OPINIÃO COM INOVAÇÃO | A startup enxuta – Um guia inovador para o empreendedor do século 21

No artigo de hoje, irei abordar um método que vem revolucionando o desenvolvimento e lançamento de produtos e serviços. A Startup Enxuta – The Lean Startup na versão original – de autoria de Eric Ries, busca melhorar o índice de sucesso dos produtos inovadores.
Esse método ajuda a reduzir o desperdício e aumentar a frequência e interação com clientes reais, certificando que as suposições do modelo de negócios serão validadas o quanto antes.
O conceito startup enxuta é baseado em uma filosofia japonesa de administração, chamada de lean manufacturing (manufatura enxuta), criada pela empresa Toyota. Embora a lean manufacturing fosse aplicada para as linhas de produção e montagem em indústrias, o principio é o mesmo, a entrega de valor contínuo e mitigar desperdícios.
A metodologia foi criada inicialmente para startups, mas já é aplicada inclusive em grandes empresas que buscam a experimentação de ideias de forma mais rápida, para que o produto/serviço seja testado e comercializado o quanto antes no mercado.
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Vejo uma semelhança muito forte com o quatro valores do Manifesto Ágil – tema que irei abordar num próximo artigo.
Os indivíduos e suas interações acima de procedimentos e ferramentas.
O funcionamento do software (aqui no caso produtos/serviços) acima de documentação (processos) abrangentes.
A colaboração com o cliente acima da negociação e contrato.
A capacidade de resposta a mudança (o que chamamos de pivotar, que explico na sequência) acima de um plano preestabelecido.
O método startup enxuta carrega cinco princípios que permeiam todo o conceito do livro. Vamos a eles?
1 – Empreendedores estão em toda parte: O conceito de empreendedorismo incluiu qualquer pessoa que visa criar novos produtos e serviços sob condições de extrema incertezas. Isso significa que empreendedores estão por toda parte, e a abordagem de startup enxuta pode funcionar em empresas de qualquer tamanho e porte.
Exemplos clássicos em organizações tradicionais seria o intraempreendedorismo e o ownership (senso de dono).
2 – Empreender é administrar: Uma startup é uma instituição, não um produto, assim, requer um novo tipo de gestão. Muitos têm o sonho de empreender e criar suas startups, mas esquecem que estão abrindo uma empresa com todos os ingredientes que envolvem a administração. A parte sexy de criar uma startup é tentador, mas, empreender vai muito além.
3 – Aprendizado validado: Startups existem não apenas para fabricar coisas, ganhar dinheiro ou mesmo atender clientes. Elas existem para aprender a desenvolver um negócio sustentável. Essa aprendizagem pode ser validada por meio de experimentos frequentes que permitem aos empreendedores testar cada elemento de sua visão de produto.
O conceito de startup enxuta promove o aprendizado contínuo, falhar rápido e barato. Aprender com os erros é fundamental para desenvolver produtos e serviços cada vez melhores.
4 – Contruir-Medir-Aprender: Esse ciclo, na minha opinião, é a cereja do bolo dentro da metodologia. Lembram do antigo PDCA? (Ferramenta de gestão que tem como objetivo promover a melhoria contínua dos processos por meio de um circuito de quatro ações: planejar (Plan), fazer (Do), checar (Check) e agir (Act).
Então, o ciclo CMA veio para deixar ainda mais enxuto este processo.
Construa – A atividade principal de uma startup é transformar ideias em produtos, não é verdade? Então tire a sua ideia do papel e, construa algo que irá entregar valor para o seu cliente.
Mede – Lance o produto o quanto antes no mercado e meça a aceitação do público.
Aprenda – Qual o aprendizado teve? Se deu certo, avance. Falhou? Pivota (mudar o rumo de um negócio que não está tendo o sucesso esperado, com base na própria experiência adquirida com ele).
O CMA é um ciclo muito eficaz para acelerar o lançamento de produtos e serviços, através de feedbacks rápidos e contínuos.
É justamente baseado nesse principio do método startup enxuta, que entra o Mínimo Viável do Produto (MVP).
MVP é a versão mais simples de um produto, que podemos chamar também de versão 1.0, com a quantidade suficiente de funcionalidades para entregar valor para as partes interessadas.
Uma startup enxuta jamais deve buscar a perfeição do produto/serviço logo no lançamento. É preciso ter a visão do produto, mais conhecido como Roadmap, uma espécie de mapa, uma ferramenta visual e descritiva que apontará como será o produto/serviço a cada período de sua evolução e entregas.
Antes feito que perfeito!!! Mas cuidado! Não faça mal feito.
5 – Contabilidade para inovação: Na busca de melhorar os resultados e atribuir responsabilidades, é fundamental medir o progresso, definir marcos, pontos de atenção e priorizações do projeto.
É nessa seara que vários empreendedores falham e entram no vale da morte. Como citei anteriormente, focam exclusivamente na parte cool e hyper de criar uma startup com ideias super inovadoras, mas esquecem da parte de gerenciamento e mensuração dos resultados.
Parafraseando o mestre da qualidade, William Edwards Deming: “O que não pode ser medido, não pode ser gerenciado.”
Bem, entendendo esses cinco princípios já seria um excelente passo para começar a aplicar a metodologia startup enxuta, no lançamento de novos produtos/serviços.
Vale reforçar, o método pode ser aplicado em qualquer tipo de empresa, não somente para startups.
Caso queira se aprofundar no tema, sugiro vivamente ler essa belíssima obra de Eric Ries.
A startup enxuta é certamente um guia inovador para o empreendedor do século 21.
O futuro é agora.
Até a próxima!
Bruno de Lacerda.
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