Noeh já negocia 150 calçados para bebês por mês

Sentir com os “pés” a areia, a grama, a terra, além de ser uma experiência sensorial transformadora para os bebês que começam a dar os seus primeiros passos, é também uma forma de consolidar a marcha e evitar problemas no futuro. Pensando nisso, a pesquisadora e designer Ana Paula Lage desenvolveu o Noeh, um sapatinho especial para bebês de até 18 meses que simula o andar irregular. Com produção em Belo Horizonte, o calçado já é vendido em todo o Brasil pela internet. Desde 2014, quando começou a ser desenvolvido, até a sua chegada ao mercado, o que aconteceu em fevereiro do ano passado, o investimento foi de cerca de R$ 1 milhão, incluindo um financiamento pelo Senai no valor de R$ 150 mil.
“O Noeh surgiu por um acaso. Eu já trabalhava na indústria de calçados e quando descobri que meu irmão ia ser pai, quis fazer um sapatinho especial para o bebê. Aí comecei a pesquisa e entendi que o desenvolvimento da marcha da criança desde quando ela começa a se equilibrar sozinha até os 2 anos vai interferir na saúde do corpo todo ao longo da vida.
Este período é justamente o que requer mais cuidado com os pés. Na época em que iniciei os estudos, não havia pesquisas sobre isso, não havia mercado. Hoje já tem, por exemplo, uma pesquisa que mostra que mais de 70% das crianças chega aos 7 anos com algum problema nos pés. E há duas hipóteses para este problema: o uso de calçados inadequados e o fato de que o ser humano evoluiu para andar na grama, na terra, na areia, mas as crianças acabam andando mais em superfícies retas e planas”, explica a pesquisadora.
Após as pesquisas, o primeiro protótipo artesanal do produto foi finalizado, mas vencer o prêmio de inovação do Senai em 2016 permitiu desenvolver o protótipo industrial, construir uma máquina de enchimento de palmilha para produção em escala comercial e realizar os testes científicos com bebês, por exemplo, para se comprovar os efeitos do uso do sapato. Em fevereiro de 2017, o produto foi, então, colocado no mercado, via internet.
Hoje, a produção é feita em diversas fases, sendo que a montagem e os detalhes finais são feitos na fábrica localizada no bairro Floresta, aonde funciona também uma loja da marca com cinco colaboradores. A oficialização da unidade como show room da marca Noeh vai acontecer no dia 10 de novembro e já tem trazido bons resultados. Somente ao anunciar nas redes sociais a existência da loja, mesmo antes da inauguração oficial, a venda dos produtos dobrou, passando de dois sapatinhos vendidos diariamente para quatro.
Projeto – O próximo passo é licenciar a marca, conseguir um grande parceiro para revender e distribuir o produto em larga escala. “Assim, vamos conseguir impactar mais crianças, e a chegada de um grande parceiro vai ajudar também a democratizar o acesso, porque atualmente a nossa produção é pequena e o valor para produzir e distribuir acaba ficando muito alto”, explica Ana Paula Lage. A produção é de cerca de 150 sapatinhos por mês e o preço do produto para o consumidor final chega a cerca de R$ 200.
Além disso, a captação de uma parceria para revenda e distribuição dos produtos vai trazer ainda a possibilidade de desenvolver produtos focados no bem-estar e saúde da criança, especialmente na primeira fase da vida. Como pesquisadora, Ana Paula Lage lembra que este é o sentido da marca.
“A gente tem o pensamento, que na verdade é uma tendência mundial, de que o cuidado com a criança precisa acontecer principalmente no início da vida, porque os estímulos saudáveis e habilidades sociais oferecidos e desenvolvidos até os 2 anos é que vão impactar ao longo da vida. Assim, a criança vai se tornar um adulto melhor e mais saudável”, defende.
Outros produtos – A marca conta ainda com outro produto inovador, ainda não divulgado amplamente, justamente por conta da atual capacidade de produção. Trata-se de uma roupinha repelente para bebês. “A Noeh Para Vestir é uma linha de roupas repelentes que pode ser usada mesmo por recém-nascidos. Como os bebês menores não podem usar nenhum tipo de repelente e vacinas para febre amarela, zica, por exemplo, são aplicadas somente a partir dos 9 meses, a criança acaba ficando vulnerável neste período”, conclui.
Outros dois produtos estão em fase de desenvolvimento. Um deles é um coletor de urina neonatal, que permite fazer o exame de urina em bebês desde prematuros extremos até os 2 anos. O outro, que ainda não pode ser divulgado em maiores detalhes, é um sistema que promete diminuir o trauma da separação do bebê e da mãe após o período de licença-maternidade.
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