Confira as vantagens e desafios dos empreendimentos sobre rodas

Ir onde o cliente está é uma das vantagens dos negócios itinerantes, que podem ser viabilizados por meio de vários tipos de veículos, como bicicletas, kombis, trailers, food trucks, entre outros. No entanto, esse modelo de negócio também tem desafios, como a falta de previsibilidade financeira e a burocracia para a legalização.
Os negócios mais comuns são os de alimentação e acessórios, mas são vários os segmentos com possibilidade de atuação. É que o formato apresenta algumas vantagens interessantes, entre elas, a oportunidade de testar o modelo de negócio antes de investir uma grande quantia num ponto fixo, por exemplo.
“Esses negócios apresentam um custo menor de manutenção e não podemos deixar de citar a possibilidade de acessar públicos de locais diferentes e manter a sensação de novidade constante”, explica a analista do Sebrae Minas, Viviane Soares.

Mas a especialista pondera que ao optar por um negócio com uma loja física ou do tipo itinerante, o empreendedor deve realizar um bom planejamento, testar o modelo e definir os riscos que está disposto correr. “A pessoa é que precisa definir com qual área se identifica e o quanto conhece daquele negócio”, alerta.
Para ela, é importante que o empreendedor leve em consideração a praticidade e a personalização dos produtos ou serviços que vai trabalhar. “Uma possibilidade de inovação é a pessoa sair do óbvio e trabalhar também com os serviços de manicure, entretenimento, como os cinemas itinerantes e parques, lojas de produtos sazonais, por exemplo, artigos de Natal”, sugere.
Ainda assim, Viviane Soares chama atenção para o fato de que o negócio itinerante não está livre de cumprir as regulamentações do município. “É preciso ter atenção a cada local e cidade que o negócio se instalará. Outro ponto fundamental diz respeito à divulgação, uma vez que a cada momento a atividade estará num local diferente e o público precisa dessa informação”, afirma. Para isso, a presença nas redes sociais é importante, segundo ela.
A analista do Sebrae Minas também frisa que a área financeira desse tipo de negócio requer atenção redobrada, pois se ao levar o negócio para um lugar novo, não há como prever a receita. Já entre os pontos positivos, ela cita a flexibilidade do deslocamento, que permite a participação em feiras e eventos e até o aumento do faturamento oriundo de renda adicional.
“Além disso, como o negócio é itinerante, uma alternativa é a identificação de parceiros que possam preparar o terreno para que a empresa chegue aos consumidores compatíveis com o produto ou serviço que a empresa oferece”, aconselha.
Clima levou empreendedora a buscar loja física
Carolina Coscarelli iniciou sua jornada no empreendedorismo com a modalidade itinerante com uma food bike, em 2015. Depois passou a utilizar uma kombi 1973. “Eu abri o food truck em 2016, na época estava no auge da moda, tinham vários encontros e eventos com eles”, diz. Hoje, ela tem uma loja, a Chocake, no bairro Funcionários, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, e também vende pelo site da empresa.

Ela conta que o food truck é um modelo de negócios com um investimento menor e um retorno mais rápido. “Com a kombi, se eu estacionava em algum local que não estava vendendo, era só fechar e dirigir para outro lugar mais movimentado. Ela fazia o maior sucesso”, lembra.
A empresária concorda que ter um negócio itinerante tem vantagens e desvantagens. Entre os pontos positivos ela cita a facilidade de se locomover, o investimento mais baixo e o retorno mais rápido.
“As desvantagens são todas relacionadas ao modelo de negócio. Para colocar a Kombi em um ponto bom, tínhamos que chegar muito cedo e a logística de armazenar os doces também era complicada. E também dependíamos do clima; se chovia, não conseguíamos abrir e, se estava muito quente, os doces podiam derreter”, diz. Ela acrescenta a burocracia para conseguir a licença, que também é cara, entre os pontos negativos.
A decisão de concentrar os negócios no modelo físico está relacionada com o clima. “Passamos uma temporada de muita chuva e não conseguia abrir a kombi de forma nenhuma. Tomei um prejuízo muito grande na época e decidi migrar para o modelo tradicional”, conta. Porém, a empreendedora não descartou seu food truck. “Hoje ainda tenho a ‘kombinha’ onde faço eventos”, frisa.
Embora há alguns anos os food trucks eram mais comuns pelas ruas de Belo Horizonte, Carolina Coscarelli afirma que o modelo não se esgotou. “Ainda tenho muita procura para eventos de rua com o food truck e acredito que um carrinho bem feito chame muita atenção e ainda fará muitas vendas na rua”, diz. Para ela, é importante é escolher o nicho certo e investir no design atrativo do food truck.
Abrangência é uma das vantagens dos negócios itinerantes
Sherly Kerolley Guimarães Falcão Nogueira, mais conhecida como Zizi, também fala das vantagens de se ter um negócio itinerante. Ela ressalta a possibilidade de alcançar diversos tipos de clientes, além da divulgação da marca. E diz que o negócio permite participar de eventos e feiras, bem como a atuação num ponto fixo.
Ela conta que comercializa seus produtos, como bolo no pote, tortas em fatias, bolo de aniversário, entre outros, numa food bike aos finais de semana. “Frequento feiras, participo de eventos e fico também na portaria do condomínio onde moro. E o melhor, sem se preocupar com o aluguel do estabelecimento. Pretendo ter um food truck, que é um investimento alto para o momento”, afirma.
Antes de se tornar microempreendedora individual (MEI), Sherly Nogueira trabalhou durante 20 anos no mercado de locação de veículos. Um dos motivos que a fez optar pela área foi a possibilidade de acompanhar mais de perto o desenvolvimento do filho. “Foram muitas transformações que me levaram a pesquisar sobre o empreendedorismo. Me encantei com os bolos de pote, vi que era produto que poderia produzir em casa”, lembra.
Em seguida, ela pensou em como seria a sua atuação, que começou em Minas e depois da pandemia passou para o Espírito Santo. “Queria ter um local onde as pessoas soubessem que encontrariam um doce feito com muito amor e também não podia alugar loja. Primeiro, eu pensei em um carrinho de picolé diferenciado, mas quando fui fechar a compra percebi que não me causava emoção. Entrei numa maratona de pesquisa na internet e vi a food bike, que seria a minha lojinha itinerante charmosa”, relembra.

Depois disso, Zizi começou a se especializar, investindo em cursos e se apaixonou pela confeitaria.
A empreendedora explica que ter um negócio itinerante tem suas especificidades e uma delas é o cuidado com a embalagem, que tem que ser bonita, sem deixar de lado as características e cuidados com o produto durante o transporte.
Outro ponto importante é a divulgação por meio das redes sociais. Mas pondera que “o boca a boca continua sendo muito bom”.
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