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Nova regra sobre saúde mental movimenta negócios de bem-estar corporativo

Avaliação obrigatória de riscos psicossociais leva RHs e consultores a buscarem soluções práticas de autodiagnóstico no trabalho
Nova regra sobre saúde mental movimenta negócios de bem-estar corporativo

A gestão de segurança e saúde no trabalho ganhou um novo capítulo no País: a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) obriga, a partir de maio de 2025, que todas as empresas incluam a avaliação de riscos psicossociais – fatores como estresse, assédio e sobrecarga – no seu programa de prevenção ocupacional. A medida, publicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego em novembro de 2024, exige identificação, plano de ação e monitoramento contínuo dos impactos à saúde mental dos empregados.

A mudança chega num momento de estatísticas alarmantes. Em 2024, os afastamentos por transtornos mentais alcançaram 440 mil registros no INSS, mais que o dobro de uma década atrás; ansiedade e depressão lideram as licenças.

De olho nessa nova demanda corporativa, as psicólogas gaúchas Roberta Nascimento e Regina Lopes lançaram o livro-caixinha “Riscos psicossociais” (Matrix Editora). O material reúne 100 perguntas direcionadas à autopercepção e ao debate em equipe. Exemplos:

“Quais tarefas mais drenam sua energia mental no dia a dia?”
“Como a carga de trabalho interfere no seu bem-estar físico e emocional?”
“Você sente apoio suficiente para lidar com pressões e prazos?”

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Segundo as autoras, o objetivo é ajudar profissionais de RH, lideranças e consultores a mapear sinais de adoecimento antes que eles resultem em absenteísmo, queda de produtividade ou denúncias trabalhistas. “Quando um colaborador reflete sobre a relação entre tarefas e qualidade de vida, a organização tem dados concretos para decisões de prevenção”, explica Roberta Nascimento. Já Regina Lopes destaca que o baralho “funciona como ponte entre a exigência legal e a cultura de cuidado, porque incentiva conversas francas sobre estresse, assédio ou falta de autonomia”. Como a ferramenta pode ser usada:

Dinâmicas individuais – o empregado responde às cartas e identifica gatilhos pessoais de estresse.
Workshops de equipe – gestores aplicam as perguntas em roda de conversa para revelar pontos críticos do ambiente.
Diagnósticos de consultoria – psicólogos do trabalho podem incorporar o baralho aos relatórios exigidos pela NR-1.

Especialistas em SST avaliam que instrumentos de linguagem simples aceleram a familiarização das empresas com o tema. “A maior dificuldade será transformar requisitos de lei em rotina de gestão; materiais práticos encurtam esse caminho”, afirma a ergonomista Andréa Moura, consultora em prevenção de riscos psicossociais.

Por que importa a saúde mental?

A NR-1 coloca a saúde mental no mesmo patamar de riscos físicos e químicos.

Ferramentas de autodiagnóstico viabilizam a adaptação de micro e pequenas empresas, maioria no País.
Prevenir transtornos reduz custos com afastamentos e melhora a reputação corporativa.

Com a lei em vigor e os números de adoecimento em alta, iniciativas que transformam obrigações em ações concretas – como o baralho de perguntas – tendem a ganhar espaço no arsenal de bem-estar das empresas brasileiras.

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