País passa a mensurar um dos tópicos da sigla ESG

Entre os pilares da sustentabilidade – meio ambiente, social e governança -, o social é, talvez, o mais difícil de ser mensurado. Entender o quanto as empresas estão comprometidas e efetivamente agindo com o propósito social não é tarefa fácil. Por isso, a construção de métricas é tão importante. Elas permitem que as empresas sejam avaliadas e possam compor um caminho de aperfeiçoamento.
Em junho, o Instituto Olga Kos (IOK) teve a sua Escala Cidadã Olga Kos (Ecok) acreditada pela Coordenação Geral de Acreditação (Cgcre), do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), mas só agora ela começa a ficar conhecida.
De acordo com a CEO da ICV Brasil – certificadora associada à Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade -, Suzete Suzuki, a métrica foi estabelecida por pesquisadores do IOK a partir de normas e regulamentos nacionais e estrangeiros voltados para o “social”.
“A Ecok foi validada pelo Inmetro e pode ser utilizada por empresas de todos os portes e setores. A aplicação começa por meio de um questionário binário porque a adequação não tem meio termo. A partir disso, é realizada uma auditoria que distribui pontos em percentuais, que geram selos de acordo com o desempenho daquela empresa. Assim, a Ecok não é uma métrica punitiva mas, sim, evolutiva”, explica Suzete Suzuki.
As empresas interessadas na Escala podem obter o reconhecimento em quatro níveis: Potencial Inclusivo Latente (duas estrelas), Potencial Inclusivo Emergente (três estrelas), Orientação Inclusiva (quatro estrelas) e Plenamente Inclusiva (cinco estrelas). Apenas as organizações que alcançam o último nível conseguem o certificado com acreditação do Inmetro, enquanto os demais níveis recebem um selo do próprio Instituto Olga Kos.
A métrica possui cinco variáveis, 20 indicadores e 37 requisitos que avaliam o quanto a empresa é inclusiva e também se os seus ambientes de trabalho estão adaptados a todos os tipos de diferenças, sejam elas de gênero, idade, deficiência, etnia, religião, nacionalidade, orientação sexual ou qualquer outro fator de exclusão. As cinco variáveis são:
Arquitetônica: refere-se à eliminação das barreiras ambientais e físicas nos diferentes ambientes e equipamentos que compõem a organização. Como resultado, a preocupação da organização com o bem-estar de seus colaboradores influi diretamente nos resultados que o mesmo deriva para a empresa.
Atitudinal: refere-se à percepção do outro sem preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações nas relações pessoais e profissionais dentro da organização. Ela parte do pressuposto de que um clima harmonioso e rotina saudável no trabalho constituem elementos chave para a inclusão. Assim, a acessibilidade significa um tratamento respeitoso e amistoso, evitando traços de violência simbólica e bullying, e cultivando hábitos de aceitação e a construção de vínculos honestos e empáticos.
Comunicacional: Refere-se à eliminação de barreiras na comunicação interpessoal, escrita e virtual.
Metodológica: Esta variável refere-se à eliminação de barreiras na orientação/instrução presentes em programas de capacitação e treinamento envolvendo os colaboradores de uma organização de acordo com os métodos e técnicas de trabalho.
Programática: A variável programática de uma organização corresponde ao retrato de sua missão, visão e de seus valores. Ela diz respeito à materialização deste pilar na forma pela qual ela apresenta suas políticas, organiza suas rotinas, elenca suas prioridades, valoriza seus colaboradores, aprecia e avalia projetos, se relaciona com o seu entorno, com os seus clientes e fornecedores.
A certificação deve ser renovada anualmente , mas as empresas que quiserem subir de nível podem antecipar esse prazo.
“A certificação é uma forma de proteger o mercado daqueles que só dizem, mas não fazem. Se no campo do meio ambiente temos o greenwashing, no social podemos dizer que temos, igualmente, o ‘socialwashing‘. Com isso, as empresas têm os ganhos já conhecidos como marcas mais fortes, capazes de atrair mais consumidores e conquistar mais investimentos e financiamentos mais baratos, como outros, como seguros mais baratos e atração e retenção de mão de obra qualificada”, analisa a CEO da ICV Brasil.
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