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Novo plano de ação busca impulsionar setor da moda na Grande BH e beneficiar 40 mil empresas

Arranjo Produtivo Local Vestuário reformula estratégias com foco em capacitação, inovação e negócios
Novo plano de ação busca impulsionar setor da moda na Grande BH e beneficiar 40 mil empresas
Foto: Alessandro Carvalho/Diário do Comércio

O setor da moda na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) inicia uma nova fase com a reformulação do plano de ações do Arranjo Produtivo Local (APL) Vestuário, agora batizado de Horizonte das Gerais. Com mais de 40 mil empresas ativas, o segmento movimenta cerca de R$ 10 bilhões por ano, segundo a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), e é considerado um dos pilares da economia criativa mineira.

A nova estratégia foi construída de forma coletiva ao longo de dois anos por entidades como CDL/BH, Sebrae Minas, Sindicato das Indústrias do Vestuário de Minas Gerais (Sindivest), Associação Comercial do Barro Preto (Ascobap), Associação Mineira de Empresas de Moda (Instituto AMEM), Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e Frente da Moda Mineira, além de empresários e profissionais do setor. 

“Promover o crescimento e a produtividade do setor é essencial para a geração de emprego e renda, e reflete de forma positiva em toda a cadeia do comércio nas cidades”, afirma o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo de Souza e Silva.

O objetivo do Horizonte das Gerais é fortalecer a capacitação, a inovação, a sustentabilidade e a competitividade de micro, pequenas e médias empresas de vestuário em 35 cidades, incluindo Belo Horizonte e Sete Lagoas.

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“A sobrevivência e o sucesso da moda na região metropolitana dependem dessa reformulação. O plano foi elaborado com muitas mãos, com o apoio de entidades sérias e é fruto de um diálogo profundo com todos os atores do setor”, afirma o vice-presidente da CDL/BH e coordenador da APL, Fausto Izaac.

Diagnóstico do setor da moda na Grande BH e metas ousadas

Segundo Izaac, o primeiro passo foi mapear as deficiências do setor da moda — da escassez de mão de obra qualificada à burocracia enfrentada por novos empreendedores — e, a partir disso, construir um plano de metas “ousado, estratégico e realista”. A expectativa é que o conjunto de ações impacte diretamente as 40 mil empresas da moda na RMBH em até 12 meses.

Entre as ações previstas estão: 

  • Organização de um calendário unificado de eventos do setor;
  • Capacitações voltadas à qualificação da mão de obra, especialmente na costura industrial;
  • Consultorias para elaboração de projetos para editais públicos;
  • Apoio para inserção de imigrantes no mercado de forma legal e estruturada;
  • Valorização e profissionalização dos empreendedores do chão de fábrica ao varejo.

O plano também prevê mobilização institucional junto ao governo estadual e às prefeituras, buscando ampliar linhas de financiamento, desburocratização e apoio técnico às empresas.

Mão de obra qualificada e inclusão

Um dos gargalos centrais identificados pelo setor é a falta de profissionais qualificados, sobretudo nas etapas de produção. Para enfrentar essa limitação, o APL tem buscado parcerias com Senac, Fiemg/Sindivest e outras entidades para aumentar a oferta de cursos específicos.

Operador de loja
Foto: Adobe Stock

Além disso, diante da presença crescente de imigrantes venezuelanos e bolivianos trabalhando na indústria da confecção da Grande BH, a CDL/BH e outras entidades estão elaborando uma cartilha de orientação tanto para trabalhadores quanto para empregadores, visando garantir contratações seguras e dentro da legalidade.

“Nós temos buscado criar pontes entre empreendedores e trabalhadores imigrantes. É um movimento importante para o setor e para a inclusão social”, afirma Fausto Izaac.

BH quer se consolidar como a Capital da Moda

Com a reestruturação do APL, Belo Horizonte se consolida como a única capital brasileira com três APLs voltados para a moda: vestuário, calçados e bolsas, gemas e joias. A meta é transformar a região no maior polo de moda do país, resgatando inclusive o prestígio de eventos como o Minas Trend e a antiga Minas Mostra Moda, que atraíam compradores do Brasil e do exterior.

“Queremos que a Região Metropolitana, em médio prazo, se consolide como o maior polo de moda do Brasil. Com as capacidades e potencialidades que temos, vamos marcar muitos gols e gerar notícia nacional”, afirma o vice-presidente da CDL/BH.

Apoio ao empreendedorismo e liberdade econômica

Izaac também destaca a adesão recente de Belo Horizonte ao Plano de Liberdade Econômica, que permite, por exemplo, a abertura de empresas em até 700 atividades sem necessidade de alvarás. 

“É um passo importante para desamarrar as vias do empreendedor. O Brasil é muito burocrático, e isso sufoca quem quer produzir. Essa mudança vem em boa hora”, avalia.

O plano Horizonte das Gerais prevê, ainda, ações voltadas à sustentabilidade, à ampliação de canais de comercialização e ao fortalecimento da marca ‘Moda Mineira’ no mercado nacional e internacional.

Moda mineira em expansão

O setor de vestuário e confecção em Minas Gerais é responsável por 13% de toda a produção têxtil do país e emprega milhares de pessoas, conforme dados da CDL/BH. Somente as cidades envolvidas no APL empregam mais de 45 mil trabalhadores diretamente.

“Minas Gerais possui quase um milhão de microempreendedores de comércio de vestuário e acessórios, na fabricação são quase 130 mil. Esses números mostram a força econômica dessa atividade e também as diversas possibilidades de crescimento que ainda podem ser exploradas a partir da capacitação e impulsionamento dessas empresas”, avalia o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva. 

Com a nova fase do APL e o plano Horizonte das Gerais, a moda mineira reforça seu protagonismo nacional e aposta no associativismo, inovação e inclusão como vetores para o desenvolvimento sustentável.

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