deles foi a constituição da MRV&CO – que demandou bastante investimento, tempo e tornou o negócio mais complexo.
Aliado à mudança interna, fatores externos como a pandemia de Covid-19, falta e encarecimento de insumos e a guerra entre Rússia e Ucrânia também impactaram no desempenho da MRV.
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“Apesar do negócio ter se tornado mais complexo com a criação da plataforma de habitação MRV&CO, não tenho nenhuma dúvida que essa escolha, feita em 2019, vai se pagar e vamos ter grandes dividendos futuros. Como qualquer negócio que passa por uma transformação tão grande, é natural que haja desafios. Mas, também passamos por uma pandemia, veio a guerra, enfim, uma conjunção de fatores que fizeram com que o período, que já seria complexo, ficasse ainda mais. Nos últimos três anos, registramos resultados financeiros abaixo da média histórica da MRV&CO”.
Apesar das perdas, Menin ressaltou que a empresa segue otimista e que 2022 foi um ano de início de recuperação. “Plantamos sementes boas, que farão com que a MRV tenha um desempenho diferente nos anos vindouros.
Para a recuperação dos resultados, entre 2023 e 2025, a MRV Incorporações revisou o plano lançado há quatro anos de chegar a 70 mil unidades ao ano. A nova estimativa é manter as vendas em 40 mil unidades.
A operação mais enxuta e estabilizada em 40 mil unidades permite a redução das praças de atuação. Com isso, a MRV vai deixar de atuar em 40 cidades, focando as operações em São Paulo e nas principais regiões metropolitanas, como a de Belo Horizonte.
Lucratividade
Outra estratégia é aumentar a margem de lucro com as unidades. O lucro bruto unitário, até dezembro de 2023, deve chegar a R$ 75.900, uma evolução de 149% frente a dezembro de 2020, quando o lucro bruto por unidade era de R$ 30.441. Em dezembro de 2022, o lucro ficou em 61.772.
Também haverá um aumento do ticket médio na MRV Incorporação. Para 2023, é previsto mais um reajuste no valor médio dos apartamentos, os preços serão reajustados em torno de 5% acima do INCC. No ano passado, o reajuste feito ficou próximo a 25%.O valor médio por apartamento deve chegar a R$ 230 mil no final do ano.
“No momento, a decisão mais prudente é ficar em 40 mil unidades vendidas ao ano, por isso, não precisamos atuar em mais de 100 cidades. Conseguimos alcançar o número ficando em São Paulo e regiões metropolitanas do restante do País. Nossa maior preocupação é em nível operacional, queremos sair de um lucro de R$ 30 mil em 2020 para R$ 75 mil de lucro por apartamento em 2023. Dessa forma, o impacto na geração de caixa é muito maior. A prioridade é rentabilidade e geração de caixa”, explicou Menin.
De acordo com o diretor executivo de Finanças e Relações com Investidores, Ricardo Paixão, com a meta de trabalho focado na recuperação da rentabilidade e na geração de caixa, entre 2023 e 2025, haverá uma operação mais enxuta e busca pela maior eficiência e produtividade.
“Vamos andar de lado nos próximos anos, focados na recuperação da rentabilidade e na geração de caixa. Teremos uma operação mais enxuta para termos maior produtividade e eficiência. Dentro da estratégia de simplificação da operação da MRV, além de sairmos de aproximadamente 40 cidades, vamos oferecer um portfólio mais simples”, disse.
As ações devem fazer com que, em 2025, a MRV tenha recuperado a rentabilidade, obtido ganho em eficiência operacional com redução de custos e aumento dos preços acima do INCC.
Haverá também uma otimização do capital empregado, redução do Capex com terreno e maior foco em compras de terreno através de permutas. O estoque de lotes disponíveis na empresa é suficiente para as metas atuais.
Resultados esperados
Com todas as mudanças e foco na recuperação da rentabilidade e do caixa, a MRV&CO prevê lucro líquido, em 2025, de R$ 1,3 bilhão a R$ 1,6 bilhão. Do valor total, de R$ 700 milhões a R$ 1 bilhão virão da MRV Incorporação, outros R$ 440 milhões a R$ 480 milhões da Resia, de R$ 80 milhões a R$ 100 milhões da Urba e de R$ 55 milhões a R$ 70 milhões da Luggo. A alavancagem da operação no Brasil deve cair de uma faixa de 53,8% a 49,9% em 2023, para 43,1% a 36,1% em 2024 e chegar a 2025 em 28,5% a 19,3% em 2025.
No que se refere à MRV Incorporação é prevista, para 2023, uma receita operacional líquida (ROL) de R$ 6,6 bilhões a R$ 7,2 bilhões, margem bruta de 22% a 24%. Já em 2025, a receita operacional esperada será de R$ 8 bilhões a 8,5 bilhões, a margem Bruta de 30% a 33% e o Lucro Líquido de R$ 700 milhões a 1 bilhão. A geração de caixa deve sair de zero a R$ 200 milhões em 2023 para R$ 600 milhões a R$ 800 milhões.
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