Nanotecnologia mineira é utilizada na preservação de frutas

A NanoFood – spin off da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) – deu início à produção de um revestimento baseado em uma nanotecnologia desenvolvida em conjunto pela UFSJ e pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), intitulada “Revestimentos a partir de biopolímeros biodegradáveis associados a nanoestruturas para a preservação de frutas pós-colheita”. A inovação permite prolongar a vida útil de frutas com uma camada externa comestível e sustentável.
Licenciada com exclusividade pela NanoFood, a tecnologia permite que a fruta dure mais de 15 dias, comparado à fruta sem o produto, que começa a estragar em apenas cinco dias aproximadamente. Assim, a inovação oferece benefícios ambientais e econômicos.
O licenciamento da tecnologia ocorreu por meio de um edital de chamamento público lançado no início de 2024 e a titularidade da invenção é compartilhada entre a UFV (30%) e a UFSJ (70%).
De acordo com o CEO da NanoFood, Davyston Carvalho Pedersoli, a nova tecnologia vai permitir que o Brasil exporte um maior volume de frutas e diminua o desperdício interno.
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“O Brasil tem uma grande produção de frutas, mas exportamos pouco porque elas são produtos frágeis. A nossa solução, que é aspergida sobre as frutas durante o beneficiamento, é imperceptível ao olho nu. Ele impede a perda de umidade e a entrada de fungos e doenças. Assim, ele prolonga a vida útil da fruta e consegue aumentar o prazo de validade em até três vezes”, conta Pedersoli.
De acordo com dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de produção de frutas, ficando atrás apenas da China e da Índia. O setor responde por 16% de toda a mão de obra do agronegócio, conforme a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas).
As exportações de fruticultura em 2023 foram de US$ 1,35 bilhão, o maior da série histórica. Desde 2019 as vendas externas brasileiras de frutas suplantam a cifra de US$ 1 bilhão, com um aumento de 24,5% em 2023. O principal destino da fruticultura brasileira é a União Europeia.
A nanotecnologia empregada na proteção das frutas é uma alternativa à cera de carnaúba, hoje aplicada em algumas frutas, mas que é importada e que, em alguns casos, tem a aplicação não recomendada pelo risco de contaminação.
“O nosso produto prolonga a vida útil, preserva a qualidade do alimento, aumenta o brilho natural, inibe a ação de micro-organismos e mantém a firmeza desses frutos por muito mais tempo. A gente consegue aumentar o prazo de validade dos produtos em até três vezes em comparação com o produto in natura. Como diferenciais, o nosso produto não é tóxico, é comestível, biodegradável e aprovado pela Anvisa, FDA e União Europeia. Então, os clientes produtores que utilizam o nosso produto podem fazer o processo de exportação contendo os revestimentos. Esse é um produto brasileiro e com maior eficiência”, pontua.
A unidade produtiva da NanoFood, instalada em no OuroHub, na cidade de Ouro Branco (região Central) , tem capacidade de produção de 18 toneladas do produto por mês, mas já existem planos de expansão da fábrica no próximo ano para 200 toneladas.
Hoje a NanoFood tem duas linhas de produtos: uma linha orgânica e uma não orgânica. E testes já estão sendo feitos para a aplicação em leguminosas e verduras.
“Neste momento distribuímos principalmente para o mercado voltado para laranja, tangerina, maçã, mamão, manga, tomate e outras culturas. Estamos desenvolvendo um produto para leguminosas que já apresenta bons resultados para pimentão, batata e pepino dentre outras culturas. O modelo de vendas é a distribuição para fazendeiros, grandes e médios produtores, e para Packing House (“casa de embalagem”, onde as frutas são recebidas e processadas antes da distribuição ao mercado)”, diz.
Outro objetivo da NanoFood com o uso da nanotecnologia é reduzir os desperdícios e aumentar esse tempo de prateleira dessas frutas para que os produtores consigam entregar frutas de maior qualidade para o supermercado e para o cliente final.
“Estamos desenvolvendo um sistema menor que permite que o pequeno produtor de frutas possa fazer a aplicação da nossa nanotecnologia mesmo sem uma grande infraestrutura”, destaca o CEO da NanoFood.
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