Negócios

Novo instituto da UFMG conecta tecnologia, direito e sociedade

Iniciativa integra pesquisa de ponta, formação de profissionais e inovação para enfrentar os crescentes desafios digitais
Novo instituto da UFMG conecta tecnologia, direito e sociedade
O Departamento de Ciência da Computação (DCC) da UFMG será sede de mais um INCT, agora voltado à Inteligência Artificial e à Cibersegurança | Foto: Reprodução AdobeStock

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sediará o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Inteligência Artificial para Cibersegurança (INCT-IACiber), recém-aprovado pelo governo federal. A iniciativa vai integrar pesquisa de ponta, formação de profissionais e inovação para enfrentar os crescentes desafios digitais.

O instituto nasce em um contexto em que a inteligência artificial (IA), ao mesmo tempo em que fortalece a defesa digital, tem sido usada para potencializar ataques virtuais. A tecnologia automatiza invasões em larga escala gera e-mails de phishing personalizados, cria deepfakes para fraudes e torna os crimes mais rápidos e eficazes.

“Nosso objetivo é avançar o conhecimento na interseção entre IA e cibersegurança, capacitar profissionais de excelência e desenvolver soluções éticas e resilientes para proteger infraestruturas críticas, garantir privacidade e apoiar políticas públicas robustas”, afirma a doutora em Ciência da Computação pela Sorbonne e vice-coordenadora do INCT-IACiber, Michele Nogueira.

Com sede em Belo Horizonte, o instituto atuará em rede com universidades brasileiras e internacionais, além de órgãos públicos e empresas. Também buscará integrar áreas como sociologia, direito e psicologia, para consolidar uma abordagem transdisciplinar. “Não basta investir apenas em tecnologia. É preciso conscientizar as pessoas e criar uma cultura de segurança”, acrescenta Michele Nogueira.

O INCT-IACiber terá foco em ações de alto impacto, como detecção de ameaças em tempo real, desenvolvimento de IA explicável e confiável, proteção de dados sensíveis e capacitação em todos os níveis. O trabalho pretende alcançar setores estratégicos como finanças, energia e saúde, considerados altamente vulneráveis.

O lançamento ocorre em meio a um cenário de aumento expressivo de crimes digitais no Brasil. Em 2024, o país foi o segundo com mais ataques cibernéticos do mundo, registrando mais de 700 milhões de ocorrências, o equivalente a 1.379 por minuto, segundo o Panorama de Ameaças para a América Latina. Os ataques de ransomware e phishing lideraram as tentativas de invasão.

Embora o Brasil seja reconhecido pela ONU como referência normativa em cibersegurança, relatório da Brasscom divulgado em julho aponta fragilidade nas empresas: a segurança digital ainda é tratada como prioridade baixa, sustentada por orçamentos fragmentados e estratégias reativas.

A expectativa é que, entre 2025 e 2028, as companhias brasileiras invistam R$ 104,6 bilhões na área, aumento de 43,8% em relação ao período anterior. “O número impressiona, mas esconde uma contradição: muitas organizações só pautam a cibersegurança depois do prejuízo. Isso gera perdas de credibilidade e de negócios”, alerta Michele Nogueira.

O fortalecimento da área também é visto como oportunidade de avanço competitivo. Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que, apesar da última posição em competitividade entre 18 países avaliados, o Brasil tem potencial em inovação e tecnologia. “Investir em IA e cibersegurança é condição para defendermos nossa economia e os direitos fundamentais. O INCT-IACiber será peça-chave nessa construção”, conclui Michele Nogueira.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas