Fabricantes testam novidades e estratégias para vender mais ovos de Páscoa

Para puxar o crescimento nas vendas de ovos de Páscoa em 2024, as fabricantes seguiram o roteiro de outros anos, com lançamentos, brindes e ações especiais. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), 115 novos produtos foram colocados no mercado. Ao todo, 58 milhões de ovos de chocolate foram colocados à venda.
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Nestlé e Garoto, por exemplo, colocaram 21 produtos inéditos nas lojas. São novos os produtos Negresco, Talento Meio Amargo e Passatempo, por exemplo.
A Nestlé investiu em produtos temáticos que não são ovos de Páscoa, como as embalagens de trufas de Alpino em diversas variações, de KitKat e o coelho de chocolate desse último.
A Lacta lançou barras e caixas com mensagens como “te adoro” e “felicidades”, dentro de uma estratégia de ter a opção de presente mais acessível a mão, além do tradicional ovo.
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“Pelo menos 1/3 dos brasileiros receberam presentes na Páscoa do ano passado. Nossos consumidores, cada vez mais, estão mixando ovos e produtos da linha regular”, diz Fabíola Menezes, diretora de marketing de chocolates da Mondelez, dona da Lacta.
No portfólio da companhia, a estrela deve ser o sonho de valsa, tanto o bombom quanto os ovos de Páscoa, vendidos em dois tamanhos (277 gramas e 357 gramas). A Lacta prevê vender de 5% a 10% mais até o fim da campanha deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado.
A companhia também investiu em parcerias com redes varejistas – envelopou uma unidade do Oxxo em Campinas, criou uma “loja dentro da loja” no Assaí da rodovia Anhanguera e criou uma ação de vendas online com o grupo Muffato, do Paraná.
A Ferrero Rocher incluiu na cesta para a data uma versão de seu ovo em uma caixa dourada, acenando ao apelo de itens presenteáveis.
Jaime Recena, presidente-executivo da Abicab, diz que a indústria tem investido em receitas incorporando frutos brasileiros, em novas embalagens e temáticas e opções com maior teor de cacau (ainda que, na média, o brasileiro goste mais do chocolate ao leite, que tem mais açúcar). “Esse é o predominante do paladar brasileiro, você tem uma crescente com opções de chocolates mais intensos”, afirma.
A Arcor, além da tradicional Tortuguita (que será vendida com brinquedos como distorcedor de voz e headphone), terá dois lançamentos, ovos feitos com a linha premium colocada no mercado em 2023, cuja receita tem mais cacau. Os dois – Arcor Special e Inspiration 70% Cacau – integram uma nova estratégia de posicionamento da empresa.
A marca espera crescer 10%, diz Anderson Freire, diretor de marketing, pesquisa e desenvolvimento da Arcor. A Páscoa representa 20% dos negócios em chocolates da companhia, que investe alto em licenciados, como os personagens Masha e o Urso e referências ao jogos Authentic Games e Free Fire –esse último virá com canecas inspiradas nas patentes do jogo.
Expectativa otimista para as vendas deste ano
As expectativas da indústria e do varejo estão positivas para as vendas de Páscoa neste ano. A menor pressão dos juros sobre o crédito, o desemprego menor e a inflação sob controle deram mais segurança a quem produz e a quem vende.
A Abicab calcula que a produção de ovos de Páscoa para a data em 2024 tenha sido 17% maior do que a do ano passado.
Aumento de preços de ovos de Páscoa e chocolates
Os preços de barras e bombons acumulam alta de 3,63% no último ano, segundo projeção da XP com base no IPCA (inflação oficial). Apesar da alta, o aumento é menor do que o registrado um ano antes.
Na avaliação do economista da XP Alexandre Maluf, os preços mais altos respondem ao aquecimento da demanda e à elevação da cotação do cacau, que atingiu níveis recordes no últimos dias, mas que já vinha crescendo desde o ano passado.
Entre os itens típicos de Páscoa, Maluf destaca que a inflação de pescados (2,68%) e bacalhau (0,46%) está abaixo da variação do grupo alimentação no domicílio (2,45%), enquanto o azeite, cuja produção caiu devido a questões climáticas, está 40,07% mais caro do que há um ano. (Fernanda Brigatti)
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