Paulo Beirão é o mais novo professor emérito da UFMG

O cientista Paulo Sérgio Lacerda Beirão recebeu o título de professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em cerimônia conduzida pela reitora Sandra Regina Goulart Almeida, no auditório da Reitoria, no campus Pampulha.
Docente titular aposentado do Departamento de Bioquímica e Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Beirão foi pró-reitor de Pesquisa da UFMG (1998-2002), responsável pela criação do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Ieat) e pelo projeto do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec).
“O título de professor emérito é uma enorme honraria, e entendo que contém também um delicado convite para continuar colaborando com a universidade, o que aceito de bom grado”, declara.
Beirão foi presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) de 2020 a 2023, ano em que recebeu a medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico, que reconhece personalidades, pesquisadores e outros agentes que se distinguem por suas relevantes contribuições prestadas à ciência e à tecnologia.
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Em março de 2024, foi eleito imortal da Academia Mineira de Letras (AML) e passou a ocupar a cadeira número 34 da instituição, representando a linha de acadêmicos dedicados à carreira científica. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) desde 2004 e atuou como conselheiro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), entre outros órgãos.
“O professor Beirão tem uma história de importância indiscutível para a ciência na UFMG, em Minas Gerais e no Brasil. Sem dúvida, sua maior contribuição tem sido no sentido de fomentar a área, de apoiar, inovar e se dedicar integralmente para garantir um cenário científico nacional de relevância. Sempre lutou pela garantia de recursos financeiros e pelo apoio governamental”, afirma o diretor do ICB, professor Ricardo Gonçalves. Ele ressalta que, mesmo ocupando cargos de expressão fora da universidade, Beirão nunca perdeu o vínculo com a instituição e com a unidade, onde integra atualmente o comitê gestor do mestrado profissional em ensino de biologia (ProfBio).
Educação para a cidadania
O professor Jader Cruz, do Departamento de Bioquímica e Imunologia, responsável pela indicação de Beirão para o título de emérito, destaca a atuação dele em defesa da universidade pública e do ensino de qualidade. “Antes de tudo, trata-se de um educador, de uma pessoa que sempre se preocupou com a formação de estudantes da graduação, da pós-graduação. Ele também desempenha um papel muito relevante na educação para a cidadania, para a formação de cidadãos”, completa Cruz.
O colega lembra que Beirão sempre promoveu a aproximação entre a comunidade científica e universitária e a sociedade, por meio de projetos de extensão. “Ele foi o idealizador do projeto UFMG & Escolas, voltado para estudantes do ensino médio, preferencialmente do ensino público e das periferias, e também para professores de biologia, de física, de química, que vêm para a Universidade e passam duas semanas fazendo experimentos científicos”, descreve.
Estudos transdisciplinares
Beirão teve papel decisivo na criação BHTec, concretizada em 2012, como reforça o CEO do parque tecnológico, Marco Crocco. “Foi ele que patrocinou a ideia e deu todo o suporte institucional na posição em que estava, enquanto pró-reitor de pesquisa, para que o plano prosperasse”, lembra, acrescentando que mais tarde, como conselheiro de administração, Beirão contribuiu para a consolidação do ecossistema de inovação enquanto tal, a partir de 2019.
Como pró-reitor, na gestão do professor Francisco César de Sá Barreto, Beirão ainda presidiu a comissão responsável pela criação do Ieat. “É graças ao empenho, à competência do professor Beirão e ao seu apreço pelo Ieat, que há 25 anos o instituto tem sido um importante agente catalisador dentro da UFMG, apoiando a pesquisa transdisciplinar e contribuindo para a disseminação de novas ideias e metodologias, na busca por soluções justas e sustentáveis para os desafios contemporâneos”, declara a chefe da secretaria executiva e autora de uma dissertação de mestrado sobre a história do instituto, Aretusa Duarte.
Como pesquisador, Beirão foi um dos pioneiros no estudo da eletrofisiologia celular no País e de mecanismos de ação de neurotoxinas animais – substâncias venenosas que agem principalmente no cérebro e nos nervos periféricos -, em especial da aranha Phoneutria nigriventer, conhecida como armadeira. Também foi um dos primeiros a adotar a técnica de patch clamp, importante para elucidar como essas neurotoxinas causam a dor.%
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