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Mulheres têm avanço notável em cargos de liderança

Participação nos cargos de presidência subiu para 17% em 2023; na edição de 2019, representatividade era de 13%
Mulheres têm avanço notável em cargos de liderança
Equidade de gênero não deixou de evoluir, afirma Ana Diniz | Crédito Divulgação Insper

Muito menor do que o desejável, o avanço das mulheres sobre os cargos de liderança nas empresas nos dois últimos anos ainda pode ser observado por um viés positivo. A conclusão das responsáveis pela quarta edição da pesquisa Panorama Mulheres 2023, considera que em momentos críticos como o vivido durante a pandemia e na longa recuperação que se segue, são as mulheres as mais penalizadas.

O estudo é realizado desde 2017, pelo Talenses Group, em parceria com o Insper. Nesta edição, a participação de mulheres nos cargos de presidência subiu para 17%, quando na edição anterior, de 2019, essa participação era de 13%. Quando comparado à primeira edição da pesquisa, realizada em 2017, houve crescimento de 9 pontos percentuais. Na ocasião, apenas 8% das empresas possuíam mulheres nos cargos de presidência.

Segundo a professora do Insper e coordenadora do Núcleo de Estudos em Diversidade e Inclusão no Trabalho, Ana Diniz, existem motivos para comemoração. Apesar de estarem ainda muito longe do ideal, os resultados mostram que a equidade de gênero não deixou de evoluir mesmo sob o impacto da pandemia e da paralisação das políticas públicas de combate à desigualdade entre homens e mulheres promovida pelo governo anterior.

“Os números são muito ruins, é o copo quase vazio. O mundo ainda não tem países equitativos entre homens e mulheres em lugares de poder. O Brasil está muito mal colocado. Os mesmos 17% que aparecem na iniciativa privada, aparecem na representatividade política. Mas, se existe uma boa notícia nisso tudo, é que tínhamos a impressão de que teríamos um retrocesso pela pandemia, então não ter queda já foi uma vitória, também porque o ambiente para as pautas de gênero piorou muito nesse tempo”, analisa Ana Diniz.

De acordo com a Associate Director, Marketing, Human Resources, & Instituto Talenses Group, Carla Fava, o evento de divulgação dos resultados da pesquisa apontou um fenômeno animador: o aumento da presença dos homens na plateia em 20%, em relação ao mesmo evento realizado há dois anos.

Carla Fava: é importante trazer o protagonismo para as mulheres | Crédito: Thiago Ribeiro

“Esse é um indicador de que essa conversa sobre diversidade passa a não ser só das mulheres. É muito importante trazer os homens para essa discussão e o protagonismo para as mulheres. Com apenas 17% de mulheres na presidência, precisamos falar e convencer os homens porque eles seguem sendo os donos do dinheiro e do poder”, explica Carla Fava.

A pesquisa também mostrou que mulheres presidentes alavancam a equidade de gênero nos cargos de liderança. Em uma empresa na qual a presidência é feminina, por exemplo, a proporção de mulheres em cargos de conselho é 2,7 vezes maior do que nas empresas na qual a presidência é masculina (16% versus 43% respectivamente).

Além disso, mulheres presidentes alavancam a equidade racial nos cargos de liderança. Nas empresas em que a presidência é masculina, 90% da liderança é composta por pessoas da raça branca, nas empresas com presidência feminina esse percentual cai para 75%.

“A pesquisa indica que existe um caminho. Já conhecemos os meios para melhorar. Nas empresas que possuem compromissos formais com a equidade de gênero, a chance de ter mulheres na alta liderança é maior. As políticas estruturadas em ESG têm o mesmo efeito. É um circuito positivo onde políticas estruturadas promovem mulheres, que qualificam as políticas de diversidade”, pontua a diretora associada do Talenses Group.

Quando analisado o segmento de atividade, é observada maior equidade no setor de comércio, seguido pelo setor de serviços, e por último a indústria, com apenas 7% de mulheres na presidência.

A diversidade

que nada mais é do que a inclusão de diferentes perspectivas culturais em uma organização ou sociedade, que podem se relacionar com etnia, gênero, orientação sexual, deficiência, religião ou nacionalidade – segundo as estudiosas, além de uma questão ética e de justiça social, deve ser vista pelas empresas, também, sob o ponto de vista dos resultados dos negócios. Nessa análise estão incluídos: inovação, competitividade, produtividade e imagem perante diferentes públicos.

Durante a pandemia, 50% das empresas com presidência feminina realizaram, durante a pandemia, alguma ação especial para diversidade de gênero e empoderamento das mulheres. Apenas 38% das empresas com presidência masculina realizaram alguma ação neste sentido.

Dentre as principais medidas realizadas, foram citadas: programas com foco na saúde mental e acompanhamento psicológico, com 78%; e adaptações nas políticas de arranjo flexível (horário flexível, home office etc.), com 71%.

“Precisamos enfatizar que diversidade impacta nos negócios e na dinâmica da produção. Tem que haver um engajamento genuíno das organizações. Reconhecimento da sua função social para gerar riqueza não apenas monetária para os sócios. O avanço não é linear. Existe uma disputa. Temos um trabalho de promover essa pauta entre os jovens”, avalia a professora no Insper.

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