Empresas adiam compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa

O avanço da agenda climática ainda precisa acelerar para que as empresas consigam reduzir as emissões de gases do efeito estufa e cumprir a meta estabelecida pelo Acordo de Paris em 2015, de limitar o aquecimento global a 1,5°C, tornando-se net zero. Estudo desenvolvido pela empresa de auditoria EY, aponta que 20% dos executivos acreditam que os esforços para a redução das emissões de gases do efeito estufa são suficientes, enquanto, no ano passado, 30% dos entrevistados enxergavam o cenário positivo.
Além disso, o levantamento mostra uma diminuição no número médio de ações que as empresas realizaram como parte da agenda climática em 2023, o que resultou em um aumento de aproximadamente 14 anos no ‘ano-meta’ para atingir as ambições climáticas, passando de 2036 para 2050.
“A pesquisa traz indicadores não tão positivos. Por outro lado o estudo mostra as oportunidades onde devemos focar, lembrando que é necessário o compromisso combinado da sociedade civil, governos e iniciativa privada. há mais otimismo dos líderes com a agenda, quando comparado ao ano passado”, afirma o sócio-líder de sustentabilidade e CSO Latam da EY, Ricardo Assumpção.
Entre as empresas que tomam apenas medidas mínimas para o combate às questões climáticas, o aumento foi de 15% em 2022 para 45% neste ano. Outro retrocesso foi observado nas ações de redução à emissão de carbono e menos investimentos em sustentabilidade. Apesar desse cenário, o estudo mostra que dois terços dos executivos entrevistados sentem que as suas organizações estão fazendo o suficiente para causar um impacto significativo nas mudanças climáticas.
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Para Ricardo Assumpção, são necessárias ações concretas para garantir financiamento para os projetos necessários, indo além de apenas compromissos, principalmente levando em consideração a possibilidade real de o mundo ultrapassar temporariamente o teto de 1,5°C pela primeira vez este ano. “Portanto, a pressão continua forte sobre as empresas para que incorporem sustentabilidade na estratégia corporativa e que existam ferramentas de controle para medir a eficiência das ações que estão em curso. A pesquisa reforça que as empresas que tomam mais medidas para enfrentar as mudanças climáticas criam um valor significativo para os seus negócios, para a sociedade e o planeta no médio e longo prazo”, destaca.
Esse contexto também se reflete nos relatórios financeiros das companhias. De acordo com a pesquisa, as empresas pioneiras que tomam mais medidas para enfrentar as mudanças climáticas têm 1,8 vez mais probabilidade de reportar um valor financeiro superior ao esperado para suas iniciativas climáticas, em comparação com aquelas que colocam essas iniciativas em segundo plano.
Regulamentação pode prejudicar net zero
A complexidade do atual ambiente regulatório é outro fator apontado pelos executivos como desafio para as empresas na transição rumo a uma economia net zero. Porém, o estudo aponta que apenas 22% dos entrevistados pensam nas regulamentações como barreiras às suas iniciativas de sustentabilidade e menos de três em cada dez consideram que os requisitos regulamentares são prejudiciais à capacidade de possuir uma estratégia com foco no longo prazo.
A pesquisa revela ainda que algumas organizações utilizam as regulamentações para obter vantagem competitiva, uma vez que os relatórios integram questões relacionadas ao planejamento de negócios, financeiro, dados, medição e conexão com o conselho.
Emissões de gases do efeito estufa do escopo 3
Para manter o aumento da temperatura dentro de 1,5°C até 2099, as emissões globais de dióxido de carbono devem atingir zero até 2034, o que aumenta a urgência de agir em cima do escopo 3. As empresas estão começando a entender de forma mais profunda os seus perfis de emissões de toda a cadeia de valor.
“Algumas publicaram análises detalhadas das suas emissões de escopo 3, que podem representar, em média, 75% das emissões totais de uma empresa, de acordo com o CDP (Carbon Disclosure Project). Para os setores alimentar, mineração e da construção, esse número pode representar 90% ou mais”, conta Ricardo Assumpção.
As empresas ainda enfrentam dificuldades para definir estratégias que levem à conformidade com as emissões de Escopo 3. O estudo indica que 43% mudaram ou estão nas fases finais de mudança para fornecedores com baixas ou nenhumas emissões, enquanto apenas um terço (33%) concluiu ou estão nas fases finais de exigir aos fornecedores que reduzam as suas próprias emissões e apenas 27% estão ajudando os fornecedores a atingir esse objetivo.
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