Panetone fica menor e preço aumenta em 2022

São Paulo – As fornadas de panetone para o Natal de 2022 começam a sair neste mês em direção aos supermercados de todo o País. O consumidor mais atento vai perceber que, no lugar das tradicionais versões com frutas ou gotas de chocolate de 500g, as prateleiras estão tomadas por panetones de 400g.
Também há versões do produto em 300g e até panetone em pedaços. Por outro lado, segundo varejistas e fabricantes, os preços estão, em média, 20% maiores em relação aos do ano passado.
De acordo com os fabricantes, o aumento do custo das embalagens e dos insumos, especialmente farinha de trigo, manteiga, chocolate e uva passa, respondem pela alta do preço bem acima da inflação, que foi de 8,7% no acumulado dos últimos 12 meses até agosto, segundo o IPCA.
O movimento de encolher a versão tradicional do panetone busca justamente fazer o produto caber no apertado orçamento do consumidor. É um formato que começou a ser oferecido há cerca de cinco anos, mas que agora se tornou dominante no varejo.
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“Dados da consultoria Kantar mostram que, em 2021, tivemos um aumento expressivo de 21% nas vendas em volume, com mais fabricantes diminuindo o tamanho das versões, de 500g para 400g”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi),Cláudio Zanão.
A oferta de opções menores e mais em conta deve se repetir este ano, segundo Zanão. “O bolso do brasileiro não é elástico. Ele ama panetone, mas muitas vezes não consegue pagar e precisa encontrar versões mais baratas”, diz o executivo. Por conta do contexto econômico, porém, a Abimapi prevê alta de apenas 3% em volume no Natal deste ano.
A marca Casa Suíça, comprada há dois anos pela fabricante de biscoitos Marilan, lançou este ano uma embalagem de 100g com pedaços de panetone (R$ 12,99) e um kit de 135g de pão de mel (R$ 9,99).
“São opções de presente mais econômicas para o Natal”, diz o presidente da Casa Suíça, Sérgio Tavares, que espera vender 25% mais neste fim de ano.
Marcas regionais – Segundo o consultor da indústria alimentícia Reinaldo Bertagnon, marcas menores, regionais – como Romanato, do interior de São Paulo, Roma e Siena (do Paraná) – foram as primeiras a oferecer o panetone em versões menores, de 400g.
“Os grandes fabricantes perceberam que estavam perdendo mercado para estas marcas que vendiam o panetone mais barato e procuraram se ajustar”, diz ele, que soma 30 anos de experiência na indústria de panificação. “Foi o mesmo movimento observado na indústria de chocolates, que passaram a oferecer tamanhos menores.”
No Norte e Nordeste do País, por exemplo, onde o tíquete médio é menor, a marca Bauducco tem embalagens de 400g. Nas demais regiões do País, a fabricante trabalha suas outras marcas – Visconti e Tommy, de preços mais competitivos – com produtos de 400g. Com Bauducco, Visconti e Tommy, a Pandurata Alimentos é dona de cerca de dois terços do mercado nacional de panetones.
“Agora já vemos alguns fabricantes regionais partirem para o panetone de 300g, como a De Panes, que começa a chegar em São Paulo”, diz Bertagnon, referindo-se à fabricante com sede em Santa Bárbara d’ Oeste (SP). Na capital paulista, o produto é vendido, por exemplo, na rede Supermercados Chama, a R$ 6.
“Procuramos montar um mix de panetone tradicional de frutas, que vai de R$ 6 a R$ 20, considerando os tamanhos de 300g a 500g”, diz o diretor da Supermercados, Chama Fábio Iwamoto. A rede, com 15 lojas na Grande São Paulo, espera vender 20% mais no Natal deste ano – “apesar do aumento de preços de algumas marcas, que chegou a 30%”, diz o executivo.
Na Panco, a diminuição de 500g para 400g foi feita há cerca de cinco anos. “Nós fomos uma das primeiras fabricantes a fazer essa mudança”, diz a gerente de marketing da Panco, Paula Marques. “É uma maneira de reduzir custos e oferecermos preços mais competitivos”, afirma a executiva. Os panetones com esta gramatura têm preço sugerido entre R$ 16 e R$ 19.
A Wickbold desembarcou no mercado de panetones no ano passado, com uma produção terceirizada. Mas no final de 2021 comprou uma fabricante de bolos em Guarapuava (PR), a Delimyll, e fez os ajustes para começar a produção própria, com distribuição nacional.
O aumento de preços em relação ao ano passado gira em torno de 20%, segundo Wickbold. João Diogo, diretor da Village, reitera a pressão no preço dos insumos e embalagens. “Só a uva passa aumentou mais de 50%, em dólar”, afirma Diogo, que importa o produto da Argentina.
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